Juventudes Comunistas e a luta anti-imperialista

Juventudes Comunistas e a luta anti-imperialistaA EXPERIÊNCIA ACUMULADA DO XIX FMJE HÁ DE CONVERTER-SE EM UM PONTO DE PARTIDA PARA O FORTALECIMENTO DA LUTA ANTI-IMPERIALISTA CONTRA O SISTEMA QUE GERA POBREZA, MISÉRIA, DESEMPREGO E GUERRAS IMPERIALISTAS

Conclusões tiradas pela KNE do 19° Festival Mundial da Juventude e Estudantes

04.12.2017

A KNE saúda os milhares de jovens de mais de 100 países do mundo por sua participação no 19° FMJE em Sochi, Rússia, sob a consigna “Pela paz, pela solidariedade e pela justiça social lutamos contra o imperialismo – honrando nosso passado, construímos nosso futuro!”. O festival deste ano honrou o centenário da Grande Revolução Socialista de Outubro e os 70 anos da existência do Festival. Desde 1947 até hoje, constitui um tribunal de condenação de crimes imperialistas, guerras e intervenções, de intercâmbio de experiências para os jovens do mundo sobre a luta que estão liderando em seus países contra a política antipopular, um tribunal de solidariedade internacional.

Desde o começo da preparação do festival, a KNE lutou com princípios, com combatividade e persistência, para que os critérios corretos para assegurar o êxito do festival se estabelecessem, entrou em conflito com a tentativa do estado russo de envolver-se no Festival para alterar seu conteúdo anti-imperialista. Ao mesmo tempo, a KNE leva à cabo um conflito ideológico e político com posições problemáticas desenvolvidas na FMJD por organizações que não entendem o imperialismo como capitalismo monopolístico, como a era de mudança do capitalismo ao socialismo, portanto, não levam à cabo uma luta anti-imperialista coerente, uma luta contra toda a burguesia, as diversas partes da mesma, porém também todas suas uniões, tolerando ou inclusive apoiando os governos burgueses que implementam a política antipopular. A tentativa de tais forças, restringindo o imperialismo aos EUA ou até às fronteiras da UE, caracterizando inclusive os conflitos intra-burgueses dentro do sistema imperialista como uma suposta “luta anti-imperialista”, cujo exemplo mais vulgar é a Turquia de Erdogan, é particularmente problemático.

O caráter anti-imperialista do festival conseguiu manter-se vivo, ser visível graças ao esforço constante de várias organizações membros da WFDY para fazer destacar a verdadeira mensagem da luta anti-imperialista através dos seminários e eventos. Neste esforço, a KNE dedicou muita força, fez o discurso principal em 3 seminários sobre a Revolução de Outubro, outros três sobre a luta contra o anticomunismo, em seminários sobre a guerra imperialista e a crise capitalista, porém também interveio em dezenas mais. Além disso, organizações do movimento popular de classe da Grécia, fizeram o discurso principal ou participaram de seminários contra as intervenções imperialistas, sobre a solidariedade internacionalista, o movimento estudantil, a desigualdade das mulheres.

Hoje, é ainda mais evidente que a pressão exercida pelas derrocadas contrarrevolucionários de 1989-1991 na URSS e em outros países socialistas resultou na dissolução ou na mutação e assimilação de várias Juventudes Comunistas. Desde o primeiro momento, a KNE, junto com organizações de jovens comunistas de outros países do mundo, luta constantemente pela preservação do caráter anti-imperialista e pelo curso histórico do WFYS. Uma luta contra as forças que querem que a WFDY, com uma linha supostamente mais “ampla” (ou seja, sob o domínio da linha oportunista e socialdemocrata), dispersa em outras formações, ONGs internacionais e fóruns sociais, se alinhe por trás das aspirações dos estados e classes burguesas.

36 organizações juvenis comunistas e revolucionárias de todo o mundo gritaram: a mensagem de Outubro segue sendo atual e esperançosa!

