A verdade histórica sobre a Ucrânia Soviética

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“A luta pela verdade da história é uma parte integrante da luta de classes.”

Pyotr Simonenko – Primeiro Secretário do Comitê Central do Partido Comunista da Ucrânia.

“Fora do socialismo não há salvação para a humanidade das guerras, da fome, da morte de milhões e milhões de pessoas.” LÊNIN, Vladimir Ilitch.

A confirmação desse pensamento leninista, colocado na epígrafe, é o ódio patológico e frenético com que o capital trava uma guerra para destruir a verdade sobre a gloriosa e heróica história da União Soviética e da Ucrânia Soviética, a história do nascimento e formação de uma civilização verdadeiramente nova, que o Grande Outubro Vermelho anunciou ao mundo.

A Grande Revolução Socialista de Outubro, a primeira revolução vitoriosa das massas exploradas na história da humanidade, armada com a teoria marxista-leninista da luta de classes que destruiu da ditadura do capital, é o exemplo de construção do primeiro estado dos trabalhadores e camponeses do mundo sob a liderança do Partido Bolchevique, a qual levantou os trabalhadores do planeta para lutar por seus direitos contra a opressão burguesa e colonial.

Com a vitória da revolução proletária, e graças à implementação da política leninista à nação, apesar da feroz resistência da reação interna e internacional, a Ucrânia tornou-se um verdadeiro Estado baseado na vontade das classes trabalhadoras, sendo um dos pilares da União Soviética. Em cooperação com outras repúblicas, superou-se o total analfabetismo, eliminou-se o desemprego, criou-se um poderio industrial e militar no país, garantiu-se a segurança alimentar, desenvolveu-se rapidamente a ciência, a cultura e a arte nacionais.

Ao lado de suas repúblicas irmãs, derrotamos as hordas nazistas da “Europa unificada de Hitler”, libertamos seus povos do jugo fascista e nazista e hasteamos a vitoriosa bandeira vermelha sobre o Reichstag. Juntamente de nossos irmãos da URSS, restauramos o país e nossa Ucrânia natal da devastação do pós-guerra, fomos os primeiros a conquistar o espaço.

O atual sistema da ordem mundial capitalista, mais uma vez abalado por crises sociais, energéticas, financeiras, humanitárias, migratórias e dentre outras mais, encontra-se em “coma”. Após a destruição da URSS, tentando sair do impasse histórico, a burguesia luta por uma nova redivisão política do mundo. Essa luta pelo acesso a recursos e mercados, por esferas de influência, é determinada por dois vetores:

1) A luta dos Estados Unidos e do Ocidente contra a China comunista (outro “império do mal”), Vietnã, Cuba, além da luta contra outros exemplos claros da construção bem-sucedida das relações socialistas, ou seja, travam uma luta de ideologias;

2) A luta que parte do interior do próprio sistema capitalista, principalmente entre as potências nucleares da Europa, Estados Unidos e Rússia, sob o pretexto neoliberal de “defesa da democracia”, acompanhado por uma militarização da política interna e externa.

Dado que não existe um único crime que o capital não possa cometer por causa do lucro e do poder (os últimos acontecimentos no Cazaquistão confirmam isso), a probabilidade de desencadear uma Terceira Guerra Mundial é muito alta.

Após o golpe de estado contrarrevolucionário em 1991, a destruição da URSS e a restauração do sistema burguês, as conquistas da Ucrânia socialista, sendo membro da União Soviética, contra o pano de fundo da atual degradação econômica e social e contra o pano de fundo da impotência política das classes dominantes foram um osso na garganta, não só do regime oligarco-nazista estabelecido em nosso país, mas também à política burguesa e ao sistema econômico capitalista como tal.

