A intensificação dos antagonismos imperialistas na região do Mediterrâneo Sudeste e dos Bálcãs. A posição do KKE sobre a possibilidade de envolvimento da Grécia em uma guerra imperialista

(Partido Comunista da Grécia – Revista Comunista Internacional)

A guerra não ocorre por acaso. Não é um “pecado”, como creem os sacerdotes cristãos (que pregam o patriotismo, o humanismo e a paz tão mal quanto os oportunistas), mas uma etapa inevitável do capitalismo, uma forma da vida capitalista tão natural como é a paz. A guerra de nossa época é a guerra dos povos. Desta verdade não surge a conclusão de que devemos nadar por onde vai a corrente “popular” do chauvinismo, mas que também no período de guerra continuam existindo e se manifestam as contradições classistas que dividem os povos”.

V.I.Lenin*

O Partido Comunista da Grécia (KKE), que se mantém fiel ao Marxismo-Leninismo e ao internacionalismo proletário, a partir de sua avaliação também se ocupa da questão da guerra. A possibilidade da guerra e o envolvimento da Grécia nesta foi um tema particular no último encontro, o XIX Congresso do KKE (11-14 de abril de 2013). Na Resolução Política se dão orientações importantes a respeito da preparação do Partido ante esta possibilidade, já que todos os acontecimentos justificam plenamente Lenin, que destacou que a guerra é uma “fase inevitável do capitalismo, uma forma da vida capitalista que é tão normal quanto a paz”. A “paz” imperialista prepara novas guerras imperialistas. O KKE não se limita a repetir as verdades leninistas, mas as utiliza como base para analisar os procesos socioeconómicos e políticos específicos de nossa ampla região, que são explosivos e criam uma situação muito perigosa para a vida dos trabalhadores. O artigo tratará este enfoque do KKE.

1. A região é um “imã” de contradições interimperialistas

No século XIX, a região dos Bálcãs (hoje existem 11 Estados e o protetorado de Kosovo) se caracterizava como o “barril de pólvora” da Europa devido às fortes contradições e aos conflitos militares. Por trás destes, estavam as grandes potências de então, que pretendiam se beneficiar da crise do Império Turco-Otomano feudal e do surgimento de Estados nacionais burgueses em seu lugar, cujas fronteiras eram constantemente questionadas. De fato, uma situação similar se formou no terreno do Império Turco-Otomano no Oriente Médio depois da Primeira Guerra Mundial, onde se introduziram e se reforçaram as relações de produção capitalistas e se traçaram fronteiras. Depois da Segunda Guerra Mundial, foram criados novos Estados burgueses “nacionais” (aproximadamente 20) e se intensificaram as contradições entre as potências fortes.

Os últimos anos, após os acontecimentos contrarrevolucionários e a derrocada do socialismo na URSS e nos países do Leste Europeu, a região do Sudeste Mediterrâneo (Oriente Médio) e dos Bálcãs sofreu a intervenção imperialista na Iugoslávia[1], no Iraque[2], na Líbia[3]. Assim, desde 2011 até a presente data, está em desenvolvimento a intervenção imperialista dos EUA, da França e da Grã-Bretanha na Síria, onde, com a ajuda principalmente da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes, da Turquia, do Qatar, etc., pretendem derrotar o regime de Assad, novamente com o pretexto da “promoção da democracia”. Nós, trabalhadores, antes de tudo comunistas, não podemos de forma alguma aceitar que os EUA e a OTAN, que são responsáveis por tantas ditaduras e massacres, pretendam salvaguardar os direitos democráticos e as liberdades do povo da Síria. Tampouco podemos crer que os monarcas e os príncipes das monarquias do Golfo se interessam pela “democracia” da Síria.

Porém, o que atrai a intervenção imperialista e a guerra para nossa região como um “imã”?

A posição geográfica da dita região, que é a “encruzilhada” de três continentes (Europa, Ásia e África), objetivamente cria importantes canais de comunicação, tanto para as atividades econômicas como por razões político-militares. Tais vias são o Canal de Suez, o Bósforo, o Golfo Pérsico, os dutos de petróleo e de gás natural, que são uma rede em constante expansão, os grandes portos, a infraestrutura ferroviária e as estradas, as redes de transporte de eletricidade, etc. Somam-se, então, as ilhas que os imperialistas utilizam como “porta-aviões” insubmergível, por exemplo, Creta e Chipre, assim como as dezenas de bases militares dos EUA, da OTAN e, em menor grau da Rússia, que existem na região.

O controle da infraestrutura econômica, a influência político-militar de cada potência imperialista na região, é uma “pré-condição” adicional para se aproximarem de outras regiões que possuem ou possam adquirir uma importância estratégica, como são o Mar Cáspio, o Cáucaso, a África, etc. Inclusive, quando não podem adquirir esta “pré-condição”, articulam-se para que seu antagonista a perca.

Como assinalou Lenin: “Para o imperialismo é substancial a rivalidade entre várias grandes potências na aspiração à hegemonia, isto é, a tomada de territórios não é tão diretamente para si, mas principalmente para o enfraquecimento do adversário e para a quebra de sua hegemonia”[4]

Nessa região, existem importantes reservas de hidrocarbonetos. Além disso, foram descobertos no Mediterrâneo Oriental reservas que são o “pomo da discórdia” entre os monopólios de energia, devido ao desenvolvimento da tecnologia mineradora de busca por jazidas de grande profundidade, à ascensão significativa dos preços dos hidrocarbonetos, sendo uma exploração rentável. O controle das reservas de energia na região, que podem aumentar a rentabilidade dos monopólios, é outro fator de aprofundamento das contradições na citada região[5].

O retrocesso histórico no avanço da luta de classes após a derrocada do socialismo na URSS e nos demais países da Europa Central e Oriental, a crise capitalista e a agressividade do capital, a desregulamentação dos mercados e as privatizações como características das reestruturações capitalistas criam uma nova situação que provoca o aprofundamento dos antagonismos e os reordenamentos. A burguesia dos antigos países socialistas (Europa Central e Oriental, Bálcãs, antiga União Soviética), assim como daqueles onde houve um atraso significativo no desenvolvimento do capitalismo (África do Norte, Oriente Médio), pretende modernizar e promover reestruturações burguesas que correspondam à base econômica atual, com a finalidade de aumentar a rentabilidade do capital, a incorporação no sistema imperialista e suas uniões (OTAN, UE, etc.).

No entanto, este objetivo provoca contradições e conflitos internos entre os diferentes setores da burguesia de cada país, assim como das potências imperialistas poderosas, já que na região se intensifica o esforço da penetração, sobretudo econômica, também por outras potências, como são a China e a Rússia. Assim, os monopólios, utilizando também os mecanismos estatais, se enfrentam fortemente para dividir e controlar as quotas do mercado. Certamente, esses conflitos intercapitalistas podem se esconder sob outros “mantos”, como, por exemplo, a “Primavera Árabe”, utilizando contradições interburguesas internas, assim como as lutas e as aspirações das massas trabalhadoras e populares pelos direitos políticos, sindicais e democráticos.

2. Novos temas na região, tendo como fundo os velhos

Há anos na região existem graves problemas que afetam a evolução dos acontecimentos, como são a ocupação da Palestina por Israel, a ocupação contínua de 40% do Chipre pela Turquia, a “emancipação” de Kosovo, as consequências da ocupação do Iraque pelos EUA, a ocupação de territórios sírios e libaneses por Israel, a situação no Irã onde coexiste a busca de um compromisso com respeito às armas nucleares e as ameaças lançadas pelos EUA e Israel.

