Novo reitor da UFRJ promete reavaliar título honorário concedido a Médici
Vinícius Lisboa
Da Agência Brasil
O novo reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher, tomou posse hoje (3), no Rio de Janeiro, em cerimônia no Centro de Tecnologia da instituição. Ele prometeu reavaliar o título honorário concedido a Emílio Garrastazu Médici, no período em que foi presidente do Brasil, durante a ditadura militar.
“Esse ato não é só histórico, de reparação da nossa história, é mais do que isso. Hoje, existem forças na sociedade que reivindicam o retorno de modelos ditatoriais”, disse Leher em seu discurso de posse.
O reitor defendeu que a universidade tem a responsabilidade de contribuir para que as novas gerações conheçam de forma detalhada o que se passou no período da ditadura. Ele prometeu apoiar o trabalho das comissões da verdade.
Médici recebeu o título de Doutor Honoris Causa na UFRJ quando ainda ocupava o posto de presidente na Ditadura Militar, em 1972. A reavaliação do título será proposta pela reitoria ao Conselho Universitário, que reúne representantes de toda a comunidade acadêmica: “Esta honraria não pode ser dada a pessoas que afrontaram os direitos humanos. Foi nos anos 70, no auge do período repressivo”, argumentou o reitor.
Em seu discurso de posse, Leher também se manifestou contra a segunda votação da redução da maioridade penal, na Câmara dos Deputados, e disse que o Brasil vive “uma crise política de enorme alcance”.
“O que presenciamos no parlamento brasileiro, de forma indignada, a aprovação da redução maioridade penal – depois ter sido derrotada – é uma das expressões da polarização que está em curso na sociedade brasileira. É a degeneração das formas de representação, carcomidas por representantes dos grupos econômicos e religiosos, radicalmente antirrepublicanos e antidemocráticos”, afirmou”.
Leher é professor titular da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRJ, na linha Políticas e Instituições Educacionais. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (1998), desenvolve pesquisa em políticas públicas em educação. Professor colaborador da Escola Nacional Florestan Fernandes, integra comitês editoriais de vários periódicos. Foi presidente da Adufrj-SSind na gestão 1997-1999, presidente do ANDES-SN na gestão 2000-2002 e representa os professores titulares do CFCH no Conselho Universitário da UFRJ (2013-2017).