Manuel Zelaya: ‘Da mobilização à insurreição total’

Manuel Zelaya: 'Da mobilização à insurreição total'Resumen Latinoamerican
El Libertador

O presidente de Honduras (2006-2010) Manuel “Mel” Zelaya se dirigiu, em 12 de janeiro, ao povo em resistência civil, depois da mobilização à Casa Presidencial e da forte repressão militar, e advertiu àqueles que defendem Juan Hernández: “Da mobilização à insurreição: o povo hondurenho em insurreição total até a queda do ditador”.

A convocatória de Zelaya, já tão notório que sem ele não existe a história política nacional, não é nova. Antes a fizeram várias personalidades, entre outros, o intelectual e advogado, Edmundo Orellana, depois a fez o político liberal Enrique Ortez Sequeira e há décadas a pedem centenas de hondurenhos que já estão de maneira militante nas ruas do território hondurenho.

Tegucigalpa. “…a desobediência civil, a insurreição… não vamos continuar aguentando, simplesmente defendendo-nos. O povo tem direito legal à insurreição até derrubar o ditador. Hoje se fez uma demonstração. Este povo está pronto… já estamos aprendendo, vamos à ofensiva final de 20 a 27 de janeiro. Existe uma decisão que nos protege, nos cobre. Nós estamos atuando legalmente, temos direito… os que estão cometendo um crime são eles. Eles são os criminosos”, disse o presidente de Honduras e coordenador geral da Aliança de Oposição contra a Ditadura, Manuel Zelaya.

E acrescentou, após a gigantesca mobilização em Tegucigalpa que terminou em forte repressão militar: “Tem que ficar claro: os únicos que estão defendendo e que sustentam esta ditadura são as forças armadas. Nós desconhecemos a autoridade do Estado hondurenho porque é ilegítima. A autoridade hoje passa para o nome do povo hondurenho. Procurem só um dia, uma só hora em que as forças armadas não tenham defendido o tirano. Agora, o povo toma o poder. São os militares que estão sustentando a ditadura. A ditadura não é legal. A ditadura se defende com armas e com a força. Nós estamos autorizados a usar a insurreição”. A multidão grita “Fora JOH”.

“Companheiros da mobilização à insurreição. Nesta próxima semana se instala o congresso nacional. Aqui existem vários deputados de LIBRE. O povo diz a vocês, têm que ir e fazer a resistência e desobediência civil. Não queremos que os deputados de LIBRE, da Aliança, do PINU vão juramentar o tirano. Não podemos juramentar um presidente que perdeu as eleições. Hoje, estavam presentes três presidentes em frente à Casa Presidencial: um presidente usurpador, outro presidente eleito – que é Salvador Nasralla – e um que está aqui, que não terminou seu mandato… O impostor deve sair da Casa Presidencial”, disse enérgico Zelaya, ainda quando foi golpeado pelo chefe do pelotão militar que custodiava a abandonada Casa Presidencial. A multidão no entorno gritava FORA JOH!

Este período que já iniciamos hoje, informou, se chama Operação “FORA JOH”. E, em seguida, sentenciou: “O impostor que está aí, não pode ficar (porque) não foi eleito pelo povo. Não vamos nos render, ainda que nos reprimam, nos atirem gás lacrimogêneo. Não vamos nos render. Não podem matar 2, 3 milhões de pessoas. Vamos fazer todo o necessário com a operação FORA JOH”.

Enviou uma mensagem para a juventude que luta hoje, assim: “Companheiras e companheiros, vamos aplaudir os jovens que hoje entraram com valentia, apesar da repressão e das balas vivas. Uma salva de palmas para o povo hondurenho que vai resistir o tempo que for necessário”.

Enquanto a multidão cantava “E vai cair, e vai cair a ditadura vai cair!”, Zelaya disse: “Hoje, nossas mulheres deram o sinal de que são tão corajosas quanto os homens. Aí estavam defendendo os direitos do povo. Não vamos descansar nem um dia, planejando. Vamos fazer mobilizações em todo o país. Não vamos descansar até tirar o tirano da Casa Presidencial”. “O povo unido jamais será vendido!”, se ouviu em toda a avenida Juan Pablo Segundo, em frente à casa de governo.

