Os comunistas e as eleições no Uruguai

imagemPartido Comunista do Uruguai

Queremos – antes de tudo – enviar nossas mais fraternas saudações e reconhecimento aos milhares de militantes que, em todo o país, colocaram a campanha eleitoral em seus ombros para defender os avanços populares, o nosso projeto político e o da Frente Ampla. Depois de conhecer os resultados dessa nova instância do processo eleitoral, enfatizamos, em primeiro lugar, que a maioria de nosso povo disse Não à Reforma Constitucional que pretendia militarizar a segurança pública. A maioria disse que o medo não é a forma e que nada se constrói a partir do medo.

Por esse motivo, queremos saudar a militância de milhares e milhares de uruguaios e uruguaias, especialmente jovens, que contribuíram decisivamente para vencer uma batalha democrática central, e queremos destacar, em especial, a militância popular que possibilitou que a Frente Ampla fosse a coligação partidária mais votada, com mais de 250 mil votos de diferença em relação ao segundo colocado. É a quinta eleição consecutiva que nossa Frente Ampla se apresenta como a primeira força política do Uruguai. Sem o entusiasmo, o comprometimento e a mobilização da militância de toda a Frente, onde o papel dos Comitês de Base se destacou mais uma vez, isso não seria possível. Essa militância é a principal força que deve ser mobilizada, em um nível superior, para conquistar um quarto governo nacional, liderado por Daniel Martínez e Graciela Villar.

Não pretendemos esconder a realidade. A votação da Frente Ampla não era o que esperávamos, pelo que lutávamos e do que nosso país e nosso povo precisavam. Não teremos maioria parlamentar e muitas e muitos uruguaios que votaram antes na Frente Amplio desta vez não o fizeram. As causas são múltiplas e há que abordar os sinais que o nosso povo dá. Este é o caso de assumirmos uma autocrítica, porque fazemos parte do processo de mudanças contínuas, de seus avanços e também de suas dificuldades, mas não podemos permitir que os grandes meios de comunicação pretendam transformar a eleição de domingo numa derrota da Frente Ampla, quando esta continua sendo a primeira força, com mais de dez pontos de diferença sobre o segundo partido e ainda possui a principal bancada parlamentar, tendo sido vitoriosa em 9 departamentos e a segunda força em outros 9. As e os militantes da 1001 e setores que a acompanharam no âmbito de acordos políticos contribuíram muito para a votação da Frente Ampla: dobramos a votação de 2014 e multiplicamos nossa representação parlamentar, obtendo 2 cadeiras no Senado e 7 na Câmara dos Deputados. Essa bancada estará a serviço, como sempre, do avanço democrático de nosso povo, da conquista e defesa dos direitos populares.

O bloco conservador mostrou sua vontade reacionária na mesma noite da eleição. Lacalle Pou convocou Ernesto Talvi, Guido Manini Ríos, Edgardo Novick e Pablo Mieres, para formar a coalizão do recuo, da retirada de direitos. Seu programa ainda não é conhecido, mas eles estão unidos apenas com o objetivo de deslocar uma força popular do governo e afastar todos os avanços conquistados. No último domingo de novembro a votação se dará entre a luta pela igualdade e a manutenção dos privilégios. Mais claro do que nunca se expressam dois projetos de país. A única solução popular para os desafios de nosso país é, em novembro, o Programa da Frente Ampla. Essa é a nossa abordagem para aqueles que, com razão, afirmam que há problemas pendentes de solução: não haverá uma solução popular caso se imponha a restauração conservadora.

O resultado da votação será decidido dentro de um mês. Nada está decidido. Chamamos nosso povo a não ser enganado pelo discurso único instalado desde o domingo da primeira votação. Não há lugar para o derrotismo. Esta eleição é a mais difícil desde que a nossa Frente Ampla chegou ao governo, mas estamos cientes dos desafios difíceis. Juntamente com nosso povo, enfrentamos a ditadura e a repressão, o neoliberalismo, defendemos as empresas públicas, lutamos pela Verdade e pela Justiça, enfrentamos a fome e a pobreza, buscamos construir a igualdade. O desafio é colocar em pé de luta tudo o que nosso povo tem organizado e abordar milhares para gestar uma maioria social que derrote a restauração. Organizar e mobilizar trabalhadores, aposentados e pensionistas, estudantes e jovens, organizações feministas e da diversidade, cooperativas, pessoas com deficiência, organizações de bairro e da cultura. Toda a ampla gama de organizações populares e dirigir-se aos milhares de uruguaias e uruguaios que não votaram na Frente Ampla, mas que não confundimos com os líderes dos partidos de direita e suas propostas restauradoras. Comprometemos nosso esforço para convocar, organizar e mobilizar o nosso povo e construir, com a Frente Ampla, uma nova vitória popular.

Enviamos um abraço fraterno a toda militância política e social e conclamamos a que não deem um minuto de trégua, que redobremos a mobilização para defender o melhor programa diante da ofensiva da direita com seu projeto conservador e neoliberal.

29 de Outubro de 2019.

Comitê Executivo Nacional

Partido Comunista do Uruguai

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