Nos Bálcãs e no Mediterrâneo Oriental existe uma infinidade de nacionalidades e religiões, minorias nacionais e religiosas de forma de organização social pré-capitalistas nos Estados existentes. É claro que estas contradições, que não são “absorvidas” pelo desenvolvimento capitalista, se refletem também na superestrutura, no relativo atraso da formação de um sistema político burguês representativo. Tudo isso facilita a política de “dividir para reinar”, a política de agitação de assuntos de minorias e de fronteiras implementadas pelos imperialistas para promover seus planos. Esta situação também é utilizada pelas classes burguesas como armadilha para os trabalhadores no marco do nacionalismo e do expansionismo[6]. É certo que as mudanças das fronteiras, a fragmentação dos Estados não se fazem sem derramamento de sangue, sem a implicação de interesses imperialistas antagônicos. A palavra de ordem dita pelos manifestantes nas concentrações anti-imperialistas na Grécia “Os imperialistas dividem de novo os territórios e marcam as fronteiras com o sangue dos povos” captura a verdade[7].

Sobre estes assuntos, as posições e as análises do KKE são bem conhecidas. Por esta razão, focaremos nos temas mais recentes.

Um deles é a chamada “Primavera Árabe”, como foram caracterizados os acontecimentos no Egito e na Tunísia, na qual existe uma combinação de fatores internos e externos, onde os internos são predominantes. Os eventos estão relacionados com a atividade de setores da burguesia, das camadas médias, que possuem uma participação maior, e da juventude, que buscam a modernização da base econômica e a adaptação burguesa parlamentar do sistema político à economia capitalista desenvolvida. Este objetivo mobiliza, além disso, as forças trabalhadoras.

Assim, novos ou velhos setores da burguesia se entrelaçam a novos ou velhos aliados estrangeiros. Então, tais desenvolvimentos – a mobilidade, os enfrentamentos – estão ligados à intervenção de grandes Estados imperialistas pelo controle mais eficaz da região. Em todo caso, os planos dos EUA sobre o controle do chamado “Grande Oriente Médio” não são desconhecidos.

Vimos que durante os últimos três anos, sob a influência dos problemas populares intensificados, inicialmente foram organizadas grandes mobilizações operárias e populares, levantes, primeiro na Tunísia e, depois, no Egito, cujas demandas básicas foram a confrontação da pobreza, do desemprego, da corrupção, a ampliação dos direitos e das liberdades democráticas, a eliminação dos regimes autoritários de Ben Ali e de Mubarak, cujos partidos foram membros da Internacional Socialista. Como resultado, primeiro surgiram as forças do chamado “Islã político” no poder, enquanto no Egito estas forças (“Irmandade Muçulmana”, presidência de Morsi) foram violentamente removidas do governo do país, após o golpe militar, que se aproveitou das condições dadas a partir destas mobilizações organizadas por forças burguesas e pequeno burguesas, liberais e socialdemocratas, que se uniram temporariamente sob o “guarda-chuva” da “laicidade”. Tanto no primeiro como no segundo caso, tais mudanças superficiais da superestrutura política foram chamadas arbitrariamente de “revolução”, o que, naturalmente, não tem nenhuma relação com a realidade. É isto que para os mais céticos ficou evidenciado nos acontecimentos do último período.

Demonstrou-se que as lutas das forças populares contra o desemprego, a pobreza, a indigência, a repressão estatal, a corrupção, o saqueio dos recursos naturais de seus países pelos monopólios nacionais e estrangeiros, quando se limitam apenas à alternância dos governos antipopulares, a direitos democráticos burgueses, não têm o resultado esperado a favor do povo. Rapidamente, as expectativas do povo foram desmentidas pelas forças políticas que influenciaram a chamada Primavera Árabe. Os interesses populares não foram satisfeitos nem pelo governo de Morsi e da Irmandade Muçulmana, que impuseram uma política antitrabalhista de apoio aos monopólios, nem pelo setor da burguesia que apoiou o golpe de Estado militar e escolheu como presidente da República o general Sisi.

A crise no sistema político burguês do Egito também está conectada aos antagonismos dos centros imperialistas para assegurar os recursos naturais da ampla região e das rotas de transporte de energia.

A burguesia do Egito tem soluções alternativas para salvaguardar seus interesses. O papel do exército e dos chamados movimentos religiosos são algumas delas. É necessário que a classe operária, os setores populares pobres não se limitem à mudança de governo, que não se enganem com soluções supostamente transitórias que preparam o próximo governo antipopular.

Os acontecimentos revelam que quando a classe operária não tem um Partido Comunista com independência estratégia em relação à burguesia, o descontentamento popular e o protesto se convertem em parte dos planos de reforma do sistema político.

Há mais de três anos está em desenvolvimento a intervenção imperialista na Síria, claramente vinculada aos demais acontecimentos na região, como por exemplo, a intervenção da OTAN e os acontecimentos que estão em desenvolvimento na Líbia, assim como no Iraque. É claro que os acontecimentos na Síria têm suas raízes no interior do país, dado que a Síria está a caminho do desenvolvimento capitalista e a isso se devem os problemas econômicos, sociais e políticos sofridos pela classe operária e pelos demais setores populares. Trata-se de problemas que se aprofundaram nos últimos anos, antes da intervenção imperialista, devido à política de privatizações, de redução dos direitos trabalhistas, populares e dos salários, que são promovidos a favor da burguesia nacional.

Paralelamente às reações populares frente às medidas antipopulares, se levou a cabo uma intervenção imperialista aberta por parte dos EUA, da UE, Israel, Turquia, Arábia Saudita, Qatar, etc. É evidente que algumas potências imperialistas estão interessadas na desestabilização e no enfraquecimento das forças políticas burguesas dominantes do regime burguês sírio, que mantém relações estreitas com a Rússia e que por suas próprias razões entrou em conflito com o “aliado mais leal” dos EUA na região, Israel, e constitui um aliado de outras forças na Palestina, no Líbano, que lutam contra diversos planos imperialistas.

O enfraquecimento destas forças lideradas pelo presidente Assad ou, inclusive, sua derrocada, facilitou os planos imperialistas de ataque contra o Irã sob o pretexto de seu programa nuclear. Inclusive, pode levar a novos desmembramentos do Estado na região e a um domínio de desestabilização e derramamento de sangue, o que trará novas guerras e intervenções imperialistas.

Fazendo uma breve resenha histórica, podemos avaliar que depois da II Guerra Mundial, graças à influência da URSS, devido a sua contribuição à Vitória Antifascista, à superioridade do socialismo quanto à reconstrução do país, à formação de regimes socialistas no Leste Europeu, o colapso do colonialismo, foram levados a cabo processos positivos na correlação de forças internacional. No entanto, estes processos têm sido superestimados pelo movimento comunista, porque o sistema imperialista internacional permanecia forte e logo depois do fim da guerra, o imperialismo, sob a hegemonia dos EUA, iniciou a “Guerra Fria” e elaborou uma estratégia para minar o sistema socialista e reagrupar forças.

Naquele período, em uma série de países, como na Síria, predominou a questão da conquista da independência nacional como primeira condição para a superação do atraso que predominava em todos os setores da vida social. A URSS e os demais Estados socialistas elaboraram uma política de cooperação econômica, etc. e de apoio aos novos regimes e, entre eles o da Síria, para que não fossem assimilados pelo mercado capitalista internacional, pelas uniões imperialistas, para fortalecer as forças no interior da frente governamental que se posicionavam a favor da “orientação socialista”.

