No terceiro aniversario do PRCC
Como nos lembra Marx em “O Capital”, o filósofo grego Aristóteles, uma das mentes mais geniais que se há dado a Humanidade, esteve a ponto de descobrir, faz mais de dois mil anos, a Lei do Valor, base fundamental da ciência econômica marxista.
No entanto, seus preconceitos de classe impediram-lhe de aceitar a idéia de que o Valor de qualquer mercadoria nasce exclusivamente do trabalho humano investido em sua produção, o que levava à conclusão, inaceitável para um escravista como ele, de que eram os trabalhadores submetidos à servidão forçada os que criavam o Valor que determina, em último termo, as proporções relativas dos intercâmbios no mercado. Proporções às que normalmente chamamos “preços”.
Desta mesma cegueira ideológica padecem hoje os economistas burgueses, incluindo entre eles vários prêmios Nobel, quando se negam teimosamente a aceitar as conclusões lógicas de seus próprios dados e análises, que demonstram que com a atual crise de seu sistema financeiro, produtivo e estatal, o capitalismo monopolista chegou definitivamente a seu limite histórico e é totalmente incapaz de frear sua marcha incontrolável à decadência e a ruína.
Estes pretensiosos acadêmicos estão atados ideologicamente às idéias dogmáticas e pseudo-científicas com as que nos bombardeiam a diário, qual sacerdotes da Fé supersticiosa na “auto-regulação” dos “mercados”, enquanto defendem fanaticamente a rígida regulação estatal dos recortes sociais e laborais e a diminuição da produção e a destruição de emprego que provoca o ciclo infernal da destruição econômica.
Por isso não podem admitir que o capitalismo monopolista se converteu num obstáculo para o progresso da economia e da sociedade nem que, segundo a Lei da Correspondência entre o nível de desenvolvimento das forças produtivas e o caráter das relações sociais de produção, está condenado a ser substituído por um novo e superior sistema econômico e político no qual desapareceram para sempre o Poder dos monopólios financeiros, a especulação improdutiva e a obscena concentração da riqueza em mãos de uma minoria de banqueiros irresponsáveis e magnatas especuladores.
Neste novo contexto social, provocado há três anos pela repentina explosão da crise geral do capitalismo nos Estados Unidos e na Europa, aos lutadores do povo e particularmente aos comunistas das Canárias, nos foi colocada a necessidade de enfrentarmos as transcendais tarefas de reafirmar nossa estratégia, atualizar nossas táticas e renovar nossos métodos e nosso estilo de trabalho para adaptá-lo à nova situação e, como conseqüência de tudo isso, resolver e completar exitosamente, no prazo de tempo mais curto possível, os objetivos iniludíveis da reunificação dos comunistas e o reagrupamento de todas as forças políticas, sindicais e sociais que mantêm conseqüentes posições anti- monopolistas e anti-imperialistas.
E nos vimos obrigados a manter uma luta decidida contra o sectarismo simplista, o burocratismo reformista, o nacionalismo inter-classista fascistóide, os cantos de sereia que chamam à desorganização “apolítica” e os intentos de atrasar a Unidade de todo o povo com o fim de dividir-nos e debilitar-nos servindo, conscientemente ou inconscientemente, aos interesses da burguesia capitalista e dos monopólios nacionais e internacionais.
Por suposto que nesta batalha ideológica e política para organizar a resistência de os trabalhadores ante a ofensiva geral da oligarquia financeira não só participam os comunistas do PRCC, que nasceu precisamente com o início da crise capitalista e, tal vez por esta circunstancia casual, com uma influencia menor da inércia das formas e às táticas próprias da anterior etapa, senão que rapidamente se incorporaram à promoção e a defensa da política unitária, muitos camaradas dos demais grupos comunistas e numerosos companheiros que militam em todos os coletivos operários e populares.
Porque é indubitável que sem a participação ativa dos setores mais conscientes e avançados do povo do Arquipélago, que compreendem claramente que a Unidade é a única alternativa revolucionária nesta época de destruição dos direitos conquistados por gerações de trabalhadores em duríssima luta contra a exploração capitalista, não se haveria podido avançar até a situação atual, que contrasta claramente com a que existia até pouco na esquerda canária.
Maduram já de forma acelerada as condições para a criação da Frente Unida de Resistência. Progressivamente vão aparecendo iniciativas e movimentos unitários nos distintos campos ideológicos da esquerda. Impõe-se, cada vez com mais força, a idéia de alcançar um acordo programático que recolha as aspirações e as reivindicações dos setores políticos que defendem, frente à agressão dos bancos, das grandes empresas monopolistas e de seus testas de ferro políticos e ideológicos, os direitos e os interesses dos trabalhadores assalariados, os autônomos e os pequenos empresários.
Não será tarefa singela e o tempo urge. Porém tampouco é conveniente tentar saltar as etapas, nem suprir com negligências e passos em falso o necessário rigor e a ordem indispensável que deve impulsionar a elaboração de um projeto de sólidos cimentos, embasados no acordo sobre um Programa no qual todos se reconheçam e se sintam representados.
Pois a tarefa do momento é a redação de um Programa democrático popular, anti-monopolista e antiimperialista contra a crise.
Agora começa o mais difícil.
(*) Pedro Brenes é Secretario Geral do Partido Revolucionário dos Comunistas de Canárias (PRCC)