Ucrânia: comunistas banidos da eleição presidencial
Farsa eleitoral: o Partido Comunista (KPU) banido da eleição
Antes das eleições presidenciais na Ucrânia, em muitas cidades do país apareceu a inscrição “Eu quero votar nos comunistas”. Os ucranianos protestam assim contra o fato de o regime de Kiev os ter privado do direito a uma escolha democrática, impedindo os comunistas ucranianos de se candidatarem e violando dessa forma a Constituição.
O candidato do Partido Comunista Ucrânia, Petro Symonenko, não foi autorizado a participar nas eleições presidenciais na Ucrânia. Viu mesmo recusado o registro da sua candidatura.
De acordo com os números divulgados pela imprensa ocidental, antes de os votos terem sido comunicados, o atual presidente do regime de Kiev aparece largamente derrotado, na noite da eleição presidencial na Ucrânia. Na frente, com larga vantagem, aparece uma personalidade de TV 1+1 –, uma das principais cadeias do país, propriedade do oligarca Kolomoisky. O homem, vedete de uma série de televisão humorística, foi objeto de uma propaganda massiva na televisão. Na véspera da votação, a 1+1 transmitiu 7 horas dos seus espetáculos. Kolomisky é o antigo governador da região de Dniepropetrovsk e magnata do petróleo. Do seu feudo do Dniepre, financiou o batalhão paramilitar Azov de extrema-direita. Está em conflito com o chefe da junta atual, P Poroschenko, que assumiu o controle do seu banco, em 2016.
O segundo lugar é reivindicado pelas duas figuras seguintes: Timoshenko, uma oligarca do gás durante a “revolução laranja”, em 2004, e Poroschenko, o oligarca do agronegócio colocado à frente do regime de Kiev pela UE e os EUA, em 2014.
Na noite da eleição, as acusações de fraude eleitoral multiplicaram-se – já havia 1600 queixas, enquanto a comissão eleitoral reconhecia uma taxa de participação inferior a 50%, mesmo tendo inflacionado os cadernos eleitorais em 12%, ao registrar cidadãos da Crimeia e do Donbass. Os muitos cidadãos ucranianos que tiveram de emigrar para ganhar a vida na Rússia foram privados do direito de voto. São condições particularmente favoráveis à fraude eleitoral, tanto mais que o regime de Kiev proibiu a presença de observadores russos.
Os ucranianos votam com os pés e fogem do país
Enquanto a Ucrânia é atingida pelo que o Partido Comunista da Ucrânia (KPU), através do seu secretário P. Simonenko, denuncia como um genocídio social, os ucranianos fogem massivamente do país. Após o golpe de estado, sustentado pelos EUA e pela UE, para instalar uma junta de oligarcas apoiada por milícias de extrema-direita, o país afunda-se na miséria. Os salários entraram em colapso, quando são pagos. O KPU calculou que, na Ucrânia, os salários em atraso dos trabalhadores, em 1º de março de 2019, totalizavam 2,446 mil milhões de UAH [1]. Na mesma data, a dívida com os funcionários das empresas economicamente ativas totalizava mil e 267,7 milhões de UAH. Um pouco antes, as autoridades ucranianas teriam uma dívida de cerca de 200 milhões de grívnias aos mineiros.
É nestas dramáticas condições econômicas, às quais se deve adicionar a repressão política contra as forças progressistas e antifascistas – e, em primeiro lugar, os comunistas –, que o regime prossegue a sua guerra contra o Donbass. Uma guerra financiada pela União Europeia, que paga por isso bilhões de euros, enquanto os EUA enviam tropas e armamento para Kiev.
Um em cada quatro trabalhadores ucranianos teve de deixar o país por causa da miséria – 5 milhões de migrantes econômicos, segundo a Junta, mas, certamente, há muitos mais. Uma grande parte foi para a Rússia, onde vivem 3 milhões de ucranianos.
Dois milhões de ucranianos – oficialmente e de acordo com o ministro ucraniano dos Assuntos Sociais – estão imigrados na Polônia. Nove milhões estão exilados no estrangeiro, de forma regular.
Segundo jornalistas da RFI [Rádio França Internacional], é “a maior vaga migratória que a Europa conheceu recentemente”.
Uma vaga de que não ouvirão falar. Os meios de comunicação capitalistas dominantes (os dos multimilionários, assim como os que estão diretamente na mão de Macron) preferem derramar a sua propaganda sobre a emigração da Venezuela.
E isso não se vai alterar, já que a Alemanha está planejando aproveitar a crise causada pela UE na Ucrânia para também se aproveitar desses desesperados imigrantes ucranianos. Em 2020, a Alemanha concederá vistos de trabalho a cidadãos de países terceiros para empregos qualificados. A guerra travada pela União Europeia é também uma guerra contra os salários de todos os trabalhadores europeus. O Salário Mínimo na Ucrânia é de 132 € mensais. Quase 10 vezes menos que na França.
Ilustração: Eu quero votar nos comunistas – Tag nas paredes durante a eleição presidencial ucraniana
Notas
[1] UAH (grívnia) é a moeda nacional da Ucrânia – equivale a cerca de 0,033 €. – NT
Fonte: https://www.initiative-communiste.fr/articles/europe-capital/ukraine-farce-electorale-les-communistes-interdits-delection-presidentielle/, acedido em 2019/04/01.
Tradução do francês de PAT