A necessária organização revolucionária para a defesa do projeto bolivariano
É possível dizer que a revolução Venezuelana é resultado da crise estrutural do capitalismo em escala global, assim como também das contradições sociais, econômicas e ético-políticas desenvolvidas no país nos últimos 100 anos, no que se denominou quarta república. É um processo político de participação popular de profundas raízes sociais e históricas, que se mantém na consciência coletiva através do tempo. Tal processo fica refletido no projeto de país, na Constituição da República Bolivariana da Venezuela, onde estão expostas essas idéias; na reivindicação da identidade venezuelana (história-cultura-soberania), nas pretensões fundamentais do povo venezuelano, na distribuição equitativa do patrimônio nacional coletivo, no desenvolvimento de políticas econômicas, internacionais e de defesa da soberania, na independência solidária e igualitária e entre outros aspectos.
No mesmo momento que assumiu o governo o Presidente Hugo Chávez, a Revolução Bolivariana vem sendo vítima de inumeráveis agressões em sua maioria perpetradas pelo imperialismo norte-americano, de todas as formas existentes. A política seguida pelo pentágono é uma resposta à ação do governo bolivariano que favorece às grandes maiorias do povo venezuelano e atenta contra os interesses do capital transnacional e da oligarquia criolla.
Frente à realidade descrita, é preciso fazer um chamado de atenção aos militantes e simpatizantes do movimento bolivariano, pois o partido é o instrumento para informar e organizar o povo para fazer frente à guerra Ideológica (denominada de IV geração). É uma guerra travada através da indústria cultural (mass-média, redes eletrônicas-informáticas, intelectuais orgânicos ao serviço do capital, religiões, sistema educativo), que difundem de maneira permanente as matrizes de opinião orientadas a tergiversar-manipular a população da Venezuela e do resto do mundo. Tal guerra, também está articulada à Guerra Econômica que, mediante diversos mecanismos, se adianta contra a economia venezuelana, entre outras; com a fuga de divisas, sabotagem e greve intencionada da produção, monopólio, especulação, contrabando de extração. Também está na ordem do dia a Infiltração dos agentes do imperialismo e da direita venezuelana em importantes organizações políticas revolucionárias, assim como instâncias fundamentais do Governo Bolivariano e do Poder Popular.
Para executar a diretriz planejada faz falta uma organização revolucionária com militância comprometida.
Com relação ao tema da militância e o seu compromisso político, nos parece pertinente a valorização que faz o Presidente do Uruguai, Pepe Mujica, veterano dirigente revolucionário. “Nós militantes não somos ‘super-homens’ que não erram. Não carregamos uma cruz de sacrifícios, não somos corajosos e nem abnegados voluntaristas.
Somos seres comuns e correntes que não renunciam às ‘coisas boas da vida’, que sentem alegria com um vinho, com uma boa comida, com um abraço, com um concerto musical, com uma exposição artística, com um filme, com uma porção de amigos, que ‘não dizemos não quando o amor promove uma guinada numa esquina da vida’. Somos como qualquer um, mas reservamos um pedaço da existência, da alma, para construir sonhos coletivos. Nós militantes tratamos de transformar em força coletiva de massas o que sozinho perde um potencial gigantesco. Esta transformação requer organização, compromisso, disciplina, desfrute e paixão, com e pela atividade política, pois ‘o progresso da condição humana requer que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida à serviço do ‘progresso’ humano” (Revista Vento Sul).
Essa é a orientação que nos deveria assinalar a práxis política. Mas, pelo contrário, deixa muito a desejar numa organização como o PSUV, que já começa a desviar-se para uma estrutura que repete os velhos vícios do mesmo “sistema” que aspira destruir (até estatutários), que cria dificuldades à confrontação livre de opiniões, onde a luta interna está se expressando através de rasteiras, grupelhos, pactos entre grupos e negócios obscuros. Estruturas assim terminam por produzir militantes medíocres, condicionados, cujo valor e espírito crítico são anulados, convertendo-se em repetidores de clichês pseudo-revolucionários, originando um distanciamento das massas, forçando-as a outras opções.
Sem vanguarda política que mobilize a população não existirá defesa efetiva do processo revolucionário. É necessário avançar e consolidar instâncias para a formação política da militância e dos cidadãos em geral. Nosso trabalho e a nossa ação como revolucionário, deve se acontecer em todos os espaços e instâncias. Elas devem orientar-se a impedir o crescimento do capitalismo.
Por fim, é preciso empenho na construção de uma verdadeira organização política revolucionária para avançar na auto-organização social. Uma militância profunda é a chave para que perdure o projeto revolucionário, esse é um dos pontos cabais do debate político atual.
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