Este esforço da União Soviética em desenvolver relações econômicas, e inclusive alianças, com alguns Estados capitalistas contra potências imperialistas mais fortes, era legítimo e compreensível, dado que debilitava a frente única dos imperialistas, desprendiam forças dele e, ao menos temporariamente, utilizavam as contradições no campo imperialista. O problema é que quando a opção (estatal) conjuntural da URSS, que se manifestava a nível econômico, diplomático ou outro passou a ser considerada por alguns países como um princípio, passou a ser teorizada e se falava da chamada “via de desenvolvimento capitalista” nos países que se identificavam com a percepção de uma “transição pacífica”. Isto conduziu as forças comunistas e, consequentemente, o movimento operário a converterem-se em muleta das forças burguesas.

De fato, até hoje alguns interpretam as palavras de Lenin – de que “o capitalismo monopolista de Estado é a preparação material mais completa para o socialismo, é sua antessala, é o degrau da escada histórica entre o qual e o degrau chamado socialismo não existe nenhum degrau intermediário”[8] – para justificar o apoio ativo e a participação dos comunistas na gestão burguesa. Apesar dessas pessoas entenderem o capitalismo monopolista estatal meramente como a existência de um setor estatal forte na economia e não como o imperialismo, a fase superior do capitalismo, como havia descrito Lenin, cabe destacar algo mais: Lenin nunca chamou os comunistas a contribuírem com posições governamentais ou outras posições à gestão e o fortalecimento do capitalismo monopolista estatal. Os que evocam esta frase concreta de Lenin para justificar sua participação em governos burgueses “de esquerda”, “patriotas”, etc. a concebem erroneamente. Algumas linhas antes desta passagem, Lenin escreveu que “A guerra imperialista é a véspera da revolução socialista”[9]. No entanto, isto não significa que os comunistas devem saudar a guerra imperialista ou participar nesta ao lado da burguesia de nosso país. Segundo a história, Lenin foi aquele que levantou a bandeira do internacionalismo proletário, contra a participação na Primeira Guerra Mundial Imperialista, uma bandeira que foi abandonada pela Segunda Internacional.

Assim, a distinção equivocada da burguesia com base nos conceitos de “patriótica” ou “servil aos estrangeiros” e a participação em governos burgueses, podem levar o Partido Comunista e os trabalhadores a lutarem sob uma “bandeira estrangeira”, e Lenin advertiu sobre este perigo[10]. Além disso, já se demonstrou que na prática não existe uma “terceira via para o socialismo”, tal como não existem etapas intermediárias entre o capitalismo e o socialismo. Isto também é visto no caso da Síria.

Assinalamos estes pontos porque consideramos necessário esclarecer que a posição do KKE contra a intervenção imperialista na Síria não significa uma identificação com o regime de Assad, nem tampouco nossa oposição ao ataque imperialista contra o Irã significa que renunciamos à oposição de nosso Partido ao regime burguês deste país.

Nós comunistas reafirmamos nossa posição de ruptura com as opções e os planos da burguesia de nosso país, como é a participação da Grécia na guerra imperialista. Nossa oposição à guerra imperialista, a organização da luta do povo contra o envolvimento do país, contra o uso dos territórios, dos mares e do espaço aéreo de nosso país como ponto de partida para o ataque contra outro povo, é atualmente um assunto crucial que nos dá a possibilidade de colocar na ordem do dia a questão do poder, chamando o povo grego e os demais povos de nossa região a se organizarem e derrotar a barbárie capitalista que gera a guerra.

Além disso, entendemos que o movimento operário revolucionário na Síria não pode ser indiferente ante a intervenção estrangeira, levada a cabo em seu país, nem a respeito dos planos de ocupação e desmembramento da Síria. Não é possível que não se envolva na resistência contra a intervenção imperialista. A partir deste ponto vista, expressamos nossa solidariedade com a resistência do povo sírio contra a intervenção imperialista estrangeira e, ao mesmo tempo, consideramos que esta resistência só pode ter um resultado positivo se estiver ligada à luta por uma pátria livre de capitalistas, fora das coalizões imperialistas em uma pátria onde a classe operária será proprietária da riqueza que produz, onde a classe trabalhadora estará no poder.

Os últimos acontecimentos no Iraque, com a ação do chamado Estado Islâmico (EI) que foi apoiado pela Arábia Saudita, Turquia e, é claro, pelos EUA e outras potências de diversas maneiras, a fim de promover seus próprios interesses na região, podem funcionar como um catalisador para os eventos. Não só porque podem oferecer o pretexto para uma nova intervenção militar dos imperialistas na região, mas também porque, pela primeira vez em décadas, estão abrindo caminho para uma possível mudança, temporária ou permanente, nas “alianças” na região e uma gestão diferente por parte dos EUA e a UE, da burguesia do Irã e talvez da Síria. A postura do movimento operário e popular neste caso também não pode ser de apoio aos imperialistas contra as “marionetes” obscurantistas que eles mesmos criaram. O que se necessita é a emancipação do movimento trabalhador dos planos burgueses-imperialistas na região, a elaboração e o traçado de sua própria estratégia, algo que, contudo, se torna difícil pela falta de um partido comunista forte com estratégia revolucionária no Iraque.

Naturalmente, esta conclusão é válida também para os acontecimentos perigosos em nossa região em geral, como na Ucrânia. O conflito sangrento estourou no terreno da via de desenvolvimento capitalista que continua no país, com a intervenção da UE e dos EUA nos eventos na Ucrânia, em dura disputa destas potências com a Rússia, pelo controle dos mercados, das matérias primas e das redes de transporte do país.

A derrocada do governo de Yanukovich não constitui um “acontecimento democrático”, dado que surgiram na superfície forças reacionárias, até inclusive fascistas, com o apoio de União Europeia e Estados Unidos, para promover seus objetivos geopolíticos na região da Eurásia.

O KKE avalia que, para o povo ucraniano, tampouco é uma solução a vinculação da Ucrânia com a Rússia capitalista atual. O esforço de dividir o povo da Ucrânia em base étnica e linguística e levar a um massacre, com consequências trágicas incalculáveis para ele mesmo e para seu país, para escolher entre uma ou outra união capitalista interestatal é completamente alheio aos interesses dos trabalhadores. Expressamos nossa convicção de que o povo trabalhador da Ucrânia deve organizar sua própria luta de independência tendo como critério seus interesses, não a qual imperialista escolhe um ou outro grupo da plutocracia ucraniana. Deve traçar o caminho para o socialismo, que é a única alternativa ante os impasses do caminho de desenvolvimento capitalista. O povo da Ucrânia experimentou o que significa o socialismo. Em grande parte, recorda as enormes conquistas sociais para a classe operária e demais setores populares. O KKE exige que nosso país não tenha nenhuma participação, nem envolvimento nos planos imperialistas da OTAN, dos EUA e da UE na Ucrânia, destacando que a crise capitalista e as guerras imperialistas andam de mãos dadas e que o povo não tem nenhum interesse na participação da Grécia nestes planos.

3. A crise capitalista e o aprofundamento das contradições interimperialistas

A experiência histórica demonstra que tanto a Primeira como a Segunda Guerra Mundial foram o resultado do grande aprofundamento das contradições interimperialistas pela nova partilha do mundo. Estas contradições se intensificaram ainda mais devido à existência da União Soviética em combinação com a crise econômica capitalista mundial (1929-1933). Estes acontecimentos econômicos no mundo capitalista daquela época foram analisados no XVIII Congresso do Partido Comunista (b) da URSS, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, em 10 de março de 1939, onde se destacava que: “Está claro que esta virada tão desfavorável dos assuntos econômicos teve necessariamente que conduzir ao aprofundamento das relações entre as potências. Já a crise anterior, embaralhou todas as cartas e recrudesceu a luta pelos mercados e pelas fontes de matérias primas”[11].

