Em defesa da soberania do povo venezuelano e do governo Maduro
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A recente nota do Itamaraty sobre o governo Nicolás Maduro cobre de indignidade o governo brasileiro e representa escandalosa violação do direito internacional. Suas acusações difamatórias e sem provas desnudam o despreparo dos novos mandatários e sua submissão ilimitada aos interesses da Casa Branca.
Suas palavras não têm qualquer valor, por buscarem ocultar a realidade venezuelana: desde que Hugo Chávez tomou posse como presidente do país, em 1999, ocorreram 23 processos eleitorais ou referendos nacionais, nenhum partido de oposição jamais foi interditado e a mídia oposicionista continuou a existir livremente.
Ao contrário dos inimigos do povo, que ansiando controlar o petroleo, recorreram de forma contumaz a expedientes golpistas e ilegais, com atos terrorista, como aconteceu na ultima semana que queimaram depósitos de remédios, os governo de Hugo Chávez e Nicolás Maduro jamais atuaram fora das regras constitucionais.As eleições de maio de 2018 foram acompanhadas por dezenas de fiscais internacionais, entre eles o ex-presidente Carter e o ex-primeiro Ministro Zapatero. O Mesmo CNE organizou as eleições para governadores e prefeituras, no ano passado, quando se elegeram diversos candidatos da oposição, sem que houvesse vetos a esses pleitos.
Os ataques mentirosos e levianos da chancelaria brasileira, na verdade, são parte de uma escalada diplomática que tem como objetivo preparar as condições para uma intervenção militar estrangeira.
Tentar reconhecer alguns lideres de oposição, como “governo interino” ou legitimo, é reconhecer um ato de usurpação sem qualquer amparo legal e à revelia da soberania popular. O Itamaraty se revela domesticado às pretensões do governo estadunidense, que escolheu esse caminho para aprofundar a ingerência e a sabotagem contra o povo venezuelano.
As acusações de terrorismo e narcotráfico são algumas das difamações destinadas a criar, na opinião pública brasileira e latino-americana, clima favorável à agressão imperialista da qual o governo Bolsonaro se oferece como cúmplice servil.
Todos sabemos que a disputa na Venezuela não é pela sua democracia, mas sim pelas reservas de petróleo, que as empresas transnacionais querem se apoderar.
Diante desse descalabro, os movimentos populares da cidade e do campo, em conjunto com todas as forças progressistas, repudiamos essa postura do governo e manifestamos nossa solidariedade, do povo brasileiro à soberania popular e autodeterminação do povo da Venezuela.
São Paulo, 18 de janeiro de 2019.
Primeiras adesões:
Central de movimentos Populares-CMPMovimento pela soberania popular da mineração-MAMMovimento campones popular-MCPMovimento dos pequenos agricultores-MPAMovimento dos trabalhadores rurais sem terra-MST
Intelectuais/dirigentes/amigos
Breno AltmanFernando MoraisJoão Pedro Stedile
Como não poderia ser diferente, o Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro – PCB declara seu irrestrito apoio ao movimento e conclama o conjunto da militância comunista, das organizações populares e de esquerda a participar ativamente das mobilizações em defesa do povo venezuelano e contrárias às criminosas tentativas do governo brasileiro e dos governos reacionários da América Latina, submissos ao imperialismo estadunidense, de promover uma intervenção militar na Venezuela, para destruir o processo bolivariano de conquistas sociais e colocar aquele país sob total domínio dos interesses capitalistas internacionais.