A Venezuela no limiar de uma provocação
Havana (Prensa Latina)
Invocando a ”ajuda humanitária” e a ”responsabilidade de proteger”, Estados Unidos e seus aliados buscam um pretexto para agredir a Venezuela, como evidenciam os voos militares no Caribe e a tensão nas zonas fronteiriças.
Desde o início do mês começaram a chegar à cidade colombiana de Cúcuta, limítrofe com a Venezuela, e a outros pontos, aviões da Força Aérea estadunidense com a chamada “ajuda humanitária” que se pretende introduzir no país vizinho mediante a pressão e a força.
Cúcuta, onde a pobreza atinge 40 por cento da população, se converteu em epicentro de todo um show e ali está previsto também neste 23 de fevereiro um concerto organizado pelo multimilionário Richard Branson, para arrecadar fundos com o alegado fim de ajudar os venezuelanos.
Mas resulta paradoxal que os Estados Unidos anunciem uma ajuda de 20 milhões de dólares para a Venezuela, quando por outro lado aplica sanções e bloqueios econômicos contra esse país que já causaram perdas de 30 bilhões de dólares.
A Cúcuta chegou nos últimos dias o senador norte-americano Marco Rubio, ferrenho opositor do governo legítimo do presidente Nicolás Maduro, para reiterar que Donald Trump tem sobre a mesa todas as opções.
Também está prevista a chegada dos chefes de Estado da Colômbia, Chile e Paraguai, países integrantes do chamado Grupo de Lima que reconheceram o deputado Juan Guaidó, autoproclamado presidente em exercício da Venezuela.
Guaidó, junto com um grupo de deputados da oposição, viajou ao estado de Táchira, fronteiriço com a Colômbia, com o propósito de fazer entrar pela força o referido carregamento humanitário, fato considerado pelas autoridades de Caracas uma afronta à soberania.
É a crônica de uma provocação anunciada, segundo advertiu a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zajarova. De acordo com Zajarova, os promotores do plano contra as autoridades legítimas da Venezuela preveem provocar um incidente para que os guardas fronteiriços e os militares recorram à força.
A fronteira colombiano-venezuelana tem uma extensão de 2.219 mil quilômetros, com 63 balizas que marcam a linha divisória, mas a maior parte está em terrenos agrestes e desabitados ou dividida por rios.
Autoridades venezuelanas alertaram que Washington e seus aliados da direita tentam montar um cenário para justificar uma intervenção militar com o fim de derrubar o governo de Nicolás Maduro e se apoderar dos recursos naturais desse país, sobretudo do petróleo.
Pretextos similares foram utilizados para justificar invasões, com ou sem o aval da ONU, em países como Somália, Iraque, Líbia e Iugoslávia.
Entre os casos mais escandalosos de manipulação está o da menina Nariyah, cujas declarações na televisão estadunidense contribuíram para convencer a população sobre a necessidade de intervir no Iraque em 1990 e pouco depois se soube que o depoimento era falso e a menor era filha do embaixador kuwaitiano em Washington.
No caso da Líbia, em 2011, a ONU aprovou criar um corredor humanitário que deu luz verde à intervenção dos Estados Unidos, Reino Unido e França, a qual provocou milhares de mortos e mergulhou o país no caos até hoje.
Uma aventura militar disfarçada de intervenção humanitária prepara também os Estados Unidos contra a República Bolivariana da Venezuela, advertiu o governo cubano por meio de uma declaração pública. O texto faz referência aos voos de aviões de transporte militar para o aeroporto Rafael Miranda, de Porto Rico; para a base aérea de San Isidro, na República Dominicana e para outras ilhas do Caribe estrategicamente localizadas. Nas últimas horas, a Venezuela decidiu fechar suas fronteiras marítima e aérea com Aruba, Bonaire e Curaçao e pôr em revisão as relações diplomáticas com esses países.
Também foi fechada até novo aviso a fronteira com o Brasil e não se descarta que possa ser adotada uma medida similar com a Colômbia. A chancelaria venezuelana manifestou sua preocupação com a utilização de algumas nações como plataformas para planejar operações ilegais contra o Governo.
Uma operação denominada Sentinela está ativada com efetivos da Força Armada Nacional Bolivariana para evitar qualquer violação à integridade do território.
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