Para que nas atuais condições o “fantasma do comunismo” não excite as mentes do povo trabalhador ucraniano, o regime oligarca-nazista pós-Maidan desencadeou uma guerra civil no Donbass, com o único propósito de “enterrar a União Soviética na cabeça de alguns, porque simplesmente não há outra razão para a guerra”. Isso foi declarado diretamente de Varsóvia, por um dos “pais” desta guerra, o ex-presidente da Ucrânia Poroshenko.

Ao longo dos anos de “independência”, o processo de escravização ideológica dos cidadãos da Ucrânia foi organizado, financiado e dirigido pelo interesse da burguesia local e de seus senhores de Washington à Bruxelas. Centenas de ONGs (organizações sem fins lucrativos) controladas por governos ocidentais e serviços especiais têm conduzido e estão realizando um trabalho sistemático e proposital com todos os setores da sociedade ucraniana, inclusive entre trabalhadores industriais e trabalhadores rurais, entre os jovens, desenvolvendo sua imunidade ao socialismo e “vacinar” os chamados valores europeus.

O pessoal treinado por tais estruturas é nomeado para cargos altíssimos em todos os ramos do governo, incluindo policiais (leia-se “órgãos punitivos”) e tribunais, plantando em todas as esferas da vida pública uma ideologia viciosa de exploração e enriquecimento de uns em detrimento de outros, a ideologia da ganância, descontrole, venalidade.

A burguesia está incessantemente tentando apagar da memória e da consciência das pessoas o período soviético em nossa história – o período de criação e formação da genuína democracia socialista.

A questão não é que o socialismo seja ruim, mas que ele em si representa uma ameaça mortal à dominação do capital e à ditadura criminosa da oligarquia.

O capital reúne todos os esforços para estabelecer na mente do público um sistema de valores no qual as classes trabalhadoras concordariam “voluntariamente” e humildemente com o destino de exploração dos objetos desprivilegiados, permanecendo como a principal fonte de enriquecimento da burguesia.

O principal objetivo da luta ideológica da burguesia é nivelar e desacreditar a experiência social e política dos bolcheviques, para evitar que as gerações atuais e futuras ganhem o controle dessa experiência efetiva, a qual se baseia na teoria marxista-leninista da luta de classes, para impedir a luta organizada dos trabalhadores pelo poder político e a substituição da ditadura do capital pela ditadura do proletariado e por uma verdadeira democracia socialista, para impedir que as classes trabalhadoras cumpram seu papel histórico de “coveiras da burguesia”, de perceber a necessidade de uma reorganização radical de toda a sociedade e a falácia de apoiar os golpes de 2004 e 2014 cometidos na Ucrânia como um mecanismo de transferência do poder das mãos de um agrupamento oligárquico para outro, sob a liderança dos EUA em nome de seus interesses.

Essa luta feroz ocorre em todas as áreas: teórica, econômica, humanitária, informacional e assim por diante.

No estágio da restauração do capitalismo e da oligarquia do regime dominante na Ucrânia, a história atua como um campo de luta implacável, sangrenta, no sentido literal, da burguesia contra o povo trabalhador. E, como mostram todos os anos anteriores da chamada independência, a história é usada como uma das armas principais da luta de classes.

Ao impor uma história falsa, uma história alternativa, substituindo a história real da luta de classes (e seu real teor classista) e a história da luta de libertação nacional como parte integrante da luta de classes por vários disparates, tendo como protagonistas os “protoukrys”1, pela qual “a raça humana passou”, privando as pessoas de acesso a informações verdadeiras e objetivas, e consequentemente, a capacidade de avaliar criticamente o passado, a burguesia dominante procura excluir qualquer possibilidade de formação da consciência de classe do povo trabalhador em determinados fatos históricos, dando origem a gerações de “ivans (mykols, orests, daryns) que não se lembram de seu parentesco”.

O esquecimento histórico, como a vida nos mostra, é um caminho sem volta para a insanidade política.

