HONDURAS: Resolução do Encontro da Esquerda de Honduras
Seguindo o caminho dos nossos heróis nacionais Lempira, Morazán, Cabañas, Valle, Herrera, assim como o pensamento e ação de latino-americanistas como Bolívar, San Martín, Artigas, Sucre e Martí, precursores do antiimperialismo, nós, as organizações que subscrevemos este comunicado, marcamos presença na data comemorativa da nossa independência da Espanha para manifestar ao Povo Hondurenho e aos demais povos do mundo o nosso compromisso de continuar lutando por uma Segunda e verdadeira Independência pátria, que suponha a Libertação Nacional das ataduras que submetem o nosso país à dominação do Império dos Estados Unidos e dos atuais oligarcas, que se opõem ao mínimo progresso social das classes despossuídas e a qualquer transformação que não resulte em seu próprio benefício.
Neste 15 de setembro, a América Latina e Honduras atravessam uma conjuntura caracterizada pelo seguinte:
1. Povos latino-americanos como Bolívia, Venezuela, Nicarágua, têm desafiado a potência imperial, defendendo seus recursos naturais e investindo as riquezas que estes geram em serviços para os seus povos. Estes países, junto à irmã República de Cuba, formaram a Alternativa Bolivariana das Américas (ALBA), como um projeto latino-americano oposto ao dos Estados Unidos de pilhagem e exploração dos nossos recursos, denominado ALCA-TLC, o qual é apoiado pela classe dominante servil e lacaia, entranhada no tradicionalismo político e nas organizações de cúpula da grande empresa privada.
2. O Estado de Honduras, por decisão do governo do Presidente Manuel Zelaya Rosales, aderiu à ALBA, comprometendo-se para que seus recursos beneficiem os setores sociais mais pobres do campo e da cidade, através da aplicação de projetos sociais e econômicos em termos de produção, moradia, educação, saúde, obras públicas e energia; decisão que apoiamos na medida em que esses recursos sejam investidos pelo Estado no setor social da economia para beneficiar diretamente o Povo Hondurenho.
3. Os herdeiros dos que fuzilaram Morazán, e que continuam opondo-se à unidade dos povos latino-americanos frente à potência imperial, são os que se opõem para que o Povo seja beneficiado pelos projetos unitários e integracionistas do continente, como a ALBA e a UNASUR. Também se opõem à solidariedade que deve haver entre os povos e governos legitimamente eleitos, dizendo que é “suar a febre alheia”, como a Bolívia, hoje ameaçada por um processo de Golpe de Estado, no qual participa o Departamento de Estado dos Estados Unidos, cujo Embaixador foi merecidamente expulso desse país.
4. Neste sentido, respaldamos a decisão do governo do Presidente Zelaya de atrasar a entrega de credenciais ao novo Embaixador gringo, em demonstração de solidariedade ao Povo e ao governo da Bolívia, e além do mais, reivindicamos que avance para a revogação dos Tratados Militares estabelecidos entre Honduras e os Estados Unidos, assim como a expulsão e não instalação de bases militares norte-americanas em qualquer parte do território hondurenho.
5. Condenamos a hipocrisia e o cinismo dos grandes empresários e seus porta-vozes políticos, que hoje dizem estar defendendo os migrantes hondurenhos de uma provável represália do governo gringo ante a adesão de Honduras à ALBA. Estes mesmos setores são os que os expulsaram do país com suas políticas de livre comércio, quebraram a produção nacional e nos converteram em consumidores dependentes das mercadorias estrangeiras. São os mesmos que paralisaram e revogaram a reforma agrária, privando os camponeses do acesso à terra, atentando contra a soberania alimentar, e com isso, obrigando-os a emigrar para o estrangeiro.
6. Fazemos um chamado às organizações operárias, camponesas, aos professores e estudantes e ao Povo hondurenho em geral a reivindicar nesta conjuntura:
• a aprovação sem demoras da ALBA, por parte do Congresso Nacional; • o investimento dos recursos da ALBA para impulsionar um forte setor social da economia; • que todos os combustíveis sejam adquiridos através da PETROCARIBE, excluindo as transnacionais da cadeia de armazenamento, transporte e distribuição, e que os recursos financeiros originados nessa operação se destinem à nacionalização da energia elétrica e às telecomunicações, assim como à gradativa nacionalização dos setores estratégicos da economia.
7. Finalmente, lutemos pela unidade dos Povos da América Central, o que é distinto da fusão de capitais que praticam a oligarquia e o império.
Tegucigalpa, M.D.C. setembro de 2008
BLOCO POPULAR Encontro da Esquerda de Honduras