Atualmente, o KKE considera que “com a profunda crise de superacumulação de capital em 2008-2009, que em várias economias capitalistas ainda não foi superada, se fez mais evidente a tendência de mudanças importantes na correlação entre os Estados capitalistas, sob a influência da lei de desenvolvimento capitalista desigual. Esta tendência está relacionada aos níveis superiores da pirâmide imperialista (…)[12]. As contradições interimperialistas que no passado levaram a dezenas de guerras locais e regionais e a duas guerras mundiais, ainda conduzem a duros conflitos econômicos, políticos e militares, independentemente da composição ou recomposição, as mudanças na estrutura e no marco de objetivos das organizações imperialistas internacionais, a chamada “nova arquitetura”. Em todo caso, “a guerra é a continuidade da política por outros meios”, sobretudo em condições de uma profunda crise de superacumulação de capital e de mudanças significativas na correlação de forças no sistema imperialista internacional, onde a partilha dos mercados dificilmente se faz sem derramamento de sangue”[13].

A relação capitalismo-crise-guerra conduz ao aumento dos armamentos, à criação de novas alianças militares, à atualização das mais antigas, como é a da OTAN. Neste período, cabe destacar a corrida das potências capitalistas emergentes como são a China, Rússia e Índia para confrontar suas deficiências e aumentar sua força militar em correspondência com o nível de influência de seus grupos empresariais. Tudo isso intensifica ainda mais as contradições também em nossa região, que tem uma importância essencial quanto à divisão dos despojos da enorme riqueza e dos recursos de energia na região[14], as rotas de transporte das mercadorias. A confrontação pode, em um ou outro grau, ampliar-se em toda a região (Mediterrâneo Oriental, Oriente Médio e África do Norte, Golfo Pérsico, Bálcãs, Cáspio).

4. A posição da Grécia nos antagonismos interimperialistas na região

A Grécia, como um Estado capitalista que está em fase imperialista de desenvolvimento do capitalismo, há décadas se integrou aos organismos da OTAN (1952) e da UE (1981) e participa ativamente nos antagonismos interimperialistas que se desenvolvem na região. Depois da derrocada contrarrevolucionária dos países balcânicos, a burguesia da Grécia se beneficiou e obteve uma acumulação importante e exportação de capitais em forma investimentos diretos que contribuíram para o fortalecimento de empresas gregas e grupos monopolistas. As exportações de capitais se expandiram para a Turquia, Egito, Ucrânia, China, assim como para a Grã-Bretanha, EUA e outros países. A burguesia da Grécia participou ativamente de todas as intervenções e guerras imperialistas, como por exemplo, contra a Iugoslávia, Iraque, Afeganistão, Líbia, etc.

Ao mesmo tempo, há décadas a burguesia do país desenvolveu uma relação de disputa, assim como de cooperação, com a burguesia da Turquia, que traçou uma política muito agressiva com relação à Grécia e não reconhece a Convenção Internacional sobre o Direito do Mar (1982), considerando que muitas regiões no mar Egeu, conhecidas como “zonas cinzentas”, estão em disputa, e não aceita que as ilhas gregas tenham plataforma submarina e Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Ao mesmo tempo, a burguesia turca pretende utilizar, assim como em outros países dos Bálcãs, as questões da minoria muçulmana na Trácia Ocidental. Estas questões levam ao aumento dos armamentos, assim como a tensões no Egeu, “atos hostis”, enfrentamentos aéreos, etc.

Além disso, a participação da Grécia na OTAN, as dependências político-econômicas e político-militares da UE e dos EUA restringem os limites das manobras independentes da burguesia da Grécia, dado que todas as relações de aliança do capital se regem pelo antagonismo, pela desigualdade e, em consequência, pela posição vantajosa dos mais poderosos, se formam como relações de interdependência desigual.

No entanto, não existem contradições somente com a Turquia, mas também com a Albânia, onde se fortalecem as forças políticas que defendem reivindicações territoriais às custas da Grécia, enquanto vários oficiais fazem declarações, com vistas à prioridade dada pelo novo governo albanês à cooperação estratégica que ocorre com a Turquia. Ao mesmo tempo, o acordo sobre as fronteiras marítimas dos países foi cancelado pelo Tribunal Constitucional albanês.

Todavia, permanecem os problemas com ARYM (nota da tradução: Ancienne République yougoslave de Macédoine),onde o nacionalismo se alimenta em ambos os lados, com respeito ao nome deste país, enquanto fica pendente a determinação da ZEE em relação ao Egito e a Líbia. Trata-se de problemas que possuem mais complicações, devido aos desenvolvimentos nestes países

Assim, no marco do antagonismo feroz que se desenvolve na região, ficam muitos “assuntos pendentes” e não se pode excluir nada, nem sequer uma guerra imperialista.

Além disso, nos eventos que ocorrem em nossa região, do ponto de vista dos “planos operativos”, as bases militares da OTAN na Grécia e na Turquia, assim como no Oriente Médio, desempenham um papel importante. As bases são os pontos de partida para o lançamento de ataques quando estão em sua fase ativa, enquanto são úteis para o abastecimento, o estacionamento e, em geral, o apoio das operações de combate. Os imperialistas estadunidenses pensariam melhor sobre o lançamento de ataques caso se baseassem somente em seus porta-aviões, em seus bombardeios estratégicos, que podem voar durante muitas horas, caso não existissem bases e infraestrutura, como a base de Souda, o aeroporto militar de Kalamata e as demais bases na região dos Bálcãs e do Oriente Médio[15].

Neste sentido, vale assinalar que por trás da eclosão da crise, se deteriorou a situação da economia grega capitalista no marco da zona do Euro, na UE e na pirâmide imperialista internacional em geral. Os governos burgueses gregos que antes da crise decidiram em comum sobre as reestruturações capitalistas antipopulares no marco da UE e encaminharam sua implementação, acordaram em um memorando com a Troika dos credores (UE, FMI, Banco Central Europeu), com base no qual implantaram no país duras medidas antipopulares que reduzem os salários e as pensões, colocam a carga da crise nas costas dos trabalhadores para que se recuperem os ritmos de rentabilidade do capital.

Ainda que não seja raro um Estado capitalista receber ajuda e apoio de seus aliados internacionais, isto “alimentou” algumas forças políticas burguesas e oportunistas, como é o partido dos “Gregos Independentes”, o Amanhecer Dourado fascista, assim como a crescente força da socialdemocracia SYRIZA, a falar de “ocupação da Grécia”, “submissão”, “desaparecimento da soberania”, “dependência”, etc. Neste marco, descreve-se também a postura do governo grego nos antagonismos interimperialistas na região como “servil aos estrangeiros” ou “subjugado”.

Na realidade, estas avaliações omitem o fato de que a burguesia da Grécia, com a participação do país no sistema imperialista (com base em sua força econômica, militar e política), objetivamente durante décadas cedeu certos direitos soberanos com o objetivo de fortalecer sua posição, beneficiar-se de sua posição nestas e reclamar sua quota do “despojo” imperialista.

