Um novo passo, completar a tarefa estabelecida há 16 anos.

Luta e organização classista, movimento anticapitalista, antimonopolista e anti-imperialista, internacionalismo proletário, derrocada do capitalismo, Revolução Socialista: Partido Comunista do México

Nos duros anos da contrarrevolução e do fim da história, que significaram a derrocada da URSS e o retrocesso temporal do socialismo no final do Século XX; na adversidade, a contracorrente e armados somente dos princípios, iniciamos há 16 anos os trabalhos para a construção do partido comunista, do partido da classe operária, marxista-leninista.

Em momentos de grande confusão, retrocesso e claudicação, o que nos animou foi a concepção materialista do mundo e da vida, que encontra na luta de classes o motor que faz avançar a História. O materialismo histórico coloca o antagonismo insolúvel entre capital e trabalho no modo de produção atual e situa nossa época – inaugurada pela Revolução de Outubro – como a do imperialismo e das revoluções proletárias, a época da transição ao socialismo-comunismo.

Nestes anos difíceis e trágicos – pela confusão ideológica, pelos renegados e desertores, pela incapacidade de oferecer respostas coerentes e articuladas à ofensiva do capital – a teoria e a pratica ratificaram, em função do gigantesco trabalho teórico de Karl Marx e Friederich Engels para desentranhar a sociedade, o papel central do proletariado – a classe operária, os assalariados, ou seja, o conjunto dos trabalhadores da cidade e do campo, manuais e intelectuais, homens e mulheres, independentemente de sua idade. A classe operária tem um papel central no desenvolvimento da sociedade, devido a sua função vital como produtora de todos os valores; sua força de trabalho é a geradora da mais-valia, o “sórdido segredo” sobre o qual se erige o capitalismo, hoje na sua fase monopolista, o imperialismo. A classe operária, a classe dos proletários, é chamada, entre todos os oprimidos, classes e camadas exploradas, a enterrar para sempre, não só a dominação capitalista, mas toda forma de exploração do homem pelo homem.

Diferentemente das revoluções sociais anteriores, a revolução dirigida pelo proletariado não significa substituir uma forma de exploração por outra, mas de aboli-las, todas, de uma vez e para sempre. A dominação de classe, que significa a Ditadura do Proletariado será transitória, ferrenha, para sufocar o inimigo de classe que tentará recuperar seus privilégios. Mais ainda como tem demonstrado a própria história, uma verdadeira liberdade e democracia para os povos, as massas de proletários, de trabalhadores, porque será seu poder, o poder operário, o poder popular.

É impossível chegar à emancipação social, à verdadeira liberdade, justiça e democracia, sem a emancipação econômica da classe, por isso a derrocada deste modo de produção baseado na propriedade privada dos meios de produção e da mudança está no centro de uma transformação profunda e radical. A luta pelo poder é para a classe operária e os oprimidos uma necessidade, e ao mesmo tempo este é um novo tipo de poder.

Conscientes deste papel, confirmamos e defendemos a tese de Vladimir Ilich Lênin que, para a classe operária, a consciência de seus interesses superiores é, em princípio, exterior a seu movimento, já que na sua luta, este só produz uma forma de consciência economicista. Por esta razão, é necessário um agente exterior que introduza a forma superior da consciência, a consciência de classe. Um agente que consiga conectar a luta cotidiana do trabalhador com seus objetivos políticos, que torne concreta a passagem “de classe em si, em classe para si” e que funda o movimento operário com as idéias do socialismo científico. O novo tipo de partido, o partido comunista, é a expressão mais clara desta consciência. Um partido com unidade ideológica, unidade orgânica e unidade programática; uma organização de organizações com elevada consciência de seus militantes; disciplina e abnegação na luta, laços de solidariedade e fraternidade; vinculo permanente com a classe operária e com os trabalhadores. Agora, mais do que nunca, continua vigente a necessidade de uma verdadeira organização de vanguarda entre a classe trabalhadora, que lute ombro a ombro ao lado do trabalhador, que desfralde as demandas do proletariado e a necessidade do socialismo.

Esse partido começou a ser construído no México, em 1919 quando foi organizado, inspirado na Revolução de Outubro de 1917 dirigida pelo Partido Bolchevique, a Seção Mexicana da Internacional Comunista. Embora, tenha sido em meados do Século XIX, quando a nascente classe trabalhadora começou a ter contato com as idéias do marxismo e o socialismo, foi somente em 1919 que se organizou um destacamento estável e de vanguarda na luta econômica, política e ideológica pela emancipação dos explorados.

