Descaso e crime com a conivência do Estado

imagemÉ isso o que vem acontecendo no Rio de Janeiro

Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora As enchentes no Rio de Janeiro são tratadas com descaso pelos sucessivos governos. Enquanto morrem adultos, jovens e crianças em desabamentos, carregados pelas enxurradas, os governos fogem de sua responsabilidade, culpando sirenes que não tocaram, ou a topografia da cidade, tentando esconder que o sucateamento, a privatização e a terceirização dos serviços públicos provocam dia após dia a tragédia que assola o Rio de Janeiro mais uma vez.

Desde o início de 2019, dezenas de pessoas morreram vítimas do descaso do Estado nas enchentes e no dia 12 de abril, mais uma tragédia anunciada por esse descaso, na região oeste do Rio de Janeiro, no morro da Muzema: dois prédios irregulares, construídos a mando das milícias foram ao chão, matando mais de 10 pessoas. Entre as vítimas, estavam trabalhadores, adolescentes e crianças.

Os prédios que caíram não deveriam ter sido construídos, mas foram. E dentro do mesmo condomínio onde esses dois prédios desabaram, a juíza Marilia de Castro Neves Vieira, a mesma que logo após a morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foi para as redes sociais destilar seu preconceito, desrespeitando a vereadora com mentiras dizendo que ela tinha ligações com bandidos, foi relatora de uma ação que manteve liminar impedindo a demolição de outros prédios irregulares.

Pela total ausência de uma política pública de moradia, trabalhadores procuram um teto e caem em moradias controladas por milícias, as mesmas milícias que formam um esquadrão da morte que mata os pobres nas periferias e persegue aqueles que lutam.

A milícia oriunda das ações criminosas de uma Polícia que mata, uma milícia que é investigada pela morte da Marielle Franco e Anderson Gomes, que espalha o pavor nas comunidades, que se enriquece controlando bairros inteiros, que se apropria do que deveria ser público e que segue impune com a conivência desse Estado assassino em que a Polícia cada vez mais mata.

O prefeito Marcelo Crivella (PRB) culpa a população trabalhadora que sem alternativa de moradia vai morar nas encostas e morros, mas foge de responder que desde que assumiu a Prefeitura cortou drasticamente os serviços de drenagem urbana e ampliou a terceirização dos serviços públicos.

Enquanto famílias choram seus mortos assassinados pela ausência de serviços públicos e pela repressão do Estado, o prefeito foge de suas responsabilidades. O governador Wilson Witzel é conivente com os 80 tiros disparados contra um carro em que estava uma família e que matou um pai trabalhador. O presidente da República, Jair Bolsonaro, diz que o Exército não matou ninguém. Para eles as dezenas que morreram pelo descaso e pela repressão do Estado são ninguém.

Não tem perdão, nem esquecimento, são vidas de seres humanos arrancadas pela negligência do Estado e pela gana assassina do Capital em transformar tudo que deveria ser público em mercadoria.

Categoria
Tag