As perversões burguesas sobre a história dos “tempos passados”, a história da luta pela liberdade e independência, desde a revolta dos escravos liderada por Spartak, à guerra de libertação nacional contra o jugo polonês em aliança com a Rússia czarista durante o tempo de Bohdan Khmelnitsky ou à luta antifeudal dos habitantes dos Cárpatos Orientais liderados por Oleksa Dovbush, sem dúvida requerem uma avaliação objetiva e baseada em princípios.

Mas hoje, é precisamente o período de 1917 a 1991 que se tornou um campo de feroz luta ideológica e de classes. Afinal, se as antigas revoltas populares e revoltas das massas oprimidas foram duramente reprimidas pelas classes dominantes, então, como resultado da vitória da Grande Revolução Socialista de Outubro, onde os trabalhadores conquistaram o poder, o capital mundial foi forçado a considerar seu próximo ataque.

E é nesse campo que estamos travando uma verdadeira “guerra pela história” com o capital, concentrando nossas forças para combater tal perversão jesuíta de um passado muito próximo (pelos padrões históricos), cujas testemunhas ainda estão vivas e os eventos ainda estão frescos na memória do nosso povo. O nível de consciência de classe dos trabalhadores e da consciência pública como um todo dependerão diretamente de quem vencerá esta guerra.

Um papel especial na destruição da verdadeira história da Ucrânia foi desempenhado, e está sendo desempenhado, pela intelectualidade nacional, que se transformou de “originalmente soviética” em servos burgueses e pequeno-burgueses do capital. Tais prostitutas políticas e retóricas, tendo abandonado a missão de educadores do povo trabalhador, tornaram-se heróis modernos, transformando deliberadamente os cidadãos da Ucrânia em uma presa fácil do capital, o que proporcionou a este último o domínio político e econômico sobre as classes trabalhadoras.

Um traço característico de sua degradação moral e ética foi que, ao apoiar e servir ao regime pró-fascista e neonazista-oligárquico, tal “elite intelectual”, tendo vendido sua consciência por trinta moedas de prata, após o golpe de 1991, traiu as realizações de seus pais e avós durante os anos do poder soviético, e agora trai e destrói o futuro de seus filhos, netos e bisnetos.

Também é instrutivo para nós que a esmagadora maioria dessa chamada intelectualidade ucraniana – proveniente de famílias simples de trabalhadores e camponeses e seus descendentes com honrarias e títulos acadêmicos – tenha sido educada em universidades soviéticas.

A falsificação e destruição da história da Ucrânia do período socialista soviético, sob o pretexto da descomunização, rompe a conexão entre gerações, destruindo uma experiência única e toda sua camada histórica exemplar da implementação bem sucedida da prática e teoria da luta de classes ao criar um estado dos trabalhadores, para os trabalhadores. E este não é apenas um caminho para a escravidão espiritual, é um caminho direto ao fascismo.

A ideologia do nacionalismo integral, ou seja, a ideologia do fascismo e do nazismo, é literalmente martelada na cabeça dos ucranianos como uma suposta “escolha consciente” do povo. A máquina estatal do neonazismo ucraniano paralisa e engana não apenas os jovens, mas também as pessoas da geração mais velha – aqueles que venceram, construíram e criaram, forçando-os a destruir o que criaram com suas próprias mãos.

Cientistas políticos burgueses, sociólogos, economistas, historiadores e a comunidade científica que, vergonhosamente permanecem em silêncio, apoiam a adoção da chamada “Lei de descomunização” pelo regime dominante na Ucrânia. Uma lei que desfigura o já miserável sistema político burguês, que de fato e de jure proíbe a possibilidade de fundamentação, com base em documentos históricos genuínos, qualquer discussão sobre os modelos mais promissores para o desenvolvimento da sociedade, alternativos ao capitalismo misantrópico.

Um exemplo marcante da falsificação da história ucraniana e soviética é a “obra-prima” do Conselho de Segurança e Defesa Nacional (CSDN) da Ucrânia — uma espécie de “novilíngua orwelliana”, que é de uso obrigatório de todas as autoridades estatais e governos locais, a mídia, instituições educacionais e organizações científicas, na esfera pública como tal.