O trabalho político dos comunistas começou a render frutos, pois foi formado um número maior de quadros, foi criado um sindicalismo independente e de classe, uma imprensa classista e revolucionária: El Machete. O desenvolvimento do partido político da classe operária teve uma crescente influência ideológica e política entre a classe operária e os camponeses, assim como um prestígio crescente entre os intelectuais e artistas, muitos dos quais ingressaram nas filas comunistas, entre eles o grande muralista David Alfaro Siqueiros.

No entanto, o desenvolvimento do partido foi submetido a duas pressões ideológicas que com o tempo foram prejudiciais. Por um lado, havia a denominada “ideologia da Revolução Mexicana” constituída pelas idéias dominantes da nova classe que conquistou o poder estatal com a revolução democrático-burguesa que teve início em 1910, mesmo que por pressão das forças mais radicais e avançadas, neste caso o zapatismo e o villismo, tenha inscrito transitoriamente demandas avançadas na Constituição de 1917, as quais, com o passar dos anos trairia e anularia pela via dos fatos e da contra-reforma constitucional. Por outro lado, havia o browderismo, corrente reformista e revisionista que surgiu no seio da Internacional Comunista, a Comintern, como um desvio de direita. Sob tais pressões aconteceu, no geral, a perda de independência e ação militante no movimento operário e nos seus principais instrumentos unitários. A “ideologia da Revolução Mexicana” engendrou o fenômeno do “charrismo sindical”. O charrismo sindical se caracteriza pela aliança das organizações sindicais com o Estado burguês, sob uma premissa oportunista que diz que o Estado surgido da Revolução Mexicana era um árbitro acima das relações operário-patronais, acima do conflito de classe. Trata-se de uma premissa oportunista, porque para o marxismo-leninismo o Estado é uma máquina de dominação e repressão a serviço da classe dominante, e seu caráter, de forma alguma é neutro, pois tem precisamente um caráter de ditadura de classe, e usa uma fachada democrática ou despoja-se dela se assim convém a seus interesses.

Por outro lado, com o browderismo foi ganhando força a idéia da renúncia à ação política, para exercê-la principalmente através das frentes, ou partidos-frente, pluriclassistas e com a concepção de que a chamada “burguesia nacional” tinha um papel progressista e condutor de tais processos. Assim, envoltos nos preceitos de Earl Browder, os comunistas só cumpriam o papel de clubes ideológicos, renunciando a disputar a hegemonia do processo de luta e à vanguarda da classe. A consigna levantada naqueles anos expressa claramente a confusão existente: “Unidade nacional!”. Esta consigna apresenta de maneira confusa o processo de concentração e centralização capitalista que sofreu o México durante essa época, como um caminho para a independência e o socialismo. Esta confusão conduziu aos pactos operário-industriais e à subordinação da classe operária e dos comunistas aos interesses de classe da burguesia.

Quando o movimento comunista internacional questionou tais concepções e as combateu frontalmente, o partido no México também o fez, mas só de maneira formal e sem levar este combate à frente ideológica contra as correntes oportunistas que, na periferia do partido, sustentavam e praticavam estas equivocadas concepções. A crise que se abriu com tais políticas se prolongou durante décadas e o desvio de direita não só se manteve latente, como encontrou no desenrolar ideológico, derivado do policentrismo, uma justificativa para a teoria das chamadas “vias nacionais ao socialismo” e a “transição pacífica ao socialismo”. Estas posturas, no caso de nosso país, podem ser resumidas na prioridade que se deu nesses anos à aliança com as chamadas “forças democráticas e progressistas”, ou seja, com a “burguesia nacional”.

O estudo profundo de tal teorização e as causas que estiveram na sua base é uma necessidade para nós e também para o contemporâneo movimento comunista internacional, embora existam estudos aos quais nós aderimos, já que contêm elementos explicativos, como é o caso da As Teses do Socialismo, Resolução do 18° Congresso do Partido Comunista da Grécia, que aborda a contrarrevolução que afetou a URSS e o Campo Socialista.