É indicativo que, apesar da crise capitalista, setores da burguesia do país, como o capital armador, é um dos mais poderosos no mundo. Assim, a participação da Grécia nos antagonismos imperialistas na região, às vezes com sua participação ativa nas guerras e outras movimentações na tentativa de formar “eixos” (por exemplo, com Israel[16]), ou em ocasião de retirada ante as pretensões da burguesia da Turquia[17], não está relacionada com a “entrega” e a “submissão” aos estrangeiros, mas com a posição da Grécia na “pirâmide” imperialista e seu esforço de conseguir novos lucros[18]. Assim, cada vez mais os partidos governamentais pretendem ocultar tais interesses com o manto do “interesse nacional”. Neste ponto, é muito útil lembrar Lenin sobre o que foi, na verdade, o “interesse nacional” no caso da Bélgica de então: “Os investimentos da burguesia belga são aproximadamente três bilhões de francos. A salvaguarda destes investimentos mediante o uso de qualquer tipo de fraude e maquinação é o real “interesse nacional” da “Bélgica galante”.[19] Hoje, a conexão orgânica dos interesses da burguesia da Grécia com os planos imperialistas da OTAN e da UE é similar e claramente mais profunda.

5. O movimento operário e comunista ante o aprofundamento das contradições interimperialistas e a possibilidade de uma guerra imperialista

Os comunistas tomam uma posição ante os acontecimentos que se desenvolvem. Não podem opor-se a toda guerra de maneira geral. A guerra verdadeiramente justa na época atual é a confrontação armada classista pelo poder, que é a tarefa dos comunistas. Isto é algo que os distingue dos pacifistas. Julgam cada vez concretamente com base em seus interesses classistas que estão em conflito, as causas, as potências envolvidas, os objetivos de cada parte.

As guerras imperialistas, as guerras pela conquista de mercados, de territórios, de controle político direto, são típicas da época contemporânea do capitalismo e expressam a necessidade de uma nova distribuição de mercados, de novos “acordos” de paz, com base no avanço do desenvolvimento capitalista desigual.

Lenin, no início do século XX, em referência à Primeira Guerra Mundial, a descrevia nos seguintes termos: “A guerra europeia e mundial tem o claro e definido caráter de uma guerra burguesa, imperialista e dinástica. Uma luta pelos mercados e pela liberdade de saquear países estrangeiros, uma tentativa de reprimir o movimento revolucionário do proletariado e a democracia nos países individualmente, o desejo de enganar, desunir e massacrar os proletários de todos os países, levando a uma guerra dos escravos assalariados de uma nação contra os de outra, para que a burguesia seja beneficiada. Este é o único e verdadeiro conteúdo e significado desta guerra”[20].

Hoje, a burguesia, beneficiada também pela correlação de forças internacional, passou a uma “ofensiva” ideológica buscando ganhar não só uma tolerância passiva, mas também o apoio ativo das massas trabalhadoras e populares para seus planos imperialistas. Por isso, utilizam, para além da questão da defesa da “pátria”, outros pretextos novos como é a “promoção da democracia”, as “causas humanitárias”, a “guerra contra o terrorismo”, a “luta contra a pirataria”, a “não proliferação de armas de destruição massiva”, etc.

É necessário que os Partidos Comunistas reforcem sua luta contra todos estes argumentos e, em geral, contra a tentativa dos burgueses e dos oportunistas de desorientar os trabalhadores e convertê-los em “bucha de canhão” das guerras imperialistas.

Vejamos alguns dos argumentos contemporâneos básicos de nossos oponentes.

5.1. A invocação da “obrigação nacional”

As classes burguesas tentam enganar e convencer as massas trabalhadoras de que a participação da Grécia em intervenções imperialistas, na preparação e condução da guerra imperialista serve aos interesses da “pátria” e é uma “obrigação nacional”. Isto também é feito em condições de paz pedindo o “consenso social” e a “unanimidade nacional” para que a “pátria” se torne mais forte, assim como em condições de guerra. Na realidade, em ambos os casos – de guerra e de paz – a burguesia pede aos trabalhadores que façam um esforço para que melhore a posição do país na “pirâmide” imperialista, para que seus interesses sejam promovidos.

Além disso, dependendo da fase em que está o capitalismo (desenvolvimento ou crise capitalista) se adaptam também as consignas. Por exemplo, atualmente no Brasil existe um crescimento capitalista (ainda que ultimamente estancado) e o chamamento da burguesia é que o país seja mais forte e que “se liberte da dependência do imperialismo estadunidense”. Já a Grécia, que sofre a crise capitalista, pede aos trabalhadores que bebam o veneno de suas medidas para que o país “recupere sua soberania”. No entanto, particularmente nas condições de guerra imperialista, são promovidas consignas como a “organização patriótica unificada”, a “reconciliação nacional”, o “benefício nacional”, etc. Um exemplo característico na Grécia de hoje é a base aeronaval dos EUA em Souda (na ilha de Creta), que desempenha um papel importante em várias operações dos EUA e da OTAN no Mediterrâneo, como foi na guerra contra a Líbia. Os círculos ideológicos e políticos dominantes no país fazem um esforço para consolidar o argumento de que a existência desta base funciona a favor dos interesses econômicos dos residentes da ilha e que deve existir um apoio unânime quanto à permanência desta base. Ao mesmo tempo, silenciam e ocultam dos trabalhadores as consequências e os perigos da base de Souda, assim como a participação da Grécia nos planos imperialistas, para os trabalhadores e para as famílias populares. Estes perigos e consequências foram expostos pelo KKE.

5.2. A UE e a OTAN são uma “garantia de segurança”

Os partidos burgueses argumentam que a Grécia é um “país pequeno” que “precisa de alianças internacionais” e promovem a necessidade de participação da Grécia na UE e na OTAN, que se apresentam como “garantidores de segurança” do povo grego, em particular contra o perigo da Turquia. Desta maneira, justificam e chamam o povo a respaldar a participação do país nas intervenções e nos planos imperialistas da UE e da OTAN.

Na realidade, a adesão da Grécia nestes dois organismos imperialistas não serviu como garantia de segurança ao país. Ao contrário, complicou as coisas e são a base da retirada dos direitos soberanos do país, à qual procedem os governos burgueses para assegurar sua posição nestes organismos e para fortalecê-la ante o movimento operário-popular.

5.3. A demanda de “dissolução da OTAN”, em lugar da retirada desta

Vimos que, em todo caso, as forças oportunistas com sua atitude funcionam como apoio da burguesia, tanto em condições de paz como no caso de uma guerra. Por exemplo, é indicativa a postura que mantiveram as forças oportunistas na guerra contra a Iugoslávia, quando, através dos governos da centro-esquerda, a França e Itália participaram dos bombardeios da OTAN. Porém, também em outros casos, são essas forças que aceitam e promovem entre os setores populares os pretextos imperialistas, tal como ocorreu, por exemplo, recentemente no caso da Líbia pelas forças do Partido da Esquerda Europeia, que participam no GUE/NGL.

