Honduras: protestos populares não dão trégua ao regime
Resumen Latinoamericano / 18 de março de 2018 / El Libertador
O governo de Honduras não tem conseguido tranquilidade, apesar de a oposição política ter deixado de convocar mobilizações durante este mês. Agora voltam a brotar diversas manifestações de inconformidade, nas quais se destacam os sindicatos de trabalhadores, que protestam contra o desrespeito e a falta de compromisso com as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Tegucigalpa. Março tem sido um mês duro para a institucionalidade do país, já que o governante Partido Nacional tem presenciado um cenário ingovernável devido aos diversos protestos dos cidadãos em todo o território, os quais, desta vez, não têm sido convocados pela Aliança de Oposição contra a Ditadura.
Os sindicatos dos trabalhadores têm reclamado ao governo contra a impunidade dos assassinatos de civis, o abandono dos programas sociais, o abuso da carga de impostos, como disseram os cafeicultores durante seu protesto na capital, e a irresponsabilidade da administração pública com o manejo do orçamento nacional, depois que, em seus discursos, Juan Hernández descrevera um paraíso para seu segundo mandato, ilegal segundo a Constituição.
Ao final de 2017, os médicos de Honduras protestaram contra o esquecimento aparente do investimento na Saúde. Meses depois, os médicos especializados em doenças mentais realizaram o seu própio protesto, porque têm sido ameaçados pelos presos “judiciais”, pessoas declaradas perigosas enviadas pelos centros penitenciários.
Os trabalhadores do setor de transportes também têm reclamado em diversos pontos do país, já que estão inconformados com o tratamento dado pelo Instituto Hondurenho de Transporte Terrestre (IHTT). O sindicato de taxistas em La Ceiba anunciou uma greve contra as altas multas que lhes são cobradas, caso levem passageiros para fora da cidade.
Desse modo, a avenida San Isidro, “noiva de Honduras”, se viu abarrotada peos motoristas que manifestaram seu descontentamento frente às sanções que alguns receberam por reclamar das multas.
Na capital, Tegucigalpa, os taxistas fizeram o mesmo no parque central, exigindo que o Congresso Nacional ponha em ação o processo de reformas da Lei de Transporte, que mantém altas tarifas nos custos para permissão de operação e de exploração.
Por outro lado, na comunidade de Pajuiles, no departamento de Yoro, as forças de segurança do Estado reprimiram os populares que estavam assentados em um acampamento especial que impede a empresa HIDROCEP de seguir os trabalhos de destruição do rio Mezapa.
Segundo o portal “Pasos de Animal Grande”, os populares observaram os representantes de uma empresa mineradora que pretende, na base de expedientes ilegais, instalar-se naquela região.
O informe revela que os populares perguntaram os motivos da sua presença, mas, naquele momento, chegou uma patrulha policial cujos agentes, usando de violência e intimidações, desalojaram os integrantes do acampamento para abrir caminho aos empresários da mina.
Cabe destacar que a primera semana de março foi caracterizada por protestos exigindo justiça contra o assassinato da mundialmente reconhecida Berta Cáceres, quando se completaram dois anos do crime, e este ainda não foi resolvido.
Assim mesmo, no 8 de março, marco do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, grupos de feministas saíram às ruas para comemorar a igualdade de gênero e para exigir o fim dos femicídios e abusos sexuais aos quais estão expostas.