A decisão, em 1981, de liquidar o Partido Comunista Mexicano, encoberta na suposta unidade com outros grupos socialistas, nacionalistas e lombardistas, foi um duro golpe contra o que foi construído e avançado em meio a grandes dificuldades. Independentemente dos erros cometidos, há também uma história de 62 anos de luta com a classe operária, muitos deles de sacrifício e heroísmo, em meio a cruéis repressões. É necessário explicar esse fenômeno que se apresentou antes da Perestroika e da contrarrevolução, no entanto, desta experiência já podemos tirar a lição de que os comunistas não podem promover outra ideologia entre a classe operária. Mais que o marxismo-leninismo e que a frente ideológica contra as correntes pequeno-burguesas e oportunistas, é uma necessidade vital para a própria existência do partido comunista. O partido comunista se encontrará sempre na possibilidade de sofrer retrocessos, a não ser que dê uma importância permanente ao confronto ideológico com o oportunismo de direita e o oportunismo de “esquerda” e a todos os desvios. Manter-se no caminho correto desfraldando a bandeira vermelha não é uma questão conquistada, nem mecânica, mas uma necessidade na luta de classes e principalmente nas viradas radicais que nesta se apresentam.

No México, durante 13 anos foi inexistente o partido comunista, pois todos os partidos, grupos ou correntes naquela época renunciaram a ocupar tal lugar, considerando inviável. É necessário assinalar que, como resultado dos problemas no PCM, surgiram outras correntes comunistas, organizações revolucionárias que beberam nas idéias do marxismo-leninismo e que lutaram, consequentemente, pelo socialismo. É o caso de Arturo Gamiz e seus companheiros, que foram precursores no esclarecimento com a ideologia burguesa da Revolução Mexicana; é o caso também de Genaro Vázquez e Lucio Cabañas. Sua ação além de ser um exemplo, também nutre nossa aspiração e convicção de lutar pelo futuro “emancipador”. Também surgiram outros partidos operários, socialistas que, em sua atuação, contribuíram para divulgar as idéias do comunismo e da organização dos trabalhadores, mas que também entraram em uma crise ideológica e orgânica profunda nos anos 90 do Século XX.

Foi assim em 1994, quando a necessidade da existência do partido comunista foi retomada como tarefa principal. Colocados frente ao dilema de Hamlet, ser ou não ser, nós, comunistas do México respondemos: fomos, somos e seremos comunistas; fomos, somos e seremos construtores do partido comunista; fomos, somos e seremos organizadores pacientes e perseverantes da derrocada do capitalismo e impulsionadores da revolução socialista.

Em tempos em que o “viracasaquismo” e a “desideologização” se mostraram no mundo, nós, comunistas, mantivemos a convicção na vigência do marxismo-leninismo e do partido como instrumento do proletariado e da luta pela tomada do poder. Mantivemos a idéia de que a classe operária, como sujeito da revolução e o partido como seu instrumento de luta, não eram dogmas aos quais se aferravam uns nostálgicos, tresnoitados, mas uma tese sustentada na análise do momento histórico concreto que nos coube viver. Por esta razão voltamos ao estudo árduo e persistente dos clássicos do marxismo-leninismo. Temos de sublinhar que a chamada “desideologización”, na verdade era a pretensão ideológica de impor um “pensamento único”, que procurava sustentar que não há alternativa ao capitalismo, já que este podia abranger as aspirações de liberdade e democracia de todo o mundo, com o mercado “livre” como fiador de tal concepção. Hoje, podemos dizer, depois dessa longa noite, que a história, a análise da mesma e os fatos desmentiram uma e outra vez aquela soberba pretensão.

No entanto, a experiência também nos mostrava que muitos dos preceitos sobre os quais foram construídas linhas estratégicas da luta, tanto no México como no mundo, já não eram vigentes ou tinham sido errados. O mundo havia mudado, afirmando princípios fundamentais e defendendo a experiência histórica que significou o triunfo da revolução bolchevique e a construção do primeiro Estado proletário, mas também questionado muitos preceitos. E assim, demos os primeiros passos, acumulamos experiência, esboçamos e formulamos conceitos a partir dos problemas que a realidade coloca e aos quais fomos dando conteúdo e forma, na medida em que apareciam novos elementos, novas situações, novos problemas. Avançamos, apesar de tudo.

