Greve Geral no Uruguai: Quando o governo vai para a direita, atuamos firmes

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O movimento sindical uruguaio viveu hoje uma das maiores greves gerais, em adesão e participação dos trabalhadores e organizações sociais, desde que a Frente Ampla (FA) assumiu a presidência da República. Nesta terceira greve geral de 24 horas, todas elas realizadas durante o governo de Tabaré Vázquez, estima-se que se somaram à medida cerca de um milhão de pessoas, que se converteram em uma rotunda “greve do movimento popular uruguaio”. “Que ninguém se confunda. Nós trabalhadores passamos pela prova de luta contra a ditadura fascista, de luta de 20 longos anos de neoliberalismo e quando, às vezes, o governo vai para a direita, atuamos firmes para colocar as coisas em seus eixos”, afirmou Marcelo Abdala, Secretário Geral do PIT-CNT, na coletiva de imprensa.

Fernando Pereira, Presidente do PIT-CNT, na coletiva de imprensa, informou que o percurso realizado nas primeiras horas do dia demonstrava que a adesão à greve era muito importante e que “era emocionante ver o terminal de ônibus do Cerro absolutamente vazio e ver a linha 125 (de Cutcsa) sem gente” (aplausos). Acrescentou que “hoje é o final da etapa. Uma greve não é uma greve espontânea. Esta greve foi preparada por milhares de trabalhadores ao longo e ao largo do país. Foram eles que distribuíram mais de meio milhão de panfletos, conversaram com pequenos e médios comerciantes, com o pequeno produtor e geraram consciência de que se os trabalhadores vão bem, o povo vai bem. Se a gente ganha um pouco mais, compra um pouco mais de fruta e verdura. Vai à famácia e compra o medicamento que necessita…”.

Disse que vários “companheiros dirigentes sindicais projetaram que a adesão à greve seria o dobro dos 400.000 filiados à central sindical e descobrimos que conseguimos. Podemos assegurar que cerca de um milhão de trabalhadores aderiram a essa medida. Em qualquer parte do mundo isto é muito. É a participação de trabalhadores, aposentados, estudantes, cooperativistas, entre outros setores que se somam à plataforma do PIT-CNT. Isto é a constatação de que não estamos apenas ante uma greve do movimento sindical. É uma greve do movimento popular uruguaio, do bloco social das mudanças, ao qual nunca iremos renunciar. Por isso, estão conosco nossos queridos companheiros da Fucvam, da FEUU, dos aposentados e pensionistas organizados em todo país através da Onajpu. O Reitor da Universidade da República, Roberto Markarian, também apoiou a plataforma do PIT-CNT. Alguns acreditarão que é uma surpresa, no entanto seria uma surpresa que a Universidade não estivesse junto da classe trabalhadora. Esta é a mesma Universidade da saída da ditadura, é a academia comprometida com a classe trabalhadora e como povo. Saudamos o reitor e a todos os companheiros universitários, docente e não docentes, e aos estudantes. Todos unidos, de uma forma ou outra, à classe trabalhadora em sua mais ampla expressão”.

Pereira destacou que todos estes setores apostam em “uma pátria diferente. Agora parece um pecado dizê-lo, porém nós vamos rumo ao socialismo. É longo o caminho, porém vamos por ali. Estamos festejando 50 anos de unidade sindical, o que não é ter uma organização unida durante 50 anos. É seguir determinados postulados que os forjadores da unidade foram capazes de fazer. Um desses postulados é que por trás da luta, o movimento sindical sempre se baseia em ideias. Não inicia lutas e depois pergunta para que. Primeiro, apresenta ideias e, depois, vê quais são as medidas táticas para levá-las adiante. Para nós, parar 24 horas não é um esporte. Paramos para mudar a realidade. Entre a realidade que queremos mudar está a pauta salarial que o Poder Executivo fixou para esta rodada de Conselhos de Salários, a qual é muito negativa para os interesses dos trabalhadores. É pior que a do ano de 2015”.

Após explicar os motivos pelos quais a pauta é pior, assinala que “vamos utilizar todos os instrumentos que estejam ao nosso alcance para modificar esta pauta. E se não ela não for modificada, é evidente, é notório, e não é porque o diga, os sindicatos estão se preparando para uma mobilização gigantesca para o próximo semestre. O que devemos ter claro é que o povo mobilizado conquista coisas, companheiros. Obtém mudanças. Conseguirão coisas como o serviço doméstico, “o que ajuda em minha casa”, conseguiu em seu quarto convênio coletivo (aplausos). Trata-se de que o Poder Executivo entenda que estamos tentando manter o salário. O fazemos através de duas medidas muito simples: que sejam utilizados os acordos do ano passado e que seja colocada uma correção ao final de cada ano”.

Pereira assinalou que o anúncio do governo de um investimento da UPM não diminui o protagonismo da greve do PIT-CNT e “se ocorrer um investimento no Uruguai, que gerará milhares de empregos na área da construção e da metalurgia, se cuidar do meio ambiente, se acontecer por parte da empresa negociação com o movimento sindical, se servir para o desenvolvimento da ferrovia uruguaia, estamos diante de uma boa notícia. As boas notícias são aplaudidas. Não temos a ilusão de que em um dia de greve não podemos aplaudir algo que pode ser positivo para o Uruguai. O que reclamamos é que os insumos dessas plantas sejam uruguaios e que se gere produto nacional. Uma greve de um milhão de trabalhadores não se obscurece com nenhuma notícia”.

O Presidente do PIT-CNT lembrou da reunião com a bancada da Frente Ampla (FA), na qual pediram que não demorem a investir na área da educação, da saúde e o INAU.

Finalmente, Pereira emocionado disse que “nos sentimos orgulhosos de pertencer a este movimento sindical, que comemora 50 anos. Porque quando é preciso dizer presente, diz presente. Quando é preciso demonstrar a independência de classe, a demonstra. Quando é preciso demonstrar que não somos indiferentes à mudança, também o demonstra. Está muito equivocado aquele que acredita que é a mesma coisa para o movimento sindical a era progressista que a era neoliberal. Isso não tem nenhuma relação, porque tem éticas distintas. Porém, tampouco estamos dispostos a voltar atrás nos avanços que conquistamos”.

Fonte: http://www.pitcnt.uy/index.php/sala-de-prensa/item/1588-cuando-el-gobierno-se-nos-va-para-la-derecha-actuamos-firmes

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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