Este documento, se assim pode chamá-lo, exige nada menos do que, sob a ameaça de responsabilidade administrativa e até criminal, chamar a Grande Guerra Patriótica, a guerra em que milhões de ucranianos deram suas vidas pela libertação do nosso país, de “falsa”. Isso não é surpreendente, pois a vitória nessa guerra é uma vitória do sistema socialista, uma vitória da economia socialista, uma vitória do patriotismo soviético sobre o nacionalismo burguês e o chauvinismo. Além disso, a referida decisão do Conselho de Segurança e Defesa Nacional pede que se considere a reunificação das terras ucranianas de 1939 e 1945 como ocupação bolchevique, e a guerra civil no Donbass, desencadeada como resultado do golpe armado no Maidan, como uma guerra com a Rússia.

E tal documento não é apenas obra de uma mente doentia, mas um fruto da política criminosa do capital.

Desde o momento da conquista da “independência” até o início dos anos 2000, e mesmo após a “revolução laranja” de 2004, as falsificações da história do período soviético foram pontuais. Isso estava diretamente relacionado ao fato de que, em termos políticos, a Verkhovnaya Rada, onde uma parte significativa dos deputados representava os interesses do Sudeste da Ucrânia — Crimeia e Donbass —, atuou como contrapeso à vertical presidencial-nacionalista. E após o golpe armado de fevereiro de 2014 e a usurpação do poder pelos oligarcas-nazistas, as falsificações tornaram-se totais e são parte integrante da ideologia e da política do estado.

Um dos principais falsificadores da história ucraniana e gerador das delirantes “narrativas históricas ucranianas” é o Instituto Estatal de Memória Nacional, criado por analogia ao nazista “Ahnenerbe” (“Sociedade Alemã para o Estudo da História Antiga Alemã e do Patrimônio dos Ancestrais”). A tarefa deste centro de falsificação é “zerar” todo o período soviético, apresentando-o como uma faixa contínua de “terror vermelho” e “agressão russo-bolchevique” contra a Ucrânia, para glorificar criminosos da SS e cúmplices nazistas, transformando-os de carrascos, a heróis.

A moderna Ucrânia neonazista e burguesa, contrária à lógica e à verdade histórica, contrária à Declaração de Soberania do Estado, que afirma diretamente que a Ucrânia é a sucessora da RSS ucraniana, é agora declarada sucessora da República Popular da Ucrânia (RNU).

A mesma RPU, cujos “Sich Halych-Bukovyna Kurin” sob o comando de Yevgeny Konovalets, um dos fundadores e líderes da Organização dos Nacionalistas Ucranianos, juntamente com Haydamak Kosh, de Symon Petliura, no inverno de 1918, afogaram em sangue a revolta dos trabalhadores da fábrica de Kiev “Arsenal”, que se paralizavam contra o reacionarismo da Rada Central.

A mesma RPU, que os criadores da Rada Central e do Diretório, durante os três anos de sua existência inglória (incluindo o período de oito meses da skoropadshchina), venderam miúdos ou aos alemães, depois à Áustria-Hungria, depois à a Entente, depois para a Polônia burguesa, pagando a assistência militar aos invasores com grãos, carne, ovos. Assim como as atuais autoridades negociam na Ucrânia no atacado e no varejo, como pagamento por uma bota da OTAN em solo ucraniano e esmolas do FMI.

Mas este não é o limite da loucura. Os deputados neonazistas apresentaram um projeto de lei à Verkhovna Rada, segundo o qual a Ucrânia moderna atua como sucessora legal do Estado ucraniano, restaurada pela Lei de 30 de junho de 1941, a qual jurava lealdade a Hitler e pronta, sob sua liderança, para “criar uma nova ordem na Europa.”