As forças oportunistas do SYRIZA na Grécia são mais “atentas” devido à existência, à atividade e à influência das posições do KKE. Elas encontraram sua própria maneira de responder à demanda de retirada do país das uniões imperialistas, como a OTAN. Assim, promovem a necessidade da “dissolução da OTAN”. Porém, como é possível dissolver este organismo imperialista já que não se encontra enfraquecido pela retirada de cada país? Atualmente, para que a retirada signifique um verdadeiro desvendar de toda união imperialista, somente pode ser garantida pelo poder operário. Na realidade, a postura dos oportunistas é, em geral, pacifista e baseada apenas em palavras “contra a OTAN”. Na prática, não afeta em absoluto a existência e a atividade do organismo imperialista da OTAN e nem, tampouco, a participação do país nos planos imperialistas. Além disso, fomenta o consentimento e o derrotismo pela opinião, forma que também adota o SYRIZA, onde sua oposição à OTAN não é pelo presente porque não a permite a correlação de forças, remetendo-a deliberadamente a um futuro vago, tal como fazem os oportunistas com respeito à questão da luta pelo socialismo, que também se remete às “calendas gregas”. Nossa avaliação é justificada pelos comentários do líder do SYRIA: “O digo da profundidade de minha alma. A Grécia pertence à UE e à OTAN. Isto é indiscutível”. [21]

5.4. A UE deve ser “democratizada” e seu papel deve ser fortalecido através do reforço da política exterior e de segurança comum da UE

Como se sabe, em 2013, o premio Nobel pela paz foi concedido à UE. Milhares de trabalhadores em todo mundo sentiram desgosto por esta decisão. Nosso partido destacou que: “este prêmio é um ato de decadência e horror tanto pelos que o deram como pelos que o receberam”, recordando o papel da UE nas guerras contra a Iugoslávia, assim como as mais recentes.

Ao mesmo tempo, as forças oportunistas do SYRIZA argumentam que no caso de a UE se democratizar, caso “mude” através do surgimento de governos de “esquerda”, também reforçará seu papel. Dessa maneira, será possível obter “independência” ante a OTAN e adotar “sua própria” política exterior e de defesa. Então, a UE se constituiria como um “agente da paz”, “se converteria em uma força mundial” e demonstrará que merece este prêmio.

Os oportunistas pretendem desorientar os trabalhadores fomentando uma aproximação sem referência classista a respeito das uniões interestatais capitalistas. No entanto, é bem conhecido que a UE se formou desde o início, como “Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)” (em 1951) e como Comunidade Econômica Europeia (CEE) (em 1957), para servir aos interesses do grande capital. O objetivo era tornar mais eficaz a exploração dos trabalhadores nos Estados membros e que os monopólios europeus pudessem competir com os monopólios de outros centros imperialistas. O KKE considera que a UE é uma construção reacionária, depredadora, que não se pode transformar por dentro e converter-se em um “agente de paz” porque tem em seu DNA a ganância capitalista, a causa básica que provoca hoje as guerras imperialistas. O chamamento do SYRIZA que pede que o “lobo” ponha a pele de cordeiro é enganoso.

5.5. A solução do “mundo multipolar”

Algumas forças consideram como imperialismo só o “império” dos EUA e, neste sentido, saúdam o surgimento de potências capitalistas emergentes nos assuntos mundiais, assim como a aparição de novas uniões interestatais (BRICS, Organização de Cooperação de Xangai, Organização do Tratado da Segurança, ALBA, etc.) constituídas por Estados capitalistas, de conteúdo econômico, político e militar. Estes acontecimentos foram vistos como o princípio de um “mundo multipolar” que “reformará” e dará “um novo ar” às Nações Unidas e aos demais organismos imperialistas, para escapar da “hegemonia” dos EUA. Estes argumentos concluem que deste modo é possível assegurar também a paz.

Na realidade, as forças políticas de matizes ideológicos diferentes reconhecem as contradições interimperialistas e o aparente reordenamento no sistema mundial. Caracterizam como “democratização” as relações internacionais e como “mundo multipolar” a tendência de mudança da correlação, tal como se formou depois da derrocada do socialismo nos países socialistas, assim como a ampliação e intensificação da atividade da OTAN, da UE nos últimos 20 anos. A nova correlação inclui o fortalecimento da Alemanha, Rússia, China, Brasil e outros Estados.

Suas diferentes propostas como a ampliação do Conselho de Segurança da ONU com outros países ou o aumento do papel mundial da UE ou, inclusive, da Rússia e China nos assuntos internacionais, não são capazes de controlar os acontecimentos. Isto porque não podem impedir as contradições interimperialistas que se manifestam por matérias primas, energia e rotas de transporte, por luta pelas quotas de mercado. O antagonismo monopolista conduz às intervenções militares e guerras locais e generalizadas. Este antagonismo é levado a cabo com todos os meios que os monopólios possuem e os Estados capitalistas expressam seus interesses, se reflete nos acordos interestatais que são continuamente disputados devido ao desenvolvimento desigual. Este é o imperialismo, fonte também de ataques militares de menor ou maior alcance.

A discussão acerca da “nova governabilidade democrática mundial” com “transparência”, “participação” e “solidariedade social”, semeada por forças socialdemocratas e oportunistas tem como meta embelezar ideologicamente as novas correlações na barbárie capitalista, imperialista, com o objetivo de desorientar os trabalhadores.

Os trabalhadores não têm nenhum interesse em acreditar que é possível “democratizar” o capitalismo e as relações internacionais e escolher o imperialista que, supostamente, o levará a cabo.

Cabe mencionar que Lenin se posicionava ante este assunto empregando um exemplo muito concreto: “Um país, digamos, que possui três quartos da África enquanto outro um quarto. O conteúdo objetivo de sua guerra é a nova partilha da África. De qual país devemos desejar o éxito? O problema, tal como o afirmou anteriormente, é absurdo, porque hoje não valem os antigos critérios de avaliação: Não existe um longo processo de um movimento burguês pela libertação, nem o longo processo da decadência do feudalismo. A democracia contemporânea não tem porque ajudar o primeiro país a consolidar seu “direito” sobre os três quartos da África, nem tampouco ajudar o segundo país (ainda que este tenha se desenvolvido a nível econômico mais rapidamente que o primeiro país) para controlar os três quartos.

A democracia contemporânea se manterá fiel a si mesma apenas caso não se una com nenhuma classe burguesa imperialista, só se diz que ambos são igualmente ruins. Apenas desejamos a cada país a derrota da burguesia imperialista. Qualquer outra solução será praticamente nacional-liberal e não terá nenhuma relação com o internacionalismo genuíno[22].

E concluiu dizendo: “No entanto, na realidade, hoje é indiscutível que a democracia atual não possa ir a reboque da burguesia imperialista reacionária – independentemente de qual “cor” será esta burguesia (…)”

5.6. A postura do KKE em relação às contradições e no caso de uma guerra

O KKE, com suas resoluções do XIX Congresso, está preparando e orientando as massas trabalhadoras e populares para o possível caso de intervenção de nosso país em uma guerra imperialista. O Programa do KKE, aprovado no XIX Congresso, assinala que: “Estão aumentando os perigos na ampla região, dos Bálcãs até o Oriente Médio, de uma guerra imperialista generalizada e a participação da Grécia nesta. A luta pela defesa das fronteiras, os direitos soberanos da Grécia, a partir do ponto de vista da classe operária e dos setores populares é inseparável da luta pela derrota do poder do capital. Não tem nenhuma relação com a defesa dos planos de um ou outro polo imperialista, com a rentabilidade de um ou outro grupo monopolista”[23].

Assim, se entende que o KKE trata com critérios classistas a questão da defesa do país (fronteiras, direitos soberanos gerais), ou seja, a partir do ponto de vista da classe trabalhadora e dos setores populares; que a conecta com a luta pelo desencadeamento dos planos e as uniões imperialistas, pela derrocada do capitalismo e a construção da sociedade socialista.

