As reformas da morte
Afonso Costa*
O ilegítimo presidente Michel Temer enviou de novo para o Congresso uma proposta de reforma da Previdência. É basicamente a mesma de antes, com pequenas alterações que não escondem o fundamental: postergar ao máximo ou até mesmo impedir que os trabalhadores gozem da Previdência.
Em conjunto com as mudanças na legislação trabalhista já em vigor, representam condições sub-humanas de trabalho e de vida para a imensa maioria do povo brasileiro. São as reformas da morte.
Imperialismo não abre mão de
impor ao Brasil seu projeto
De nada adiantou comissão do Congresso provar que a Seguridade Social, na qual está incluída a Previdência, é superavitária. A oposição e os economistas honestos há muito repetem isso, sem que haja qualquer reação por parte das marionetes do imperialismo, dispostas a implementar um projeto de maximização do lucro em detrimento de todo e qualquer direito dos trabalhadores e da população em geral.
Um retrocesso de mais de dois séculos do ponto de vista histórico, impondo a superexploração ao nível da primeira Revolução Industrial.
A mídia empresarial faz coro com o usurpador e defende a cassação dos nossos direitos, mesmo aquela que defendeu a sua investigação por crimes de corrupção, formação de quadrilha etc.
O banqueiro Henrique Meirelles, o único que sai governo entra governo continua lá, é o defensor desse conjunto de medidas, adotadas em mais de 100 países com perdas gritantes para centenas de milhões de pessoas. O arauto do imperialismo ainda ameaça vir candidato à Presidência da República, apenas para lembrar aos indecisos que o grande capital não abre mão de impor seu projeto a uma das maiores economias do mundo.
Inacreditável é o fato dos “inocentes” acreditarem que uma mera eleição presidencial possa mudar alguma coisa, possa extirpar as privatizações, a entrega dos minerais, os benefícios aos ruralistas, a presença do exército estadunidense em solo nacional, os ataques aos direitos dos povos originários, quilombolas e comunidades do campo, o abandono da saúde pública, o retrocesso na política educacional, o perigo crescente com a ascensão do fascismo e do seu candidato, que não pode ser subestimado diante da perplexidade e da perdição na qual se encontra o povo.
A contrapartida a tanta desfaçatez se dá em lutas isoladas, desde os sem-terra aos indígenas, aos trabalhadores da EBC e do supermercado Mundial, entre tantos outros, tentando assegurar direitos e conquistas históricas. As centrais sindicais se venderam ou foram sobrepujadas face ao seu afastamento da realidade enfrentada pelos trabalhadores, comunidades carentes e periféricas.
O grande Bezerra da Silva dizia que “quando está muito ruim é porque está perto de melhorar”. Historicamente já se mostrou infundada a teoria do “quanto pior, melhor”. A única saída para o caos está na organização e luta dos trabalhadores, o que será obtido com a atuação dos setores conscientes junto àqueles que mais sofrem com a sanha do imperialismo. É hora de sair das salas de aula, dos gabinetes, do ar-condicionado e ir construir uma alternativa capaz de derrotar as elites.
*Jornalista e militante do PCB
https://monitordigital.com.br/as-reformas-da-morte