O principal golpe dos falsificadores do período soviético visa, por um lado, distorcer as verdadeiras conquistas socioeconômicas e humanitárias do sistema socialista e, por outro, especular sobre as páginas mais dramáticas e trágicas de nossa história comum.

Quanto à Ucrânia pós-soviética, toda a sua falsificação, máquina estatal e não estatal, opera sob o slogan “Saia de Moscou!” há mais de três décadas. Começando com os mitos sobre a russificação total, as “danças sobre os ossos” do holodomor, terminando com a suposta ocupação por “russoo-soviéticos” de terras nativas ucranianas como resultado do Pacto Molotov-Ribbentrop e do genocídio de ucranianos na URSS.

Assim, seguindo o princípio de “dividir para reinar”, os falsificadores burgueses-nacionalistas usam ativamente o mito da “russificação” da Ucrânia para incitar a inimizade ao longo de linhas étnicas e linguísticas. Ao mesmo tempo, eles “esquecem” completamente que na RSS ucraniana, no outono de 1920, foi tomada uma decisão sobre o ensino obrigatório da língua ucraniana na preparação de trabalhadores educacionais e, em maio de 1921, o Instituto do Língua Científica Ucraniana foi estabelecida. Em 1938, de 21.656 escolas na Ucrânia, 18.101 estavam com a língua de instrução ucraniana.

Processos semelhantes foram acompanhados por reformas na educação profissional e superior.

A publicação de livros ucranianos, jornais e revistas era ativa. Em 1928, 58 jornais foram publicados na língua ucraniana na RSS da Ucrânia, e em 1939 havia 885 jornais ucranianos e apenas 304 russos. A essa altura, três quartos dos livros e quase 85% dos periódicos foram publicados em ucraniano.

Desde os primeiros anos do poder soviético, os teatros ucranianos foram ativamente abertos. No início da década de 1930, 66 teatros ucranianos, 12 judeus e apenas 9 russos estavam operando na RSS da Ucrânia.

Em 1927, o Estúdio de Cinema de Kiev (Kievskaya Kinostudiya) começou seu trabalho, que desde 1957 leva o nome de Aleksandr Dovzhenko.

Grupos criativos populares criados na RSS da Ucrânia ganharam fama mundial. Canções de compositores soviéticos ucranianos com versos de poetas soviéticos ucranianos ainda são cantadas por velhos e jovens. E não só na Ucrânia.

Estando em um ambiente burguês hostil, sob a liderança do Partido Bolchevique, as jovens repúblicas soviéticas dentro da URSS caminharam para a industrialização e coletivização. Foi baseado no plano GOELRO, desenvolvido em 1920, que, em sua totalidade, não era apenas um plano para a eletrificação do país, mas também um plano para o desenvolvimento de toda a economia.

Durante os anos dos primeiros planos quinquenais e antes do início da Grande Guerra Patriótica, centenas de novas grandes empresas industriais foram construídas na Ucrânia: DneproGES; Zaporizhstal, Krivorozhstal, Azovstal, Planta de Tratores de Kharkov, Planta Metalúrgica de Novokramatorsk. As empresas existentes foram revisadas: A metalúrgica de Mariupol “Ilitch”, a planta metalúrgica de Dneprovsk “F.E. Dzerzhinsky”, a planta metalúrgica de Dnepropetrovsk “Petrovsky”, a planta de laminação de tubos “Karl Liebknecht” de Nizhnedneprovsky, dentre outras; o volume total de produção industrial em 1940 ultrapassou o nível de 1913 em 7,3 vezes e, ao incluir a indústria pesada: em 11 vezes; a geração de eletricidade aumentou em 23 vezes!

Paralelamente ao processo de industrialização, uniram-se fazendas camponesas individuais dispersas e criaram-se grandes fazendas coletivas com base na cooperação e mecanização do setor agrário.