“As armas não valem quando existe um povo valente”, disse o líder político. E recordou o dia do golpe de Estado contra seu mandato, em 28 de junho de 2009: “Quando assaltaram minha casa estes covardes. Apontaram-me oito M16 no peito e eu lhes disse: disparem, caso tenham ordem para disparar. Eu sou o presidente dos hondurenhos, eleito pelo povo. Então, não dispararam. E para que serve a arma? Nesse momento, você tem o poder. Aprendemos a desafiá-los. Hoje, eu me meti até a porta da Casa Presidencial. Tampouco dispararam porque nos assiste a razão, a verdade, a lógica, a lei, a justiça, a voz de Deus e o povo está conosco”.

Cedo ou tarde vão cairmE advertiu: “Cedo ou tarde vão cair. Ninguém pode mudar um povo que está de pé. É mentira. Poderão nos reprimir por uns dias. Vão acabar as bombas de gás lacrimogêneo, porque cada uma custa cinco mil pesos… Nossa dignidade não tem preço. Vamos com a operação FORA JOH até tirar o ditador!”.

O evento também foi propício para dar boas-vindas aos deputados de LIBRE e se dirigiu assim a um velho conhecido no Congresso Nacional: “Todos vamos cumprir uma função. Vocês, companheiros deputados – aqui está Castellanos, deputado por Santa Bárbara… uma salva de palmas –, no dia 21 (de janeiro), vocês têm a instalação. Aí, queremos que essa bancada do LIBRE beligerante, não se deixe esmagar. A vocês assiste a razão, a verdade, a lei, a justiça, a ordem; e ninguém vai vencer um povo de pé, lutando por seus direitos. Direito que caso não se defenda, se perde. Aquí está Francisco Paz, também de El Paraíso… um aplauso”.

Adiantou: “No dia 20, iniciamos mobilizações nacionais e para 27 de janeiro, a posse falsa, fraudulenta do usurpador. Todo o país tem que estar em mobilização para ensinar ao mundo que o presidente eleito não está tomando posse, mas sim o fraudulento e o impostor, que o presidente eleito é Salvador Cesar Nasralla Salum”.

E homenageou os caídos nestes dias de resistência civil: “Nós colocamos as coisas às claras. Existem hoje 45 pessoas assassinadas. Não temos medo de que nos assassinem também, criminosos assassinos. Nós não temos medo de suas armas. Temos ganhado o céu e a consciência, o coração e a justiça deste povo. Nós não somos covardes como vocês”. “Existem 45 órfãos, mulheres que perderam seus esposos, filhos e irmãos. E ainda assim estamos de pé”.

“Se mais de nós forem assassinados, mais povo estará protestando contra vocês, criminosos, que não respeitam nem Deus, nem a voz dos povos… Serão acusados pelo povo. Devemos nos defender também. Temos detidos também e estamos usando todos os procedimentos: advogados e justiça. Aqui, a justiça não existe… Imaginem que vem um líder nosso e protesta; e vem outros, são infiltrados, e incendeiam, e… capturam o nosso líder e dizem que ele colocou fogo, o que é mentira. Se não os soltam juridicamente, iremos aos cárceres para tirá-los. Nós fizemos um grande trabalho. Regressem a suas casas, preparem-se, no dia 20 continuamos com mais força que hoje em todo território nacional”, declarou.

Zelaya enviou esta mensagem aos setores que defendem Juan Orlando: “Da mobilização à insurreição, da mobilização à desobediência civil, a razão está do nosso lado, o Estado é ilegítimo e temos o direito ao protesto. Temos o direito à lei e, portanto, vamos exercê-lo”.

E a população, em uma só voz, gritou: “O povo hondurenho se declara em insurreição total até a queda do ditador!”. “Viva a Aliança, Viva LIBRE, Viva o PINU, Viva Salvador Nasralla, Viva o povo!”.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2018/01/14/honduras-manuel-zelaya-de-la-movilizacion-a-la-insurreccion-total/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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