Os psicólogos projetaram as técnicas de torturas da CIA

A CIA pagou 80 milhões de dólares a uma firma que recomendou técnicas como o “submarino” e enterros simulados. Conheça os dois ideólogos

Por Matt Spetalnick, da agência Reuters – 10.12.2014, 20:53 hs – ATUALIZADO às 21:04

A CIA pagou 80 milhões de dólares a uma firma dirigida por dois psicólogos da Força Aérea sem experiência em interrogatórios ou na luta antiterrorista, que recomendaram técnicas como o “submarino”, bofetadas no rosto e enterros simulados para prisioneiros suspeitos de terrorismo, segundo um informe do Senado dos Estados Unidos.

Os dois psicólogos são mencionados no relatório com os pseudônimos de “Dunbar” e “Swigert”, porém foram identificados por fontes da inteligência estadunidense como James Mitchell e Bruce Jessen.

A CIA subcontratou mais de 80% de seu programa de interrogatórios à empresa Mitchell Jessen & Associates de Spokane, Washington, por seu trabalho desde 2005 até o término do acordo em 2009.

A CIA também pagou à companhia um milhão de dólares para protegê-la e a seus empregados de responsabilidades legais.

O relatório do Senado questiona a capacitação dos psicólogos e os acusa de violarem a ética profissional ao projetarem um sistema que Dianne Feinstein, presidenta da Comissão de Inteligência do Senado, disse que levou à tortura de alguns detidos da CIA.

“Nenhum dos psicólogos tinha experiência como interrogador nem tinha conhecimento especializado do Al Qaeda, antecedentes na luta contra o terrorismo ou qualquer experiência cultural ou linguística relevante”, segundo o informe.

No incidente em uma prisão secreta no ano de 2003, Abd al-Rahim al-Nashiri, capturado em 2002 e suspeito de ser o autor intelectual do ataque contra o USS Cole, em Adén, em 20020, foi submetido várias vezes ao “submarino”, teve de permanecer com as mãos na cabeça por várias horas e foi ameaçado com os olhos vendados, com o zumbido de um furadeira elétrica próximo a sua cabeça.

Alguns membros da CIA que participaram do interrogatório concluíram que Nashiri não estava retendo informação significativa sobre planos terroristas.

Inclusive depois disso, um psicólogo presente requereu que Nashiri fosse submetido a métodos mais agressivos para induzir ao “nível desejado de impotência”, segundo o relatório publicado na terça-feira. O informe não diz se o psicólogo que fez a recomendação foi Mitchell ou Jessen.

O chefe de interrogatórios da CIA se mostrou tão consternado quando recebeu o plano proposto pela firma que enviou um e-mail a seus colegas dizendo que o programa era um “choque de trens” a ponto de ocorrer, e que já não queria ser associado com ele, disse o relatório.

“Por que não me deixam em paz?”, disse Mitchell, que vive aposentado no estado da Flórida, a um jornalista da Reuters ao ser contatado por telefone na terça-feira. “Nem sequer pode confirmar ou negar se estive envolvido. Fale com a CIA”.

Mitchell disse em abril, segundo citações reproduzidas pelo jornal britânico The Guardian, que não tinha nada pelo desculpar-se, e que “fez o melhor que pode”. Seu antigo, Jessen, não pode ser contato para fazer comentários. (Relatório adicional de Mark Hosenball em Washington e David Adams em Miami. Editado em espanhol por Carlos Aliaga).

Fonte: http://www.elobservador.com.uy/noticia/293853/los–sicologos-que-disenaron-las-tecnicas-de-tortura-de-la-cia/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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