É preciso reconhecer, no entanto, que cometemos erros, um deles foi considerar que tal objetivo seria alcançado através da unidade da esquerda socialista. O recente fracasso da unidade com os companheiros do Partido da Revolução Socialista prova isso. Porque a unidade pela unidade desviava o fator principal sobre o qual se fundamenta o novo tipo de partido, que é a unidade ideológica plena, política e orgânica. A construção de um novo tipo de partido não é um processo mecânico, uma mera soma de quadros ou uma questão de voluntarismo (mesmo que não neguemos que para a construção do partido é necessária a conjunção das vontades individuais unidas com as aspirações e unidade ideológica da classe). Aprendemos que a construção do instrumento de luta do proletariado se dá no calor da luta de classes à qual o partido não é alheio; aprendemos também que o debate permanente sobre os “como” e os porquês, sobre a estratégia e a tática, têm como premissa uma forte unidade ideológica. A virada na luta de classes que implicou a ofensiva capitalista sobre os trabalhadores e o movimento anticapitalista em geral, pôs o partido à prova, com uma crise orgânica que iniciou em outubro de 2009, onde foi ficando claro que os companheiros desenvolveram sua própria política, com base na sua própria estrutura organizativa. Não é este o momento da avaliação definitiva, mas sim de reconhecer que esta aprendizagem reforça a necessidade do passo que estava fixado como objetivo desde 1994.

A unidade como aspiração e estratégia fundamental derivava do fato de que a crise do comunismo no México dispersou os núcleos militantes fracionando-os. E, com otimismo, visionavam melhores perspectivas, com base na unidade. A prática demonstrou que isso não é o bastante.

No entanto, não devemos confundir a nossa crítica aos processos unitários como base fundamental da construção do partido com a luta por unir, convergir, com outros esforços em um movimento anticapitalista, anti-imperialista e antimonopolista.

A crise internacional do capitalismo se aprofunda, é uma crise de superacumulação e superprodução, é intrínseca a esse modo de produção, embora o empobrecimento do nível de vida afete toda a população, é certo que a maior agressividade é sobre a classe operária, mais ainda, no México, sobre os trabalhadores e trabalhadores agrícolas, assim como os camponeses pobres e sem terra. O sistema imperialista, com os EUA no topo, é confrontado por grandes mobilizações do proletariado; a onda de greves gerais na Grécia, dirigidas pelo PAME, sob orientação do KKE dinamizaram os trabalhadores da Europa e do mundo; Em Portugal, Espanha e França a classe operária é massivamente mobilizada; novamente é a classe operária que se coloca no centro da luta anticapitalista. O papel dos partidos comunistas e operários nas próximas jornadas de luta será determinante e reinaugurará o ciclo de transformações revolucionárias. Isto se soma à luta anti-imperialista que tem epicentro na América Latina, onde com diversas formas de luta, povos e organizações opõem resistência a uma verdadeira guerra por parte do capital.

A clareza da estratégia pelo socialismo-comunismo é a chave no caminho a uma alternativa anticapitalista. Neste sentido, situamos à frente da recomposição do movimento comunista a atividade do Partido Comunista da Grécia, que para nós é o exemplo, hoje, de um partido que desenvolve o conflito de classe, que orienta à ruptura com o sistema, que desenvolve teoria e ação, que não cede ao canto de sereias, que desfralda e tremula as bandeiras vermelhas do comunismo juntamente com a concretização de uma prática militante da própria classe operária, que conecta a solução dos problemas de hoje com a economia popular, o poder popular e o socialismo.

Nosso partido chegou à conclusão de que a defesa e o balanço crítico da experiência socialista estão na base da elaboração da estratégia pela derrocada do capital e a construção da nova sociedade. Por isso apoiamos com firmeza um trabalho em tal direção, como o da Revista Comunista Internacional e a coordenação de partidos comunistas com base ideológica. Ao mesmo tempo prestamos e prestaremos solidariedade, sem rodeios a todos os povos e organizações revolucionárias.

Seguimos o exemplo de milhares e milhares de militantes e operários que sacrificaram suas vidas no mundo inteiro para dar um passo adiante na luta pelo socialismo. Reconhecemos a importância que tiveram para este objetivo os processos organizativos na América Latina. Somos produto do dinamismo da luta de classes. Reconhecemos o esforço e a entrega da Revolução Cubana e dos processos revolucionários inconclusos que nosso Continente testemunhou no curso do século passado. Todos eles foram e continuarão sendo um exemplo para nós na luta anti-imperialista e pela construção de uma sociedade socialista.

Não é casual que, simultaneamente, aumente o ritmo da luta de classes e que com a crise econômica do capital, surja também uma crise de dominação, isto é, uma crise do conjunto da classe dominante e seu Estado.

