Partidos repudiam celebração do golpe de 1964

imagemDitadura nunca mais!

Em defesa dos direitos da classe trabalhadora, pelas liberdades democráticas e pelo Poder Popular!

O Partido Comunista Brasileiro (PCB), através de seu Secretário Geral, Edmílson Costa, assinou manifesto conjunto dos partidos de oposição a Bolsonaro, como forma de externar a mais veemente repulsa às anunciadas comemorações, pelo governo, ao golpe de 1964 e ao período da ditadura que, imposta pela força das armas para barrar o crescente movimento popular do início da década de 1960 e favorecer os interesses do grande empresariado e do imperialismo, promoveu ampla perseguição política, tortura, assassinou e exilou militantes, massacrou organizações e pessoas que se opuseram ao regime discricionário.

No entendimento do PCB, Partido que foi alvo da Operação Radar, criada por Médici e implementada por Geisel para destruir nossa organização, tendo perdido 1/3 do Comitê Central, centenas de militantes torturados e exilados, muitos dos quais também assassinados, é necessária a construção de ampla unidade de ação na resistência aos ataques que hoje Bolsonaro e seus seguidores promovem contra os lutadores sociais.

Apesar de consideramos que o fim da ditadura no Brasil não representou a conquista de democracia plena, pois foram mantidos os aparatos repressivos dos tempos do regime autocrático e não se realizaram mudanças estruturais profundas, já que a transição pelo alto deu continuidade às relações capitalistas e à subordinação do Brasil ao imperialismo, unimo-nos às manifestações em defesa das liberdades democráticas e repudiamos toda e qualquer tentativa de se impor ainda mais restrições às conquistas políticas e sociais duramente conquistadas graças à luta histórica do povo brasileiro.

Editoria da página do PCB

Leia, abaixo, o manifesto na íntegra:

Um dia, 21 anos de Ditadura Militar

No dia 1º de abril de 1964, tropas amotinadas do Exército Brasileiro depõem o presidente constitucional e democraticamente eleito do Brasil, João Goulart. O cargo presidencial foi declarado vago pelo Congresso Nacional ainda em presença do legítimo presidente em território Nacional.

Iniciava-se um regime autoritário que suprimiu liberdades e direitos civis e políticos, massacrou a oposição, perseguiu, sequestrou, torturou, matou e desapareceu com os corpos de militantes da resistência democrática.

Tal como hoje em que as liberdades democráticas estão sob ataque, o golpe militar contou com apoio da coalizão de todos os setores conservadores e reacionários do país.

Soube-se, anos depois, do papel absolutamente decisivo do imperialismo estadunidense, de lideranças políticas, empresariais, midiáticas e eclesiásticas que concorreram para que os setores militares que tomaram a frente do novo regime chegassem a essa intervenção militar que durou mais de 21 anos de autoritarismo.

Os partidos políticos abaixo signatários manifestam sua perplexidade com a desfaçatez com que o Presidente da República, Jair Bolsonaro, adota como chefe de Estado, ao arrepio da Constituição e da Lei, o discurso de louvação desse regime de exceção que marcou sua atuação como parlamentar e candidato. Repudiam a convocação pelo Presidente da República de atos de desagravo ao regime militar e aos piores algozes da democracia produzidos naquele período.

Não aceitam que qualquer instituição da República promova o revisionismo histórico e negligencie a verdade dos fatos que a sociedade brasileira pacientemente veio construindo nos anos de democracia que se sucederam ao regime de exceção, cujo ápice se encontra no relatório da Comissão Nacional da Verdade que concluiu seus trabalhos em 2014.

Assim, os partidos políticos que se expressam nessa nota apoiam os questionamentos formais feitos desses atos do novo Governo pelo Ministério Público Federal, no âmbito do Congresso Nacional e pela sociedade civil brasileira. Se associam aos atos convocados em todo o país pela democracia, pelo Estado Democrático de Direito, pelos Direitos Humanos e pelo Direito à Memória, à Verdade e a Justiça. Se irmanam às vítimas da ditadura, suas famílias e entidades representativas, na denúncia de seu sofrimento e na sua luta por reparação.

E reafirmam seu compromisso de continuar lutando contra os retrocessos sociais, econômicos e culturais que vêm sendo impostos ao povo brasileiro e à soberania da Nação por este novo Governo, cujas condições de governar vão desabando perante a população por desatinos e provocações como as que se anunciam para o 31 de março e o 1º de abril de 2019.

Memória, Verdade, Justiça!

Ditadura Nunca Mais

Democracia Já

Brasília, 30 de março de 2019.

Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT

Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB

Carlos Luppi, presidente nacional do PDT

Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB

Edmilson Costa, secretário-geral nacional do PCB

Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL

Conferir a matéria em Brasil 247:

https://www.brasil247.com/pt/247/poder/388702/Em-manifesto-seis-partidos-da-oposi%C3%A7%C3%A3o-condenam-celebra%C3%A7%C3%A3o-da-ditadura.htm