Tropas da ONU matam dois haitianos durante protestos contra a MINUSTAH

As tropas da ONU, nas quais existem argentinos, brasileiros, uruguaios, bolivianos, equatorianos, seguem reprimindo os protestos do povo haitiano. Atuam como tropas de ocupação contra um povo esfomeado e devastado.

Cabo Haitiano.- Ao menos duas pessoas foram mortas por ferimentos à bala no norte do Haiti, durante uma série de enfrentamentos entre capacetes azuis e manifestantes.

A população haitiana culpa a Missão de Estabilização da ONU (Minustah) de originar a epidemia de cólera, causadora de 917 mortos.

Num comunicado, a missão da ONU informa que um grupo de capacetes azuis foi atacado violentamente e alvejado por manifestantes em Quartier Morin, um subúrbio das cercanias de Cabo Haitiano, a segunda cidade do país.

Alegando “legítima defesa”, um dos soldados causou uma morte entre os manifestantes. Nesta cidade, ocorreram incidentes ainda mais graves. Centenas de pessoas protestaram na ruas, usando barricadas em chamas e incendiando uma delegacia de polícia.

“Toda a cidade está bloqueada. O comércio e as escolas estão fechadas. Muitos carros estão sendo queimados”, declarou à Reuters um empresário da cidade. A agência EFE, citando a emissora local Rádio Kiskeya, informou sobre a morte de uma segunda pessoa, em Cabo Haitiano, no Quartier Morin, um subúrbio das cercanias.

Também ocorreram incidentes na localidade de Hinche, no centro do país, onde os manifestantes lançaram pedras contra os capacetes azuis, acusados de gerar a epidemia. A ONU nega que as latrinas do acampamento dos soldados sejam a fonte do surto.

Os capacetes azuis culpam os agitadores políticos pelo aumento da violência. O empenho teria como objetivo criar tensionamentos por conta das eleições legislativas e presidenciais, previstas para 28 de novembro.

A Minustah, que controla uma força de 12.000 soldados, “reitera seu firme compromisso de apoiar a polícia haitiana na manutenção da ordem e da segurança do país, para garantir o processo eleitoral e a reconstrução do Haiti”. Em nota, a missão internacional “pede que a população permaneça vigilante e não permita que os inimigos da estabilidade e da democracia do país os manipule”.

Pugliese estima que a população se encontra numa situação de “fragilidade emocional” por conta dos últimos acontecimentos que o país registrou, como o terremoto em janeiro, a tormenta tropical e a epidemia de cólera. No mais, os haitianos se preparam para as eleições legislativas e presidenciais de 28 de novembro. “Os espíritos estão agitados” e são “manipuláveis”, disse o porta-voz da ONU.

De qualquer maneira, ainda que o aumento da violência gere dúvidas sobre a segurança nas eleições, a ONU e as autoridades haitianas seguem comprometidas com a sua celebração, para eleger o substituto do atual presidente, Renè Preval, assim como dos 99 membros do Parlamento e de 11 dos 30 senadores.

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza

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