Nossa afirmação da luta atual pela Revolução Socialista e um Partido melhor preparado para tal ação emana da maturidade das condições e do pleno desenvolvimento do capitalismo na fase dos monopólios. O capital no México se acha plenamente inserido nas relações imperialistas, praticamente não há nenhuma característica do mercado interno ou externo que não esteja ligado por inumeráveis laços ao sistema imperialista mundial. Dentro da pirâmide imperialista o México ocupa uma posição intermediária, seu capital é interdependente com relação a outros, sobretudo, é claro, no caso dos EUA.

Uma das características principais da fase imperialista de desenvolvimento do capitalismo como definiu Lênin, a exportação de capitais, não só existe como se fortalece. De janeiro de 1995 a dezembro de 1997 a transferência de ativos por empresas e cidadãos mexicanos ao exterior somou 6.551.600 bilhões de dólares. Para efeitos comparativos, por cada dólar de capital exportado pelo México entre 1995 e 1997 foram exportados 9 dólares entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009. A magnitude do capital transferido ao exterior nos últimos três anos superou facilmente a entrada de novos investimentos estrangeiros nos seis anos precedentes, que foi de 56.173.5 bilhões de dólares, segundo o Banco do México.

Algumas forças caracterizam de outra maneira o desenvolvimento das relações de produção capitalista no México, atendendo a características de caráter secundário. Por exemplo, não se caracteriza como capitalista o domínio que a burguesia exerce sobre estes enormes meios em virtude do modo que se apropriaram dos mesmos; negam seu caráter por tratar-se de despojos entregues a custos ridículos por parte do Estado, roubo, etc. O próprio Marx já tinha explicado o papel que tem a acumulação originária na formação do capital, e como este processo de fato se repete constantemente. Independentemente do modo de apropriação, este capital está sendo utilizado em um processo de acumulação; acumulação que, além disso, é levada a cabo utilizando a concentração e centralização que permite o domínio dos monopólios.

Quanto às forças políticas burguesas, atendendo a sua tática, algumas admitem e outras negam a realidade da plena inserção do México nas relações imperialistas. Aqueles que por manobra tentam ocultá-la usam confusamente como argumento a, ainda ampla, camada de pequenos burgueses e o impressionante número das pequenas e médias empresas. A teoria marxista explica como a pequena e média empresa cumpre um papel dentro do capitalismo como pioneiras do progresso tecnológico, abrindo brecha em novos mercados e em novos ramos e, posteriormente, são destruídas pela alta contínua da taxa de produção e a composição orgânica de capital. A pequena e média empresa constantemente é varrida pela crise neste país, funcionando como um colchão para o desemprego que cada vez se contrai mais. As estatísticas mostram como de ramo em ramo a pequena produção também passa a ser concentrada e lentamente, com avanços e retrocessos, uma proporção cada vez maior da pequena burguesia se proletariza. Como exemplo, destacam-se as lojas de conveniência que, em menos de uma década, a FEMSA-OXXO passou a dominar; os estabelecimentos de alimento também estão em um evidente processo de converter-se em uma indústria organizada.

Devemos lembrar que o Imperialismo não é uma relação entre colônia e metrópole, esta é uma forma que pode adotar historicamente, mas uma determinada fase de desenvolvimento do capitalismo na qual esteja inserida a grande maioria das economias capitalistas.

Quanto ao México, afirmamos que este não escapa desta fase de desenvolvimento e destas relações imperialistas. Nós afirmamos que dentro da pirâmide imperialista o México ocupa uma posição intermediária; que o capital no México é interdependente em um sentido econômico, político e militar com relação aos capitais monopólicos aliados no NAFTA e em outros acordos; que estes acordos são desiguais e a favor do capital mais forte que, no entanto favorecem os interesses da burguesia no seu conjunto e afetam os interesses dos trabalhadores e os povos das economias envolvidas.

Afirmamos que o Estado mexicano e os partidos que governam este país (PAN, PRI, PRD, PT, PVEM e Convergência) são a expressão do poder dos monopólios, que a chamada “burguesia nacional” não “entregou” os bens em seu poder, o que se deu foi uma integração e uma aliança entre capitais monopolistas.

Por último, afirmamos, derivado do que foi dito anteriormente, que uma luta por relações capitalistas mais justas não procede, e que a única saída dos acordos e alianças interimperialistas é a ruptura com o capitalismo, e a Revolução Socialista.

