PC do Uruguai: os muros que incomodam a direita

Montevidéu, 20 fev. 2012, Tribuna Popular TP/El Popular –Uruguay.-  No fim de semana passado, o Comitê Central do Partido Comunista do Uruguai se reuniu, assim como as direções de vários setores frente-amplistas, para analisar a situação política e, especialmente, a posição e estratégia para as eleições de 27 de maio. A declaração que segue nesta mesma página e que foi enviada a todos os meios de comunicação, mostra claramente quais foram os temas discutidos e qual a linha definida.

Nesse mesmo sentido se expressaram vários dirigentes do PCU ao longo da reunião.

A cobertura do resto das deliberações dos grupos frente-amplistas se referiu as suas posturas sobre as candidaturas, no caso do PCU, foi feita, primeiramente, por dois jornais. Depois, com grande divulgação nos meios de comunicação, foi transmitido que os comunistas iriam sair pelos bairros, pintando muros «contra o governo» ou «com reivindicações ao governo».

Não é novidade que a direita ataque o PCU. O mesmo vem ocorrendo ao longo de seus 91 anos de existência e é feito de muitas maneiras: no terreno ideológico, político, econômico e, também, não esquecendo os atentados, as provocações rasteiras e o terrorismo de Estado na ditadura.

No entanto, o que não se deve deixar passar é a tentativa, mais uma vez, de distorcer, no mínimo, as posições do PCU.

O que tanto incomoda a direita política e midiática? Por que apresentar como uma grande notícia o fato do PCU sair às ruas pintando muros?

Até o mais distraído sabe que os comunistas sempre pintaram muros, sempre fizeram agitação e a mobilização nas ruas é um símbolo da sua identidade.

Pintaram muros inteiros durante a ditadura, quando esse ato custava algumas vidas, no período de recuperação democrática e durante os governos municipais e nacionais da Frente ampla.

O programa de propaganda e comunicação do PCU para 2012 e para as eleições internas contempla uma primeira etapa, já em andamento, que é defender as conquistas dos governos da FA com a palavra de ordem «Coisas que aconteceram»: fim da impunidade, baixo desemprego, o Plano Ceibal, recuperação dos salários, reforma da Saúde, etc.

Numa segunda etapa, sob o slogan «Existem coisas que precisam acontecer», será apresentado o que resta ser feito e virá a finalização.

Nesta segunda etapa, não existe nenhum ataque ao governo, salvo que se tome a crítica construtiva como tal e que se entenda que pintar e difundir o programa da Frente Ampla, as propostas do documento de Estratégia da Frente Ampla, aprovado por unanimidade, é atacar o governo.

Por outro lado, a ação do PCU se pauta na propaganda, isto sim uma propaganda, do presidente da República, José Mujica, que definiu este ano como decisivo e destacou «a necessidade de concretizar» iniciativas do governo ainda não colocadas em prática.

Alguém disse ou pensou que Mujica pedia que atacassem o governo? O estranho é que esta campanha encontrou eco em alguns dirigentes de setores da FA que, sem ver os muros, sem falar com o PCU, deram por verídicas as versões da direita e se mostraram preocupados com a «possibilidade de minar a unidade».

O PCU promoveu reuniões com todos os setores da FA, onde apresentou, com absoluta franqueza, a posição política que, entre outras coisas, propõe um candidato de consenso para evitar que a eleição interna se transforme numa polarização de setores ou pessoas.

Isso é minar a unidade? O PCU propõe que as eleições de 27 de maio sejam um confronto com a direita, para mobilizar, para aproximar a Frente Ampla do povo, para fortalecê-la.

Não existem mistérios e nem conspirações. O PCU saiu e sairá para pintar muros com os programas da FA, com as palavras de ordem da FA e militará por elas.

O fará a partir de sua concepção, que não é segredo para ninguém, de aprofundamento das mudanças, no marco do enfrentamento de dois projetos de país. Um, com mais justiça social e soberania. O outro, o das classes dominantes, que implica mais dependência e miséria.

O fará, como sempre, assumindo crítica e autocriticamente a gestão do governo que integra e sente como próprio, porém também desenvolvendo a ação política da Frente Ampla, com mais unidade e mais participação popular, promovendo o protagonismo dos trabalhadores organizados e sua mobilização, construindo pacientemente o bloco alternativo ao das classes dominantes.

Isso é o que incomoda a direita.

Que falem dos dois projetos de país, que digam que é necessário mobilizar mais, que digam que querem caminhar para uma restauração conservadora e eliminar todos os avanços, que são muitos, conquistados pelos governos da Frente Ampla e a luta de nosso povo.

Então, que se remoa, se preocupe.

Todo os sistema de comunicação e o esforço militantes, que é apenas o que possui o PCU para pintar muros e expressar suas ideias, estará posto à serviço da unidade, do fortalecimento do governo e do aprofundamento das mudanças.

Da mesma forma como estiveram, e dizemos com orgulho, na edição especial, de distribuição gratuita do EL POPULAR, em homenagem ao 41º aniversário da Frente Ampla e no programa especial do EL POPULAR na rádio, com as participações de Tabaré Vázquez, Ana Olivera, Patricia Ayala, Marcos Carámbula, Osear de los Santos, Artigas Barrios e Jorge Brovetto.

A direita então que se preocupe.

Existem muitos muros pintados por comunistas e existirão muitos outros, mas nenhum para atacar a Frente Ampla. Todos para defender um projeto de país oposto e contrário àqueles que desejam o retorno de Pedro Bordaberry e Luis Alberto Lacalle.

Tradução: Maria Fernanda M. Scelza (PCB)

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