A questão é impedir que o fascismo se apodere da Venezuela

imagemPor Carlos Aznárez*

Resumen Latinoamericano, 22 mayo 2017

O plano imperial de incitar os setores mais fascistas da oposição venezuelana para converter as ruas de Caracas e outros pontos do país no que foi o início da grande invasão terrorista na Síria, continua funcionando a todo vapor. Dia após dia, a todas as iniciativas de guerra descarregadas sobre a Venezuela Bolivariana (a econômica e a midiática como sinal mais distintivo da investida direitista) se soma uma violência cega, desalmada, repulsiva, que parece ser a matriz que ameaça impor-se entre essa mistura de hordas juvenis de lúmpens no qual se converteram o Voluntad Popular e outros grupos estimulados por Leopoldo López e Capriles Radonski.

A tremenda cena de um jovem manifestante queimado vivo, esfaqueado, golpeado com sanha. Inclusive, quando depois que o fogo arrasa suas roupas e seu corpo fora destruído quase em uns 80%, não faltaram energúmenos que o continuavam fustigando, impedindo-o chegar até um lugar onde pudesse ser auxiliado. Isto não é oposição e muito menos pacífica, como continuam sustentando o secretário da OEA, Luis Almagro, e boa parte dos presidentes obsequiosos de Washington, com Mauricio Macri , Horacio Cartes e Pedro Pablo Kuscinsky encabeçando (Temer está agora mais preocupado em não ir preso como corrupto), mas pura e simplesmente a face mais brutal do que sempre auspicia o imperialismo em cada um dos territórios que tenta destruir para depois apoderar-se deles. O Oriente Médio é a melhor matriz para nos dar conta disso. Praticam fascismo puro, de um estilo muito parecido ao que o ISIS veio desenvolvendo no Iraque, Líbia e Síria, onde uma atrocidade se impõe a outra.

É provável que esta escalada da violência continue, já que a permanente entrada de paramilitares colombianos não é detida e tanto o presidente Juan Manuel Santos como Alvaro Uribe Vélez estão unidos na cruzada antichavista. Não é coincidência a involução produzida com o aval do governo e da justiça colombiana do processo de paz, tampouco surpreendem os conselhos dados a Santos por senadores republicanos e pelo próprio Donald Trump para que de Bogotá se gerem as condições para uma eventual ofensiva final contra o governo de Nicolás Maduro. Tudo coincide em gerar um clima onde não se considerem nenhuma das propostas de diálogo realizadas por Maduro, incluída a da Assembleia Constituinte, que tanto reclamava em seu momento o arco opositor. O que se busca, assim como na Síria contra Bashar Al-Assad, é a derrubada, a humilhação e a posterior destruição de todos os avanços obtidos durante estes 18 anos de chavismo.

Frente a esta situação complexa, resulta surpreendente e meritório comprovar como, apesar de tudo, o governo continua exercendo seu poder para manter as conquistas sociais, levando adiante as Missões em seus mais diferentes aspectos, desde a Saúde até as de Educação, findada a construção de 1.600.000 habitações e entregando-as àqueles que mais necessitam. De sua parte, os Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP) continuam gerando a possibilidade de que os setores mais humildes tenham acesso a produtos alimentícios ou medicamentos que lhes são negados pela especulação criminosa.

Toda esta governabilidade social e de características revolucionárias, considerando como estão as coisas em outros países conquistados pelo neoliberalismo, são a razão fundamental do contínuo apoio que o chavismo de baixo segue outorgando a Maduro. O outro elemento que a oposição não pode quebrar é a lealdade das Forças Armadas e a conjunção de que ambos blocos solidifiquem o bunker onde até agora se estrelaram todas as tentativas golpistas. É importante que aqueles que governam não percam isto de vista, já que é precisamente a partir dos bairros e comunidades militantes do chavismo que se exige que a atual situação seja enfrentada com mais radicalidade, não cedendo um milímetro às provocações direitistas, porém tampouco aos cantos das sereias socialdemocratas que apostam num chavismo contrário ao que sempre impulsionou seu gestor, o Comandante Hugo Chávez.

Tampouco devemos descartar que em algum momento esta ofensiva reacionária, dos que dirigem o plano operacional contrainsurgente, se conformem com os clamores da violência fascista e decidam passar para uma etapa superior, invadindo o país a partir da Colômbia ou outras plataformas similares. E que o façam, terceirizando a intervenção direta, como fez a OTAN no Oriente Médio a partir de treinamentos e enchendo de dólares as mochilas dos terroristas. Para isso, na versão caribenha deste plano intervencionista, tentariam apelar à disputa dos paramilitares buscando a luz verde do governo santista e do uribismo. É para essa etapa, que para além da resposta que lhe oferecem o povo e o exército chavista, se fará imprescindível a solidariedade internacionalista em todas suas variantes.

Ante esta possibilidade, aqueles que se reivindicam bolivarianos, chavistas e anti-imperialistas em todo o continente devem estar preparados para estar à altura das circunstâncias do que a Venezuela precise. Sobretudo, sabendo o que tem sido e são a nível de cooperação desinteressada o povo e o governo venezuelano, partindo das vezes que a Revolução Bolivariana acudiu em apoio a outros povos que sofriam necessidades ou eram chantageados por não se submeterem ao Império.

É por isso que, analisando autocriticamente o evento até o presente, se deve fixar – como já o fizeram os Movimentos para a ALBA – a prioridade da ação em defender o processo encabeçado por Maduro, multiplicando a presença nas ruas cada vez que seja convocado o apoio à Venezuela e o repúdio aos fascistas que a atacam. É indispensável também denunciar o que ali ocorre, desmentir com informação verídica o que os meios hegemônicos de cada um dos países se encarregam de deturpar, e por último estar em presente alerta para evitar que essa guerra imperialista confunda e aliene aqueles que se dizem de “esquerda” e terminam derrapando pela direita na hora de falar da Venezuela. Ninguém, absolutamente ninguém que se denomine do campo popular pode ignorar que, se cair o governo chavista, a onda de terror e revanchismo não só golpeará o povo venezuelano, como pode se estender a todos os países onde o Império tem discípulos e tece cumplicidades com os EUA.

O destino da Pátria Grande é decidido nesta disputa entre aqueles que apostam na defesa da democracia participativa revolucionária e aqueles que, mediante o terror, tentam implantar o fascismo e entregar o país às corporações transnacionais.

A esquerda mundial, em todas as suas nuances, não pode falhar com o povo bolivariano e com seus desejos de paz.

*Jornalista chileno, ex-militante Montonero e Diretor de Resumen Latinoamericano

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/05/22/la-cuestion-es-impedir-que-el-fascismo-se-adueno-de-venezuela-por-carlos-aznarez/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Categoria