México: 27 anos do Levante Zapatista
Como estão os povos indígenas?
A maior conquista do EZLN foi a dignidade dos povos indígenas, mas a luta por melhores condições sociais continua. O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) foi formado há 27 anos em Chiapas com o objetivo de defender a democracia, a liberdade e a justiça e alcançar melhorias sociais para os indígenas e camponeses do México. Sua primeira aparição pública foi em 1º de janeiro de 1994. Desde então, seu objetivo não arrefeceu.
Situação dos indígenas
Sua maior conquista, desde então, foi a gradativa dignificação dos povos indígenas. Além disso, o governo do EZLN está dividido em cinco regiões autônomas em Chiapas para dar maior apoio às comunidades indígenas por meio da educação, saúde e projetos produtivos. No entanto, o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revelou que, desde 1988, não houve avanços reais nas condições de vida das comunidades indígenas em Chiapas. Atualmente, as comunidades indígenas zapatistas têm uma taxa de pobreza extrema de 70 por cento, segundo o Conselho Nacional de Avaliação da Política de Desenvolvimento Social do México (Coneval)
Origem do Levante Zapatista
O EZLN nasceu em 1983, em homenagem ao herói e destacada figura da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata. Sua aparição pública em 1º de janeiro de 1994 surpreendeu o mundo inteiro e ficou conhecida como Levante Zapatista. Os combates duraram 12 dias e deixaram dezenas de zapatistas mortos, mas a batalha permitiu que se abrisse um processo de diálogo sobre os direitos à liberdade, terra, moradia, educação, saúde e emprego exigidos pelos indígenas e camponeses de Chiapas. Assim, em 1996, o EZLN e o governo federal firmaram os acordos de San Andrés sobre “Direito e Cultura Indígena”. O Estado deveria reconhecer constitucionalmente os povos indígenas e sua autonomia. Os zapatistas também conseguiram criar o Congresso Nacional do Índio (CNI) em outubro de 1996.
AMLO e o EZLN: simpatia e colapso
O rompimento da relação entre o atual presidente do México e o Comandante Marcos, dois líderes da esquerda mexicana remonta a 2005, quando López Obrador despontava pela primeira vez, como candidato do PRD à presidência da República. Em 2018, durante a campanha que conduziu AMLO à vitória eleitoral, ocorreu novo confronto entre Marcos e Andrés Manuel López Obrador. Depois que María de Jesús Patricio “Marichuy”, candidata indígena independente, não conseguiu as assinaturas necessárias para conseguir sua candidatura, o Conselho Nacional do Índio (CNI), entidade ligada ao EZLN, decidiu que não apoiaria Obrador na eleição de 1 julho. Anunciado o triunfo de Andrés Manuel López Obrador como presidente, o EZLN publicou um comunicado assinado pelos Subcomandantes Galeano e Moisés em que asseguravam que o novo governo iria decepcionar. A disputa mais recente entre os dois dirigentes resultou do anúncio da construção do Trem Maia, uma das principais obras do governo AMLO. Em meados de dezembro, o Exército Zapatista denunciou que a consulta aos cidadãos para a aprovação do Trem Maia, que ligará vários municípios do sudeste, foi uma “simulação”.
A história do EZLN é complexa e foi marcada por transformações, fraturas e reformulações ao longo de mais de vinte anos de existência. Desde a mudança em relação à tese pela transformação social e à luta armada, até a consolidação de um projeto cuja centralidade são os povos indígenas e, posteriormente, o questionamento ao capitalismo neoliberal e a mobilização por uma nova democracia, para muitos, o EZLN continua sendo um símbolo de resistência e luta indígena no México e no mundo.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Fonte: TeleSUR e Resumen Latinoamericano
https://www.resumenlatinoamericano.org/…/mexico-26…/