PCB presente na V Assembléia Indígena do Rio Grande do Norte
Ocorreu, entre os dias 21 e 23 de novembro, a “V Assembléia Indígena do Rio Grande do Norte”. Sediado na Aldeia Catu, o evento contou com a presença de nove comunidades indígenas do RN: Caboclos, Mendonça do Amarelão, Assentamento Santa Terezinha, Serrote de São Bento, Tapuia-Paiacus, Cachoeira, Tapará, Catu, Sagi-Trabanda.
O encontro é, não obstante, o exercício de organização dos povos indígenas, centralmente, uma construção do movimento indígena com a finalidade de compartilhar, discutir e encaminhar soluções a respeito das dificuldades enfrentadas pelas Aldeias em seu particular e em seu conjunto, sobretudo, no que toca aos seus direitos — como o acesso às políticas públicas de saúde e educação e o direito à permanência em seus territórios históricos.
Na cerimônia de abertura, além de ter sido destacado o descaso de algumas instituições públicas para com os indígenas — que vão desde o não envio de representantes, ou mesmo o não envio de uma resposta ao convite, até o cancelamento de última hora do transporte acordado –, foi manifestada, também, uma indignação quanto a canonização dos chamados “Mártires de Cunhaú e Uruaçu” e sua cristalização em feriado estadual.
Os “Mártires de Cunhaú e Uruaçu” são um total de trinta católicos que foram mortos em dois momentos, ambos em 1645, no processo de dominação dos índios locais pelos portugueses em conjunto com a igreja católica.
Conforme sugeriu uma indígena em sua fala, em outras palavras, por um lado o Estado renega o seu dever de laicidade a partir do instante em que fomentou a historiografia cristã e instituiu um feriado estadual religioso que se contrapõe a uma outra compreensão religiosa; por outro lado, o Estado desrespeita os indígenas a partir do instante em que os colocam na condição de vilania. Afinal, como sugeriu a mesma indígena, em suas palavras, “se eles são os Mártires, então, quem são os assassinos?”
Neste dia de abertura da “V Assembléia Indígena do Rio Grande do Norte”, 21 de novembro, o PCB-RN esteve presente participando de uma mesa temática com os seus coletivos União da Juventude Comunista (UJC) e Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro.
Na ocasião, para discutir a temática “políticas públicas para a juventude e mulheres indígenas”, além de problematizar algumas questões e corresponder outras indagações, PCB-RN, UJC e Coletivo Ana Montenegro reafirmaram suas disposições para a construção conjunta com os povos indígenas de pautas de discussões e formação política e pautas de lutas.
Ao término da programação do evento, junto com a secretaria de Juventude da APOINME – Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo –, UJC e Coletivo Ana Montenegro promoveram a realização de uma roda de reunião que acabou por resultar na articulação de quatro encontros, com intervalos bimestrais. Cada encontro se dando em uma comunidade indígena já efetivamente acertada e contando com a participação de comunidades circunvizinhas, tendo cada encontro uma temática geral já fundamentalmente delineada.
A participação do PCB, da UJC e do Coletivo Ana Montenegro na “V Assembléia Indígena do Rio Grande do Norte” e nesses quatro encontros com os movimentos indígenas em suas Aldeias significa a construção de um estreitamento de laços para a resistência e para a luta; mas, também e a um só tempo, significa formação política em mão dupla no mesmo patamar: ao passo que contribuímos situando as questões indígenas no interior das questões do capital, recebemos contribuições que nos ajudam a compreender a especificidade das questões indígenas para melhor situá-las nas questões do capital.
Saudação à Organização dos Povos Indígenas!
Nenhum direito a menos!
Demarcação já!
Link da Nota no PCB-RN: https://www.facebook.com/