É claro que no curso dessas transformações socioeconômicas em grande escala, erros e excessos não puderam ser evitados. São eles que são usados pelos falsificadores burgueses para desacreditar tanto na construção socialista em nosso país quanto no socialismo como um sistema sócio-político como um todo. Para tanto, foi criado um mito burguês-nacionalista sobre o Holodomor como o genocídio de ucranianos por russos e bolcheviques. Este mito foi inspirado por centros anti-soviéticos estrangeiros, que usaram para isso, entre outras coisas, materiais arquivados sobre a tragédia da fome de 1932-1933 na Ucrânia, publicados por decisão do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da Ucrânia.

As evidências fotográficas da fome de 1932-1933, falsificadas pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (em ucraniano SBU) e pelo IUMN (Instituto Ucraniano de Memória Nacional), que refletem os eventos da fome na região russa do Volga dos anos 20 do século passado, os tempos da Grande Depressão nos EUA, etc., já se tornaram um provérbio.

Ao mesmo tempo, as verdadeiras causas desta tragédia são abafadas de todas as maneiras possíveis: seca, sabotagem kulak, atividades subversivas de elementos contrarrevolucionários no partido e no aparelho estatal.

Assim, por exemplo, em 1933 por danos deliberados e destruição de tratores, máquinas agrícolas, incêndio criminoso de MTS e moinhos de linho, entupimento de campos e redução de rendimentos, pela pilhagem dos estoques de grãos das fazendas coletivas, a morte de animais pesados utilizados para o trabalho e produção para arquitetar a fome, 70 membros do Comissariado Popular da Agricultura e do Comissariado Popular das Fazendas Estatais foram condenados, incluindo nacionalistas ucranianos da organização de um certo Fyodor Konar — Vice-Comissário do Povo da Agricultura, mas na verdade, um agente do movimento polonês branco de Poleshchuk, que tomou um cartão do partido de um soldado do Exército Vermelho que morreu em 1920, introduzindo-se nas estruturas do governo soviético.

Centenas de documentos do partido e do Estado Soviético são deliberadamente silenciados, testemunhando as medidas de emergência tomadas pelo governo soviético para eliminar a fome e superar suas consequências.

Assim, levando em conta a difícil situação na república que se desenvolveu no inverno de 1933, o Conselho dos Comissários do Povo da URSS e o Comitê Central dos Partidos Comunistas de Toda a União (dos Bolcheviques) adotaram uma resolução especial em 25 de fevereiro de 1933 sobre a atribuição de ajuda alimentar à Ucrânia a partir das reservas estatais. Ela recebeu um empréstimo de alimentos, sementes e forragem no valor de 35.190.000 puds2 em grãos. Os alimentos foram alocados a partir dos fundos invioláveis e de mobilização.

Além disso, até o final de abril de 1933, 22,9 milhões de puds de sementes, 6,3 milhões de puds de grãos para ração e 4,7 milhões de puds de grãos alimentícios foram enviados para a república do fundo da União até o final de abril de 1933 como um empréstimo e 400 mil puds de ajuda alimentar. Em abril de 1933, a ajuda alimentar à Ucrânia ultrapassou 560 mil toneladas.

No total, a população da RSS da Ucrânia recebeu pelo menos 41,48 milhões de puds (2,3 milhões de toneladas) de grãos e 40.291 puds (645 toneladas) de farinha. Ademais, foram fornecidos 1 milhão de puds (160 mil toneladas) de alimentos, uma quantidade significativa de cereais e confeitaria, açúcar e enlatados (dos fundos do Conselho de Comissários do Povo da RSS da Ucrânia).

São particularmente cínicas as especulações em torno da terrível tragédia da fome na RSS da Ucrânia no contexto da mesma fome da década de 1930 no território da Ucrânia Ocidental, que na época estava sob o governo da “Grande” Polônia.

É significativo que, de acordo com as conclusões da Comissão Internacional de Inquérito sobre a Fome, criada em 1988 por iniciativa do Congresso Mundial dos Ucranianos Livres, a fome na Ucrânia não pode ser reconhecida como o genocídio dos ucranianos. O relatório da comissão foi publicado em 1990 e está disponível ao público.