Um evento particularmente importante e um dos melhores momentos para os comunistas que estiveram em Sochi foi o evento comum de 36 Juventudes Comunistas de todo o mundo para celebrar o 100° aniversário da Revolução de Outubro. Esse evento, que foi um dos eventos mais massivos do Festival, foi a culminação da intervenção política dos comunistas nesses dias. Durante muitas horas, a sala Lenin esteve cheia de centenas de jovens comunistas que honraram o evento mais transcendental do século XX com seus discursos e consignas internacionalistas, que trocaram com combatividade e otimismo revolucionário. Ainda que existam diferenças significativas entre as organizações que participaram, dito evento ressaltou a necessidade de fortalecer a discussão e ação comum a nível internacional entre as Juventudes Comunistas.

Pelo contrário, algumas forças refutaram esta necessidade, expressando a opinião de que tal evento não deveria ser celebrado sobre a base de que é sectário, já que envolveria apenas as Juventudes Comunistas e não outras forças, o que prejudicava a FMJD. Tal ponto de vista não é correto. O debate, a reflexão saudável, a coordenação e a ação comum das Juventudes Comunistas não só não impedem o fortalecimento da FMJD, como são uma condição necessária para salvaguardar seu caráter anti-imperialista. O argumento sobre o sectarismo é infundado e prejudicial, coloca obstáculos na ação internacional comum dos comunistas e vem em contradição com a experiência do movimento comunista internacional, segundo se vê pelas reuniões regionais e internacionais. É positivo que o comunicado de imprensa do evento comum tenha sido assinado por todas as organizações que participaram, mas também por outras que não puderam assistir.

A resolução do XI Congresso da KNE, que enfatiza que: “O reforço da ação comum das Juventudes Comunistas é a base sólida para a orientação e o reforço da ação que a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), para contribuir com a mobilização de forças, organizações, organizações juvenis contra as políticas do capital, de seus governos e uniões, dos planos e guerras imperialistas”, segue atual.

A tentativa de mutação do caráter anti-imperialista da FMJE precisa ser derrotada

Em todos os festivais que se celebraram nos países capitalistas, o esforço dos regimes burgueses, de uma maneira ou de outra, de fazer uso deste evento em seu benefício, a serviço de seus objetivos ideológicos e gerais, esteve presente. No entanto, no 19° FMJE, nosso movimento enfrentou a tentativa contundente do governo russo de intervir de maneira grosseira e controlar completamente o programa, o conteúdo e os processos do Festival. Com a finalidade de converter o FMJE em um “grande festival russo” com conteúdo burguês, totalmente integrado com o esforço de atualização da posição da burguesia russa, no contexto do antagonismo internacional. Por esta razão, fez todo o possível para tirar do meio também a FMJD.

Já nas reuniões do Comitê Organizador Internacional era óbvio que o governo tinha a intenção de controlar a organização e o programa através de vários comitês, de limitar os membros da FMJD-membros do Comitê Organizador Internacional a um papel de ratificação do que já era decidido pelas autoridades russas. As reações dos camaradas a esta situação foram imperativas e, em alguns casos, levaram a um debate político mais substancial dentro do COI.

O governo russo tem a responsabilidade exclusiva pelo descumprimento do acordado, o descumprimento das condições práticas para a participação dos delegados em muitos casos. Os cancelamentos de voos charter, assim como o cancelamento dos voos Moscou-Sochi, os atrasos significativos na emissão de visto em alguns países, que tiveram como resultado o cancelamento da participação de dezenas de delegados de países da África, Ásia e América Latina, foram características. Foi o caso da delegação do Saara Ocidental, que as autoridades proibiram a entrada na Rússia e obrigaram a regressar. Também é característica a exclusão de centenas de delegados (principalmente da Índia, Nepal e Sri Lanka) desde os primeiros dias do FMJE, já que nem sequer estavam credenciados para entrar no festival.

Do mesmo modo, também ocorreram exclusões com base em critérios políticos. Condenamos em particular a exclusão da maioria da delegação do RKSMb (membro da FMJD e do Comitê Preparatório Nacional da Rússia), a exclusão de seu secretário, Michael Belyaev, que não estava credenciado, enquanto ao camarada Batov, segundo secretário do CC do PCOR, foi permitido participar do festival apenas por um dia. Um quadro do SKOJ, sem nenhuma justificativa, foi deportado para a Sérvia na chegada da delegação no aeroporto. Os quadros da Komsomol Leninista da Ucrânia foram detidos na fronteira pelas autoridades ucranianas, que confiscaram uma grande parte de seu material.