De todo modo, é uma lição histórica que, inclusive em condições de ocupação, de eliminação da formação nação-Estado, a classe trabalhadora não pode iniciar a luta contra a ocupação a partir do mesmo ponto de partida da burguesia, não pode aliar-se com nenhum de seus grupos. Para a classe trabalhadora e os setores populares pobres, a guerra e a ocupação são a continuidade da exploração capitalista, produto do domínio econômico e político do capital. A classe operária luta contra a indigência, a opressão e a violência do ocupador, a intensidade da exploração, contra os acordos imperialistas internacionais. Sua “pátria” é uma pátria liberta dos capitalistas, fora das coalizões imperialistas, uma pátria que será o proprietário da riqueza que produz, onde a classe operária estará no poder. A guerra da burguesia por sua própria “pátria” – independentemente de se aliar com a ocupação estrangeira ou de resistir – de novo será levada a cabo para os interesses dos grupos monopolistas, para a reabilitação de um acordo sobre a partilha dos mercados que favorecerá os monopólios nacionais, não os interesses operários e populares.

O KKE tirou conclusões necessárias sobre a luta armada que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, contra a ocupação estrangeira fascista tríplice (alemã, italiana, búlgara) do país. Naquele momento, apesar da superioridade dos grupos armados de EAM-ELAS, guiados pelo KKE, nosso Partido, infelizmente, não conseguiu vincular a luta antifascista a luta contra a ocupação estrangeira com a luta pela derrocada do poder do capital no país, pois em suas fileiras não se elaborou uma estratégia respectiva. Hoje, tirando conclusões valiosas da trajetória histórica de nosso Partido, traçamos uma estratégia frente aos perigos de envolvimento de nosso país em novas guerras imperialistas locais, regionais ou mais generalizadas.

A Resolução Política do XIX Congresso destaca: “Em todo caso, seja qual for a forma que tome a participação da Grécia na guerra imperialista, o KKE deve estar pronto para dirigir a organização independente da resistência operária e popular, para ligá-la à luta pela derrota da burguesia nacional e dos invasores estrangeiros”.[24]

Nas condições de uma guerra imperialista, a vanguarda política da classe operária, seu Partido, deve destacar a necessidade da unidade classista dos trabalhadores, da aliança com as forças populares, da dimensão internacionalista da classe operária e as tarefas que derivam desta. A postura ante a guerra é a postura ante a luta de classes e a revolução socialista, é a luta pela transformação desta guerra em luta classista armada, a “única guerra pela libertação”, segundo dizia Lenin. São valiosas as elaborações de Lenin que, enquanto desenvolvia a teoria do elo mais fraco, ou seja, antevendo a possibilidade de uma situação revolucionária previamente em um país ou grupo de países, estabeleceu cientificamente a possibilidade de a revolução prevalecer, a princípio, em um ou mais país. Consequentemente, em tal guerra, a coordenação, as consignas comuns e a atividade comum com o movimento comunista de outros países constitui uma condição importante para a perspectiva de eclosão e vitória da revolução socialista em mais países, a possibilidade de outro tipo de cooperação ou união de Estados, com base na propriedade social, na planificação central com o internacionalismo proletário.

Ao mesmo tempo, o KKE está intensificando sua luta contra o oportunismo porque, como assinalou Lenin, “a luta contra o imperialismo é uma face vazia e falsa quando não está relacionada indissoluvelmente à luta contra o oportunismo”[25].

Nós comunistas, que baseamos nossas análises na teoria do socialismo científico, sabemos muito bem que a guerra é a continuidade da política por outros meios, particularmente violentos. A guerra surge no terreno do conflito dos interesses econômicos distintos, que transcendem todo o sistema capitalista. É por isso que, ainda que a guerra em condições do capitalismo seja inevitável (tal como as crises econômicas, o desemprego, a pobreza, etc), ao mesmo tempo não é um fenômeno natural. É um fenômeno social já que está conectado à natureza da sociedade em que vivemos. Sociedade que tem como “pedra fundamental” a rentabilidade dos que possuem os meios de produção. Os monopólios e seu poder dão lugar à guerra imperialista. Em conclusão, nossa luta por uma sociedade onde os meios de produção sejam propriedade popular (e não propriedade da minoria), onde a economia funcione de maneira planificada a nível central e controlada pelos próprios trabalhadores, tendo como objetivo a satisfação das necessidades populares (não o aumento dos lucros dos capitalistas), está conectada indissoluvelmente à luta contra a guerra imperialista, contra a “paz” que impõem os imperialistas com a pistola na cabeça do povo e que prepara as novas guerras imperialistas.

Assim, não é fatalismo esta constatação de que enquanto existir o capitalismo existirão as condições que promovem a guerra. Pelo contrário. Dirigimo-nos à classe operária do país, aos povos de nossa região e destacamos que seus interesses se identificam com a luta comum anticapitalista, antimonopolista, pela retirada dos organismos imperialistas, desmantelamento das bases militares estrangeiras e das armas nucleares, o regresso das forças militares das missões imperialistas, a manifestação de solidariedade com cada povo que luta e pretende traçar seu próprio caminho de desenvolvimento. Pela libertação de nosso país dos planos e das guerras imperialistas. Para que a consigna “Nem território e nem mar aos assassinos dos povos!” se converta em realidade. Esta é uma luta diária. Uma luta com objetivos concretos, levada a cabo pelos comunistas de maneira unificada com a luta pelo poder, não separada dela.

Continuam sendo atuais as posições de Lenin, que sublinhou que: “as consignas de pacifismo, de desarmamento internacional sob as condições do capitalismo, dos tribunais de arbitragem, etc. são mais que uma utopia reacionária, são um engano aberto dos trabalhadores, cujo objetivo é desarmar o proletariado e distraí-lo de sua tarefa de desarmar os exploradores.

Só a revolução proletária, comunista, pode tirar a humanidade do beco sem saída que o imperialismo e as guerras imperialistas criaram. Sejam quais forem as dificuldades da revolução e os possíveis reveses temporários ou as ondas da contrarrevolução, a vitória final do proletariado é inevitável”.[26]

*A situação e as tarefas da Internacional Socialista, v. 26, p.41.

[1]A intervenção da OTAN se fez sob o pretexto do “genocídio” dos albaneses de Kosovo por Milosevic, en 1999, e conduziu o desmembramento da Sérvia.

[2]A intervenção dos EUA e de seus “aliados” se fez sob o pretexto das “armas de destruição massiva” que, supostamente, teria o regime de Saddam Hussein, em 2003. Uma intervenção que colocou o Iraque em um estado de peculiar de divisão em desenvolvimento (região xiita, sunita e curda).

[3]Em 2001, a OTAN, sob o pretexto da “promoção da democracia” no marco da chamada “Primavera Árabe”, procedeu a intervenção imperialista com consequências trágicas para o povo da Líbia.

[4]V.I.Lenin: O imperialismo, fase superior do capitalismo, Obras Completas, v. 27, p. 395.

[5]Segundo registros dos EUA, o primeiro ministro da Grécia, Antonis Samaras, durante sua reunião com o presidente dos EUA, Barack Obama, em 9/8/2013, Washington, informou que o gás natural no subsolo da Grécia (Mar Jônico-Sul de Creta) é estimado em, aproximadamente, 4,7 bilhões de metros cúbicos. Esta quantidade, junto com os 4,5 bilhões de metros cúbicos na ZEE do Chipre e de Israel, podem cobrir 50% da demanda da UE por 30 anos.

[6]São características as posições perigosas expressas pelas figuras do governo da Albânia, que promovem reivindicações territoriais às custas de muitos Estados vizinhos, de anexação de territórios, em nome da “autodeterminação” ou da “Grande Albânia”. Reivindicações similares são promovidas na Romênia às custas da Moldávia e da Ucrânia. Respectivamente, a burguesia da Turquia, com o governo de Erdogan e o “neo-otomanismo” como veículo, utiliza a religião, as tradições e as minorias da região, para prender os trabalhadores em um plano de fortalecimento de seu papel não apenas nos assuntos regionais, mas também internacionais, desempenhando um papel sujo nos acontecimentos na Síria, além de promover reivindicações às custas da Grécia, no mar Egeu.