A realidade é que não há fatos que confirmem as declarações dos falsificadores burgueses-nacionalistas sobre a tragédia da fome de 1932-1933 na RSS ucraniana como um genocídio de ucranianos pelos bolcheviques, até mesmo no livro “A Fome de 1932-1933”, publicado pelo notório Institute of National Remembrance, em 2013, isso é afirmado explicitamente.

Mais informações sobre o problema da falsificação da tragédia da fome na Ucrânia podem ser encontradas no site do Partido Comunista da Ucrânia (https://kpu.ua/ru/100503/golod_byl_golodomora_ne_bylo).

Os falsificadores burgueses da história da Ucrânia atribuem um dos papéis principais ao período pré-guerra e diretamente aos eventos da Segunda Guerra Mundial e da Grande Guerra Patriótica do povo soviético contra os invasores nazistas. Condenando apenas verbalmente o fascismo e o nazismo, a máquina ideológica estatal do regime dominante está fazendo de tudo para atenuar tais ideologias e seus adeptos modernos.

Para este fim, os historiadores perversos concentram seus esforços em transferir a responsabilidade de desencadear a Segunda Guerra Mundial à URSS e a Stalin. Como argumento, é usado o chamado Pacto Molotov-Ribbentrop, que supostamente causou o ataque de Hitler e Stalin à Polônia, sua partição e a “ocupação da Ucrânia pelos bolcheviques”. Em outras palavras, a unificação das terras ucranianas ou, usando a terminologia dos nacionalistas ucranianos, a “unidade” da Ucrânia é apresentada como uma ocupação. O que é isso senão uma esquizofrenia nacionalista?

Ao mesmo tempo, a verdadeira causa da Segunda Guerra Mundial – a crise sistêmica do capitalismo, a redistribuição e captura de mercados (espaço vital) – é abafada de todas as maneiras possíveis. Assim como o fato de terem sido a França e a Grã-Bretanha que desamarraram as mãos de Hitler, concluindo um acordo com ele e a Itália fascista em 1938 (Pacto de Munique), dando assim, luz verde à divisão da Tchecoslováquia entre Alemanha Nazista, Polônia e Hungria.

As declarações dos falsificadores burgueses sobre a “luta heróica” da OUN-UPA3 contra as tropas nazistas também ultrapassam o âmbito do senso comum. Concordamos que quase a frente principal da Segunda Guerra Mundial foi a frente da luta entre a UPA e a Alemanha nazista.

Aqui está uma citação do documentário “SBU: O Serviço de Segurança da OUN-UPA” (a abreviatura SBU já é simbólica em si). Não qualquer um, mas um doutor em ciências históricas, chefe do departamento científico e organizacional do Instituto de Legislação da Verkhovna Rada, Ivan Myshchak, disse que “durante a guerra, a OUN criou uma poderosa rede de inteligência na Alemanha Nazista. A Gestapo informou que as decisões tomadas em Berlim se tornariam conhecidas da OUN na Ucrânia Ocidental dentro de 48 horas. Foi um desafio tão grande que, em 1942, a Alemanha dedicou todos os seus esforços para liquidar a OUN.”

Essa mentira também é refutada por respostas oficiais dos arquivos da República Federativa da Alemanha, que o Partido Comunista recebeu após um apelo oficial à chanceler Angela Merkel com um pedido de assistência na busca de informações sobre as operações militares do UPA e outras formações nacionalistas, incluindo o Polesskaya Sich de Bulba-Borovets. “Os arquivos alemães não têm esses dados”, dizem as cartas do Escritório de Pesquisa Histórica Militar (Potsdam) de 12 de março de 2008 e do Instituto de História Contemporânea (Munique) de 23 de abril de 2008.

