Justiça uruguaia condena dois ex-militares por morte de militante

MONTEVIDÉU, 22 JUL (ANSA) – A Justiça do Uruguai condenou dois ex-oficiais do Exército pelo assassinato de Horacio Ramos, um militante de esquerda que se encontrava detido durante a ditadura militar no país (1973-1985).

O juiz Ruben Saraiva sentenciou o coronel reformado Walter Gulla por “homicídio muito especialmente agravado” do integrante do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros (MLN-T), ocorrido em 1981.

Saraiva também definiu a condenação do ex-oficial da Força Aérea Enrique Rivero por encobrir o caso, que cumpre pena desde o ano passado pelo homicídio de Ubagesner Chaves Sosa, em 1976.

Ramos, então com 40 anos, foi encontrado enforcado em uma cela de castigo na Cadeia da Liberdade, que era dirigida por Gulla. No momento de sua morte, Ramos cumpria o nono ano de detenção.

Ao contrário da versão oficial divulgada na época, o juiz encarregado do caso afirmou que o tupamaro não se suicidou, mas que foi torturado até a morte, como publicou o jornal uruguaio El Pais.

A filha do militante, Patricia Ramos, disse ao diário La Republica que a condenação significa “um alívio” para ela, já que “a justiça está sendo feita”. “Me sinto em paz”, declarou.

Saraiva recentemente também ordenou a prisão do coronel aposentado Tranquilino Machado, por conta do homicídio do militante comunista Ramón Peré, em 1973, considerado a primeira vítima da ditadura.

Apesar da vigência da Lei da Caducidade, que impede de serem julgados os militares que violaram os direitos humanos durante o regime, 20 ex-oficiais, entre eles o ex-ditador Gregorio Alvarez (1981-1985), estão presos por seus crimes.

Um recente decreto do presidente José Mujica permite que sejam esclarecidos outros cerca de 88 casos que governos anteriores tinham incluído na lei e que, portanto, não podiam ser julgados.

Fonte: http://www.jusbrasil.com.br/politica/7359872/justica-uruguaia-condena-dois-ex-militares-por-morte-de-militante

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