Um conjunto de condições amadureceu o processo para que completemos a tarefa estabelecida. Por essas razões:

Aos cem anos da explosão da Revolução social de 1910, em homenagem às batalhas precursoras do movimento operário, as greves de Cananea, Río Blanco, em homenagem aos exércitos camponeses de Emiliano Zapata e Francisco Villa, às massas populares construtoras da História.

Aos 91 anos da fundação da Seção Mexicana da Internacional Comunista, em homenagem aos comunistas que lutaram para organizar a classe operária, para divulgar as concepções científicas do marxismo-leninismo. Em homenagem ao primeiro partido comunista.

Aos 16 anos que foi fixada a meta.

Já circula a convocatória para que nos dias 20 e 21 de novembro, na Cidade do México aconteça a Primeira Sessão Plenária do nosso IV Congresso; a Segunda Sessão Plenária deverá ocorrer em 29 e 30 de Janeiro de 2011. A Primeira Sessão já abordará a proposta de adoção do nome que cientificamente expressa nossos princípios: Partido Comunista do México, os novos Estatutos e a eleição dos órgãos de direção. Será adotada também uma Resolução Política sobre a grave crise que vive a classe operária, e de maneira particular a juventude trabalhadora e a mulher trabalhadora, os povos indígenas, os camponeses, as camadas médias da sociedade, a profunda crise econômica e social de nosso povo, e também a crise política que afeta a burguesia no seu conjunto. Com tal Sessão iniciará o debate ideológico interno em torno do Novo Programa e das Teses Gerais do Partido para ser aprovadas na segunda Sessão Plenária.

Pensamos que tais definições emergem pela maturidade das condições objetivas e subjetivas e que permitirão uma maior e melhor contribuição dos comunistas à luta geral do movimento anticapitalista que emergiu em 2005-2006. Permitirão um melhor cumprimento das nossas ações no movimento operário e dos trabalhadores, que hoje, no terreno sindical, só pode escolher entre um sindicalismo patronal e colaboracionista, e um sindicalismo reformista; e que no plano político, embora existam como elementos programáticos do movimento anticapitalista, a luta pela expropriação dos meios da produção e pela mudança, nós comunistas pensamos que tais elementos devem estar conectados estreitamente com uma estratégia pelo socialismo e pelo comunismo. Nossa experiência indica que o caminho é um movimento anticapitalista, antimonopolista e anti-imperialista; o fortalecimento desse movimento, no qual o partido comunista desempenhe um papel ao mesmo tempo em que se fortalece no meio da luta, e guiado por sua estratégia e sua tática, assim como suas elaborações programáticas.

Tais definições nos permitirão cumprir melhor com nossos deveres internacionalistas, maior apoio e vinculação aos partidos comunistas e ao movimento revolucionário e anti-imperialista.

Essas definições permitirão que a classe operária conte com um destacamento de vanguarda, firme, armado da teoria de vanguarda.

Essa é nossa aspiração, esse é nosso compromisso!

Partido Comunista do México, continuidade do trabalho das organizações precursoras, em homenagem aos lutadores pela terra, assassinados pelos guardas brancos; em homenagem às greves dirigidas por Herón Proal; em homenagem a Julio Antonio Mella, J. Guadalupe Rodríguez; em homenagem a centenas de militantes presos no presídio de Lecumberri e nas Ilhas Marias, militantes do PCM e da Federação Juvenil Comunista; em homenagem às lutas operárias da Central Sindical Unitária do México, da unificação proletária; em homenagem aos reprimidos e assassinados nas greves ferroviárias e de professores, nas ocupações de terras; em homenagem aos caídos no dia 23 de Setembro de 1965 ao tentar assaltar o Quartel da Cidade Madeira na Sierra de Chihuahua, em homenagem a Rubén Jaramillo.

Partido Comunista do México que olha adiante, ao futuro, que dá continuidade a uma luta que se projeta pelas amplas avenidas da emancipação social.

Partido Comunista do México, como Lênin ensinou, para despojar-nos da roupa suja. Partido Comunista do México, o nome que concentra a história e o futuro.

Partido Comunista do México, partido do socialismo científico, partido de luta do proletariado, dos párias da terra, da faminta legião.

Proletários de todos os países, uni-vos!

A Comissão Organizadora do IV Congresso do PCM

Pável Blanco Cabrera, Héctor Colío Galindo, Marco Vinicio Dávila Juárez, Eliseo Macín Hernandez

Fonte: http://comunistas-mexicanos.org/index.php?option=com_content&view=article&id=514

Tradução: Valeria Lima

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