Mas os fatos da cooperação entre membros da OUN-UPA e Stepan Bandera diretamente com a Gestapo e o Abwehr4 são confirmados por numerosos testemunhos de contemporâneos e pelos materiais do Tribunal de Nuremberg. Assim, por exemplo, de acordo com o depoimento de um funcionário da Gestapo e do Abwehr, o tenente Siegfried Muller, dado por ele durante a investigação em 19 de setembro de 1945, Stepan Bandera, sob a supervisão direta do chefe da 4-D Obersturmbannfuehrer Wolf, instruiu pessoalmente os agentes treinados pelos nazistas, enviados para comunicação com a sede da UPA, para o trabalho de sabotagem na retaguarda do Exército Vermelho.

Basta folhear os jornais publicados pela OUN no território da Ucrânia Soviética ocupado pelos nazistas e aqueles brindes em homenagem à “Vossa Excelência Adolf Hitler”, com os quais se fartaram em banquetes, para que quaisquer dúvidas sobre a criminalidade da OUN-UPA desaparecessem por si mesmas.

A relação da burguesia mundial e a Ucrânia não são exceção aqui, mas, talvez, um exemplo vívido de como o capital, aprofundando a pobreza e a ilegalidade, semeia confusão e inquietação nas cabeças, corrompe os fundamentos morais e espirituais da sociedade, privando as massas da oportunidade de realmente influenciar os processos políticos.

Lutando pela verdade da história, nós, comunistas, marxistas-leninistas, confiamos nos princípios fundamentais do materialismo dialético e histórico, consideramos as falsificações burguesas da história da Ucrânia Soviética e sua revisão pela camarilha dominante dos oligarcas-nazistas como um trampolim para impulsionar a falsificação no futuro, no qual não há lugar para verdadeiros direitos políticos, econômicos e sociais do trabalhador.

Hoje, graças ao desenvolvimento da tecnologia da informação, o acesso aos arquivos do mundo foi bastante simplificado. E mesmo nos arquivos da Ucrânia, apesar do fato de que, através dos esforços de vários “Vyatrovichs” e “Drobovichs” (Vyatrovich e Drobovich – o ex e atual diretor do Instituto Ucraniano de Memória Nacional), muitos documentos que testemunham as atividades criminosas da OUN-UPA, sua cooperação com Hitler, a cooperação pós-guerra com a inteligência estrangeira, principalmente os Estados Unidos, bem como a confirmação dos ataques terroristas da OUN contra a população civil até meados dos anos 50 do século passado, são cuidadosamente “apagados”, provas documentais suficientes, com base nas quais é possível e necessário expor, mesmo que razoavelmente, as falsificações burguesas de nossa história. Expor não só do ponto de vista científico, mas também com o objetivo de educar a consciência de classe do povo trabalhador, sua auto-organização para proteger seus interesses fundamentais.

Nossa luta pela verdade da história não é apenas um desmascaramento generalizado das mentiras burguesas (o que, sem dúvida, é de extrema importância), é parte integrante da luta de classes – a luta para remover os oligarcas-nazistas do poder e transferir todos poder para as classes trabalhadoras.

Link da matéria: https://kpu.life/ru/100975/petr_symonenko_borba_za_pravdu_ystoryy__neotemlemaja_chast_klassovoj_borby

Tradução de Matheus Gusev, militante da UJC.

1 “Protoukrys”, ou “ukrys”, são os ancestrais míticos fundadores da nação ucraniana. Atualmente, grupos nacionalistas ucranianos são alcunhados ironicamente de protoukrys, satirizando suas lutas pela “libertação da Ucrânia das garras socialistas”.

2 Aproximadamente 576 mil toneladas de grãos (1 pud russo = 16,38 kg).

3 Organização dos Ucranianos Nacionalistas (em ucraniano “OUN”) e Exército Insurreto Ucraniano (em ucraniano “UPA”).

4 Serviço de Inteligência da Alemanha Nazista.