Comunistas italianos repudiam falsificação histórica

imagemO secretário geral do Partido Comunista, Marco Rizzo, rasgou a moção que busca equiparar o comunismo ao fascismo.

Os comunistas italianos disseram “foda-se” à União Europeia no sábado, quando milhares de pessoas de toda Itália se reuniram em Roma contra a perigosa moção anticomunista aprovada pelo parlamento europeu no mês passado.

O secretário geral do Partido Comunista, Marco Rizzo, bradou seu pronunciamento enquanto rasgava uma cópia da resolução que iguala o comunismo ao fascismo, recebendo a aplausos das multidões reunidas na Piazza Santi Apostoli, na capital italiana.

Ele condenou a moção que pretende reescrever a história com a alegação de que o pacto Molotov-Ribbentrop de 1939 havia causado a segunda guerra mundial. A resolução também clama pelo apagamento de todos os memoriais do “totalitarismo” em toda a Europa, incluindo aqueles dedicados ao Exército Vermelho.

“Mas sem o Exército Vermelho”, ele disse à multidão, “estaríamos todos falando alemão hoje”, relembrando aos manifestantes que foram as forças do comunismo que derrotaram o fascismo na Europa.

Rizzo alertou que a legislação está sendo usada pela UE de forma a justificar os estados membros a proibirem partidos comunistas e símbolos comunistas.

Os únicos beneficiários dessa legislação seriam a extrema direita, que está crescendo em toda a UE, alertou Rizzo.

A moção foi apresentada pelo grupo de direita do Partido Popular Europeu, mas muitos eurodeputados de países com experiências recentes envolvendo o fascismo votaram contra a moção, incluindo o conservador partido Nova Democracia, da Grécia.

Apesar da natureza reacionária da resolução, ela obteve o apoio de vários partidos socialdemocratas – a maioria dos eurodeputados trabalhistas britânicos votou a favor.

A manifestação também foi convocada para se opor ao novo governo de coalizão da Itália, composto pelo populista de direita Movimento Cinco Estrelas e pelo neoliberal Partido Democrático.

Na sexta-feira, o governo anunciou planos para acelerar a expulsão de migrantes da Itália.

Em uma linguagem arrepiante, o líder do Cinco Estrelas e Ministro do Exterior Luigi Di Maio disse em uma conferência: “Eu não acredito que redistribuir migrantes para outros países europeus seja a solução final”.

O primeiro-ministro Giuseppe Conte deu boas-vindas ao novo plano como “um grande passo adiante” e disse estar confiante de que ele produzirá repatriações mais rápidas.

“A Itália sempre foi ineficiente nisso”, acrescentou Conte.

Rizzo permaneceu desafiador, prometendo resistir à antidemocrática UE e ao seu crescente anticomunismo.

“Eles acham que, agindo de tal maneira, impedirão nossas palavras, nossa militância, nossa determinação?”, perguntou ele. Aqueles reunidos em meio a um mar de bandeiras vermelhas responderam: “Não!”.

“Fodam-se eles”, retrucou com muitos aplausos, e jogou a resolução rasgada ao ar.

Texto disponível em: https://morningstaronline.co.uk/article/w/italian-communists-protest-eu-moves-to-rewrite-history

Autor: Steve Sweeney

Tradutor: Guilherme Laranjeira