Ocorreram também dezenas de casos nos quais as forças de segurança impediram os membros das Juventudes Comunistas de entrar no Festival sob o pretexto de possessão de materiais de conteúdo político, principalmente com os símbolos do comunismo, a foice e o martelo, Lenin ou referências gerais ao socialismo-comunismo em seus materiais. Na maioria destes casos, o resultado foi manter os delegados na sala de controle por um tempo prolongado ou confiscar seus materiais para permitir o ingresso.

A KNE não tolerou esta situação inaceitável e, junto com outras Juventudes Comunistas, informou amplamente e denunciou estes fenômenos, pressionando assim as autoridades russas. Isto resulto una presença de fato de todas as organizações da FMJD na área do festival, e a criminalização dos símbolos comunistas não passou. A intervenção do KKE na embaixada russa na Grécia também foi importante, denunciando que a polícia russa impediu os membros da delegação da KNE de ingressar no festival, porque tinham com eles as declarações do KKE para o 100° aniversário da Revolução de Outubro, edições do partido e bandeiras vermelhas com a foice e o martelo, alegando que “a foice e o martelo são ilegais”.

O governo russo nem sequer respeitou a seleção da consigna que havia feito a FMJD para o festival: “Pela paz, pela solidariedade e pela justiça social lutamos contra o imperialismo – honrando nosso passado, construímos nosso futuro!”. Por todas as partes da cidade, nas mídias e no espaço do festival, prevaleceu a consigna “Rússia 2017: juntos com todo o mundo”. Porém, como não era possível ocultar por completo a Revolução de Outubro como evento histórico ao qual tinha se dedicado o 19° FMJE, fez uma seria tentativa de alterar seu conteúdo. Isso significa que as autoridades russas envolveram a Revolução de Outubro em uma discussão sobre o objetivo patriótico pretensamente comum (da classe operária e da burguesia) para uma grande e forte Rússia capitalista.

Sobre esta base, a participação dos convidados do governo russo, grupos monopolistas, principalmente russos, mas também internacionais, e o “papel positivo desempenhado pelo estado russo a nível internacional” dominaram no espaço do Festival. Aos convidados mencionados anteriormente foi dada a grande maioria das salas que utilizaram para as necessidades do festival, com a finalidade de organizar seminários tais como “Jovens Empreendedores e Inovação”, “Desenvolvimento Sustentável”, etc., com executivos de empresas, ministros e funcionários governamentais como oradores. Várias forças burguesas inclusive forças nacionalistas da Rússia, Áustria, Itália e Sérvia, forças oportunistas, como as chamadas forças “eurocéticas” e “pró-russas”, porém também governos burgueses, como os governos de Israel e Turquia, foram convidados do governo russo no Festival (no sentido de que não tinham nada a ver com a FMJD e foram credenciados pelas autoridades russas).

A resolução do Comitê Organizador Internacional do Festival de não dar palavra aos participantes que não foram dos Comitês Nacionais Preparatórios é particularmente importante. Além do fato de que a maioria das organizações membros da FMJD, com a intervenção decisiva das Juventudes Comunistas, não participaram dos eventos do governo russo.

A realização da maior parte do programa político, que foi decidido no marco dos procedimentos da FMJD finalmente não era algo dado, como se demonstrou desde o primeiro momento. Contudo, apesar dos esforços de “despolitização” do FMJE através da restrição do programa da FMJD nas salas mínimas e pequenas, a exclusão de símbolos comunistas, os controles contínuos, a presença destacada da FMJD foi possível, com a ação decisiva das Juventudes Comunistas na linha de frente.

Continuamos fortalecendo a luta anti-imperialista em nosso país e internacionalmente

A experiência da participação no XIX FMJE, positiva e negativa, deve ser utilizada pelas organizações membros da FMJD para converter-se em uma base de fortalecimento da luta anti-imperialista, contra o sistema que gera pobreza, miséria, desemprego e guerras imperialistas para os povos. Nesta direção, a luta em cada país pode se fortalecer significativamente, assim como a ação comum de nossas organizações na FMJD.

Comitê de Relações Internacionais do CC da KNE

Fonte: http://es.kke.gr/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)