[7]Cabe destacar neste ponto que nós, comunistas, não tratamos o assunto da autodeterminação fora da posição leninista que: “as distintas reivindicações da democracia, incluindo a da autodeterminação, não são algo absoluto, mas uma “partícula” de todo o movimento democrático (hoje socialista) mundial. Pode suceder que, no caso dado, uma determinada contradição com um todo. Então, é preciso repudiá-la”. (V.I.Lenin: Balanço da discussão sobre a autodeterminação, Obras Completas, v. 30, p. 39). Particularmente sobre o assunto curdo, que se destaca diretamente (devido à divisão do Iraque, da atividade armada independente da população curda na Síria, assim como as discussões do líder dos curdos preso na Turquia, A.Ocalan, com a liderança turca), é muito atual a avaliação estabelecida no Comunicado Comum do Partido Comunista da Turquia e do KKE, em que: “Os dois Partidos Comunistas consideram que um assunto chave na região, que se entrelaça com vários planos imperialistas no Oriente Médio, no Bálcãs, na Eurásia, é a questão curda. Ainda que para a classe trabalhadora a questão curda seja uma questão de igualdade, de justiça, de liberdade, para os imperialistas é uma questão de promoção de uns e outros interesses econômicos, de correlações geopolíticas, de antagonismos e equilíbrios, de controle sobre os depósitos energéticos e das rotas de transporte. Para nós é óbvio que a questão curda não pode ser resolvida a favor dos povos da região com as contribuições dos EUA, da OTAN e da UE, em função de seus próprios objetivos. A questão curda não pode ser resolvida mediante a suposta “abertura democrática” do AKP, que está sendo promovida para estabelecer, na realidade, seu próprio poder burguês, de facilitar a rentabilidade do capital através do sentimento religioso. A questão curda será resolvida a favor dos povos da região somente estando ligada à ação anti-imperialista consequente, à luta pela vitória e consolidação do poder operário, à luta pelo socialismo. A questão curda será resolvida através de processos revolucionários, com ideais revolucionários, não com os planos e as “garantias” dos imperialistas” (diário Rizospastis, sábado, 26 de março de 2011).

[8]V.I.Lenin: A catástrofe que nos ameaça e como combatê-la, v.34, p.193.

[9]V.I.Lenin: A catástrofe que nos ameaça e como combatê-la, v.34, p.193.

[10] V.I.Lenin: Sob uma bandeira estrangeira, v. 26, p. 142.

[11]I.V.Stalin. Informe ante o XVIII Congresso do Partido Comunista (b) da URSS, v.14.

[12]Os EUA continuam sendo a principal potência econômica, porém com uma redução significativa de sua quota no Produto Bruto Mundial. Até 2008, a zona do Euro em seu conjunto, manteria a segunda posição no mercado capitalista internacional. No entanto, perdeu a posição durante a crise. Já a China se converteu na segunda potência econômica, fortaleceu a aliança BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) nas uniões capitalistas internacionais, como o FMI, o G-20. A mudança na correlação de forças entre os Estados capitalistas, também traz mudanças nas alianças entre eles, dado que se intensificam as contradições interimperialistas sobre o controle e a partilha de territórios e mercados, zonas de influência econômica, sobretudo, de recursos energéticos e naturais, de rotas de transporte de mercadorias.

[13]Programa do ΚΚΕ. Foi aprovado pelo XIX Congresso (11-14/4/2013).

[14]Em condições de domínio do poder do capital, os recursos naturais são o “pomo da discórdia” entre os monopólios e os Estados capitalistas que competem pelo controle e pela exploração dos recursos naturais, sem vacilar em massacrar os povos e destruir o meio ambiente para assegurar seus lucros, enquanto o povo já paga muito caro pelo petróleo e pelo gás natural, pela energia. Do próprio desenvolvimento surge a necessidade de utilizar os recursos naturais a favor dos trabalhadores, também através da cooperação mútua dos povos. Uma pré-condição para esta perspectiva é que em cada país o poder passe às mãos da classe trabalhadora, para que abra caminho para a socialização dos recursos naturais, dos meios de produção concentrados, que devem converter-se em propriedade popular, fazendo com que a economia se desenvolva com base na planificação central e no controle popular.

[15]Não é por acaso que o Irã, que nesta fase apoia a Síria, comentou que um ataque contra a Síria também seria um ataque contra o Irã e que, em tal caso, o Irã atacará as bases dos EUA na região. Assim, o “fogo” incendiado pelos imperialistas pode atingir grandes proporções e os perigos para o povo da Grécia se tornam mais que óbvios. Creta e, concretamente, a base de Souda ficam a 2000 quilômetros do Irã (2,5 milhas de quilômetros de Teerã). O alcance dos mísseis iranianos Sangil é de 2,5 milhas de quilômetros.

[16]Durante os últimos anos, sobretudo após a intensificação das relações entre Israel e Turquia, a burguesia da Grécia promoveu uma cooperação mais estreita com Israel. Esta cooperação prevê tanto a promoção dos interesses econômicos (p. ex. Para a utilização do gás natural, instalação de um cabo elétrico que conectará Grécia-Chipre-Israel), como com objetivos estratégicos, da qual participam aviões militares de Israel de exercícios militares na Grécia. Apesar das reações do KKE, os exercícios ocorrem frequentemente próximo de Creta, onde estão instalados os sistemas antiaviões de construção russa C300, com o objetivo de preparar os pilotos israelenses para um possível ataque contra o Irã.

[17]Os governos gregos, tanto da ND direitista, como do PASOK socialdemocrata, no marco das reuniões da OTAN e da UE, assinaram nos últimos 30 anos várias alianças que constituem um retrocesso dos direitos soberanos da Grécia no mar Egeu.

[18]A burguesia da Grécia pretende fortalecer suas alianças internacionais para ter acesso a capitais estrangeiros, a fim de cooperar quanto à exploração de recursos naturais, para converter o país em um “nó” para as necessidades energéticas e comerciais da UE, e para que se beneficie da partilha do “despojo” após as intervenções imperialistas. P. ex., em termos mais favoráveis à exploração de capitais por empresas nacionais de construções, empresas de telecomunicações, setor bancário etc.

[19]V.I.Lenin, A questão da paz, v. 26, p. 303.

[20] V.I.Lenin: As tarefas da socialdemocracia revolucionária na guerra europeia, Obras Completas, ed. Sinchroni Epochi,v. 26, p. 1.

[21] Entrevista no canal de televisão ANT1, 24 de maio de 2014.

[22] V.I.Lenin: Sob uma bandeira estrangeira, Obras Completas, ed.Sinchroni Epochi,v. 26, pp. 140-141 y 146.

[23]Programa do KKE.

[24]Resolução Política do XIX Congresso.

[25] V.I.Lenin: O imperialismo, fase superior do capitalismo, Obras Completas, ed. Sinchroni Epochi, v.27, p. 424.

[26]V.I.Lenin: Programa do Partido Comunista (b) da URSS, Obras Completas, ed. Sinchroni Epochi, v. 38, p. 421.

Fonte: http://www.iccr.gr/es/news/La-intensificacion-de-los-antagonismos-imperialistas-en-la-region-del-Mediterraneo-Sudeste-y-los-Balcanes.-La-posicion-del-KKE-sobre-la-posibilidad-de-implicacion-de-Grecia-en-una-guerra-imperialista/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)