Em memória de Alexander Zakharchenko

imagemHumberto Carvalho*

Em 31 de agosto de 2018, vítima de uma bomba instalada no restaurante Separ, no centro de Donestk, por um grupo neonazista ucraniano, morreu o Major-General Alexander Vladimirovich Zakharchenko, entre outras doze vítimas. Apesar do título pomposo de Major-General, Zakharchenko não queria ser militar, mas os acontecimentos históricos ocorridos durante sua curta vida levaram-no, inexoravelmente, à carreira das armas e da política.

Zakharchenko nasceu  em 26 de junho de 1976 na cidade de Donestk que, à época, pertencia à Ucrânia socialista que integrava a União Soviética.

Na União Soviética, afora a dos astronautas,  não havia profissão mais honrosa do que a dos mineiros. Desde menino, Zakharchenko sonhava em trabalhar em minas, seguindo o exemplo de seu pai. Graduou-se numa escola técnica e foi trabalhar como eletricista-mecânico de minas.

O salário de um mineiro, na URSS, permitia a compra de um “Zhiguli” (marca de automóvel russo que, exportado, tomava o nome de Lada), viagens de turismo, frequentar restaurantes… O que não ocorre no capitalismo. Por tais razões, entre outras, Zakharchenko tinha orgulho de ser um cidadão soviético, onde o trabalhador não era visto como uma mercadoria, mas como o centro do poder. Por seus estudos de História, Zakharchenko sabia que os grandes inimigos dos trabalhadores e do socialismo eram os fascistas e os nazistas.

Em reconhecimento ao seu trabalho e às qualidades de líder, Zakharchencko foi nomeado diretor-chefe da filial de Donestk da organização “Oplot”, sediada em Carcóvia, que fabricava os famosos tanques de guerra ucranianos T-84 Oplot. Zakharchenko casou-se com Natália e o casal teve quatro filhos, o último nascido em 2015. A vida parecia leve para Alexander Zakharchenko.

Mas o destino de Zakharchenko estava selado. Com a traição de Gorbachev e Yeltsen, desintegrou-se a União Soviética. A Ucrânia se separou da URSS. E em 2014, os herdeiros de Stepan Bandera, o nazista ucraniano, deram um golpe na Ucrânia e assumiram o poder. Então, seguindo o “verboten” de Hitler, implantou-se o ucraniano “заборонено” (pronuncia-se zaboroneno), ambos significando “proibido”. O plutocrata Poroshenko e o partido neonazista, herdeiro de Stepan Bandera, o Svoboda, proibiram tudo o que dizia respeito à União Soviética, inclusive jornais, livros, escritos em russo.

A reação ao neonazismo não tardou e, ainda em 2014, Donetsk e Lugansk tornaram-se independentes e repúblicas populares. Inevitavelmente, estourou uma guerra entre a Ucrânia neonazista e Donbass, região formada pelas repúblicas populares de Donestk e Lugansk. A guerra continua, cada vez mais sangrenta, e esse conflito pode gerar uma guerra mundial.

No século passado, a República Espanhola foi o primeiro país a lutar, com armas, contra o fascismo e o nazismo. As Repúblicas Populares de Donestk e Lugansk são os primeiros países, neste século, a lutarem, com armas, contra o neofascismo e o neonazismo. O tempo dirá que isso é uma honra, apesar do sacrifício.

Zakharchenko criou e liderou a milícia de Donestk. Participou de batalhas, onde foi ferido várias vezes e recebeu a medalha Estrela Dourada de Herói da República Popular de Donestk, entre outras condecorações. Foi-lhe conferido, então, o cargo de Major-General.

Em 8 de agosto de 2014, Zakharchenko tornou-se Presidente do Conselho de Ministros do Supremo Conselho da República Popular de Donestk. Liderando o povo de Donestk e sua milícia na luta pela independência e contra o neonazismo, uma bomba ceifou sua vida de herói de Donbass.

Através de sua vida e de sua morte, Zakharchenko provou sua dedicação e seu amor ao povo, ao socialismo e à liberdade.

Glória eterna ao herói Alexander Vladimirovich Zakharchenko!

*Humberto Carvalho é membro do PCB/RS