Israel é cúmplice da repressão ao povo hondurenho

Israel é cúmplice da repressão ao povo hondurenhoResumen Latinoamericano*

O povo hondurenho vem sofrendo duramente com a repressão às organizações sociais que exigem esclarecimento sobre o ocorrido nas últimas eleições, tendo como base uma nova tecnologia de guerra proveniente de um país que aparece geralmente só para trazer militarismo: Israel.

Já em 1983, Israel vendeu ao país aviões, fazendo com que o país centro-americano passasse a se posicionar com a maior força aérea, além de tanques, fuzis Galil e treinamento tanto para oficiais como para a tropa [1]. Em 2018, mais uma vez volta a aparecer trazendo ferramentas de morte e destruição. Vejamos em quais condições aparece hoje e como as relações com este país só aprofundam a violação de direitos humanos dos e das hondurenhas.

Em agosto de 2016, o presidente de Honduras anunciou que estabeleceria um convênio militar com o governo de Israel: “estou mandando ao Congresso Nacional um convênio muito importante, fundamental para o crescimento da nação hondurenha, um convênio com o Estado de Israel; isso dará origem ao fortalecimento de nossas Forças Armadas, que provavelmente nunca teríamos tido” [2]. Tal iniciativa terminou passando, em novembro desse mesmo ano, no Congresso do país, mediante o decreto marco 139 de 2016. Um mês depois, o ministro de defesa de Honduras viajou a Jerusalém, onde assinou um acordo com sua contraparte israelense [3].

No dito acordo, se definiram convênios que implicam tanto a força aérea, a naval e o exército: desenvolvimento de projetos para potencializar os aviões F5 e A37, assim como a frota de helicópteros; construção de uma embarcação OPV, com capacidade para transportar helicópteros e realizar patrulhas a mar aberto; fortalecimento do ramo do exército com uma sofisticada equipe de comunicações com cobertura em nível nacional; aquisição de sistemas de vigilância e reconhecimento Não Tripulada, integrados num total de 6 UAV (drones) [4].

Demorou quase um ano para a implantação desta tecnologia militar no país, porém, em 10 de janeiro de 2018, a Secretaria de Defesa do Governo de Honduras anunciou “a chegada das reposições para a frota da Força Aérea de Honduras, que inclui os helicópteros Bell-412 e os aviões F-5 EF e A-37B” e que, no fim de janeiro, “chegarão ao país os sistemas de comunicação para apoio militar, que aumentarão a efetividade das operações por terra, mar e ar. Esta equipe de comunicadores se compõe de rádios veiculares HF, rádios mochilas HF, rádios mochilas VHF, rádios veiculares VHF e VHF/UHF, rádios portáteis e rádios bases compatíveis com os equipamentos já existentes” [5].

Os equipamentos militares chegaram justo no momento em que se aprofundou a repressão do governo deste país sobre organizações sociais, as quais protestam pela falta de transparência nas passadas eleições presidenciais [6]. E não é uma especulação dizer que esta nova tecnologia será usada para favorecer a repressão. O próprio chefe do Estado Maior conjunto das Forças Armadas de Honduras disse em mídias locais que estes novos sistemas de comunicação permitirão que: “da terra, a Força do Exército ou a Polícia Militar de Ordem Pública poderão ter uma comunicação mais clara com as aeronaves da FAH ou com as embarcações da força naval de Honduras” [7]. Isto significa, na prática, que as comunicações da polícia militar não estão melhorando para um hipotético cenário da defesa da soberania nacional, mas para garantir e tornar cada vez mais efetiva a repressão que exerce sobre o povo hondurenho. Então, seria possível afirmar que, se esta tecnologia ajuda nas operações do exército, pode-se esperar que aumentem os assassinatos extrajudiciais em meio aos protestos que, em 22 de janeiro, somavam “38 pessoas assassinadas pela polícia e pelo exército após as diversas ações realizadas pelos dissidentes durante quase dois meses” [8].

O aprofundamento das relações entre Honduras e Israel só trouxe o aumento do militarismo e do controle social à população deste país; por isso, hoje mais que nunca, é fundamental que a sociedade civil hondurenha se junte às vozes que, em nível global, exigem o embargo militar a Israel não só em solidariedade com o povo palestino, que é mantido sob um regime de apartheid inaceitável, mas pela integridade e respeito dos direitos fundamentais dos cidadãos de seu próprio país. Assim, as e os cidadãos do mundo devem estar conscientes do que está acontecendo em Honduras e fazer o que estiver ao seu alcance para que internacionalmente não se tolere o que está ocorrendo, pressionando o governo desse país para que respeite os direitos fundamentais de seus habitantes.

*Fonte: BDS – Colômbia / PalestinaLibre

1. Chomsky Noam; Fateful Triangle: The United States, Israel, and the Palestinians; Haymarket Books, 2015

2. Israel y Colombia fortalecerán a las FF AA, La Tribuna, 21 de agosto de 2016 http://www.latribuna.hn/2016/08/21/israel-colombia-fortaleceran-las-ff-aa/

3. Honduras suscribe acuerdo con Israel: estos son los proyectos a desarrollar en las fuerzas armadas. EL Heraldo; 8 de dezembro de 2016. http://www.elheraldo.hn/pais/1024750-466/honduras-suscribe-acuerdo-con-israel-estos-son-los-proyectos-a-desarrollar-en

4. Despacho de comunicaciónes y estrategia de presidencia, Gobierno de la República de Honduras: Israel y Honduras suscriben acuerdo para potenciar las Fuerzas Armadas: http://www.sefin.gob.hn/wp-content/uploads/2016/12/convenioHondurasIsrael.pdf

5. Secretaria de Defesa Nacional, Honduras; Patruyajes aereos http://sedena.gob.hn/2018/01/10/patrullajes-aereos/

6. Várias denúncias feitas pelo Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), que podem ser consultadas no sítio web: https://copinh.org/

7. Israel alista la primera entrega de equipo a las Fuerzas Armadas de Honduras; El Heraldo, Enero 7 del 2018.

8. Suman 38 asesinatos en las protestas contra fraude electoral en Honduras, Avispa Midia. 22 de enero del 2018 https://avispa.org/21318-2/

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2018/02/05/israel-es-complice-de-la-represion-al-pueblo-hondureno/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)