Frente Polissário
Delegação Sarauí para a Espanha
A Frente Pela Libertação da Saguia el HamraeRiodeOro (Frente Polissário) é mais que um partido político, um exército de libertação ou um movimento independentista. Algo mais que os alicerces do governo da República Árabe Sarauí Democrática, hoje ocupada em 75% pelo Marrocos. É o representante legítimo da sociedade sarauí, do povo, de sua própria história moderna.
Os eventos de Zemla de 17 de junho de 1970, liderados por Bassiri, marcam a gênese do moderno nacionalismo sarauí, um movimento que se configura diante da intransigência da então potência colonizadora, Espanha.
Madri reprime a sangue e fogo a primeira manifestação em massa que reivindica a autodeterminação do Saara Ocidental, um fato que não só freia, mas impulsiona e estende a luta de libertação por todo o território, introduzindo o componente de resistência armada.
A criação da Frente Polissário, no dia 10 de maio de 1973, a iniciativa do extraordinário líder sarauí El Uali Mustafá Sayed, supõe a cristalização de um nacionalismo maduro, que enfrenta, primeiro, com escassos meios, o exército espanhol e, depois do abandono da colônia do país europeu, os exércitos mauritano e marroquino. Apesar das dificuldades dos primeiros tempos, o crescimento do Polissário é meteórico e as ações de seu braço armado, o Exército de Libertação Popular Sarauí (ALPS) não fazem mais que aumentar seu prestígio entre a população sarauí.
No dia 12 de maio de 1975, uma Comissão da ONU viaja ao território sarauí com o objetivo de analisar o conflito territorial, tornando público ao regressar que “o Polissário é a única força política dominante no território e que a imensa maioria do povo deseja a independência”.
A Frente Polissário proclama a constituição da República Árabe Sarauí Democrática no dia 27 de fevereiro de 1976, o mesmo dia em que o último soldado espanhol abandona o Saara Ocidental. Depois da saída da Espanha e a entrada da Mauritânia e Marrocos, o Polissário se vê obrigado a proteger às milhares de pessoas que fogem dos novos exércitos ocupantes e a organizar seu assentamento no deserto de Tindouf. Nesta hégira, a aviação alauita chegou a bombardear com napalm e fósforo vários acampamentos de refugiados, provocando a morte de centenas de civis.
A Mauritânia, após constatar terríveis perdas materiais e humanas, incapaz de derrotar um exército popular cada vez mais preparado e com mais meios, assina a paz com o Polissário em 1979, um fato que é aproveitado pelo Marrocos para ocupar automaticamente o território deixado pelos mauritanos.
O Polissário, ao mesmo tempo em que tenta iniciar seu modelo de sociedade nos acampamentos de refugiados de Tindouf, dirige a guerra contra o Marrocos até o cessar-fogo de 1991 e, a partir de então, as negociações para pôr em prática os planos de paz das Nações Unidas e a descolonização total do território.
Desde sua constituição a Frente Polissário realizou doze congressos e teve dois secretários-gerais:
El Uali Mustafá Sayed, desde 10 de maio de 1973 até 9 de junho de 1976.
Mohamed Abdelaziz, desde 30 de agosto de 1976 até o momento.
O Congresso Popular é a máxima instância política da Frente. No seu seio se confecciona o programa de ação nacional e são tomadas as decisões mais importantes da vida do povo sarauí.
Traduzido por: Valeria Lima