Fórum por Direitos e Liberdades realiza com êxito plenária nacional
Jornal O Poder Popular
O Fórum por Direitos e Liberdades Democráticas realizou neste sábado, dia 27 de junho, uma plenária nacional virtual com a participação de cerca de 300 militantes de 25 Estados e do Distrito Federal, dentre os quais a maioria era composta de sindicalistas, além de militantes do movimento popular e das organizações da juventude, das mulheres, do movimento negro, dos policiais antifascistas e dos entregadores de aplicativos. Foi uma reunião histórica, não só pelo número de participantes, mas especialmente pelo grau de unidade política entre todos os participantes.
A plenária foi convocada a partir de um documento elaborado pela Coordenação do Fórum, onde se faz um diagnóstico do governo Bolsonaro, do caráter de seu governo e das tarefas que o Fórum deverá realizar tanto agora quanto no momento pós-pandemia. Entre essas tarefas está a luta pela derrubada do governo Bolsonaro-Mourão, o processo de reorganização de nossa classe, o enraizamento do Fórum nos Estados, mediante a atração de sindicatos, movimentos de juventude e do movimento popular. Os passos que deverão ser adotados na luta contra o capital, o estímulo à auto-organização dos trabalhadores, bem como a construção de um projeto estratégico para disputar com a burguesia o próximo período foram também pontos fundamentais da discussão (veja abaixo a íntegra do documento).
Os trabalhos foram abertos por Antônio Gonçalves, presidente do Andes – Sindicato Nacional, que saudou os presentes e falou da importância histórica da plenária, justamente num momento de grave crise do País. A plenária foi dividida em quatro partes: análise de conjuntura, saudação das entidades que não compõem o Fórum, intervenção das organizações coordenadoras e falas da plenária. A análise de conjuntura foi realizada pela companheira Sirlene, da Resistência-PSOL, Edmilson Costa, secretário-geral do PCB, e Edson Índio, da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora. Posteriormente, falaram os representantes da Frente Povo Sem Medo, dos Policiais Antifascistas e dos Entregadores de Aplicativos Antifascistas.
As intervenções dos policiais e dos entregadores antifascistas tiveram um caráter simbólico, pois são categorias que não têm longa tradição na luta dos trabalhadores. O companheiro Denilson Campos, dos Policiais Antifascistas, destacou o fato de que as pessoas às vezes veem com ceticismo o movimento dos policiais e não percebem que também são trabalhadores. Disse que a esquerda colocou o assunto da segurança pública numa zona cinzenta e não faz uma disputa na categoria. “Não pode deixar essa questão no colo da direita, que faz demagogia nos chamando de heróis. Por isso, é necessário que a esquerda abra diálogo, elimine preconceitos, faça parcerias. Esse é um espaço disputável”, diz.
O companheiro Galo, representante dos entregadores de aplicativos, enfatizou o fato de que a situação desses trabalhadores é tão precária que eles estão ainda lutando pelas conquistas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e que é muito difícil fazer o trabalho político na categoria. Temos que parar a moto para conversar com os companheiros e quando paramos não ganhamos nada. Organizados já em oito Estados, eles ainda estão lutando para garantir o café, o almoço e o lanche. “É duro você carregar comida para os outros com fome”. Mesmo com essas dificuldades, ele disse que “o movimento está disposto a colocar os trabalhadores para lutar e transformar o mundo da forma que o trabalhador merece”. Os entregadores de aplicativos estão marcando uma greve nacional para o dia primeiro de julho, próxima quarta-feira.
As organizações que coordenam o Fórum também expressaram sua opinião sobre a conjuntura, mas como já têm um acúmulo político a partir das reuniões semanais que o coletivo nacional realiza, houve uma grande coincidência de pontos de vista tanto políticos quanto orgânicos em relação ao Fórum. Participaram também da plenária organizações das mulheres, dos negros, da juventude e do movimento popular. Outro dado significativo é que participaram da plenária representantes de petroleiros, metalúrgicos, construção civil, metroviários, químicos, correios, bancários, rodoviários, entregadores de aplicativos, trabalhadores da educação, da saúde, além dos sindicatos nacionais (Andes e Sinasefe) e a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora. Pela juventude, estavam presentes representantes da UNE, UEEs, Associação Nacional de Pós-Graduandos, Diretoria Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina e dezenas de entidades gerais do movimento estudantil.
Todos foram unânimes na importância de organizar o Fórum nos Estados, reunindo sindicatos, movimento popular e da juventude e outras organizações, de forma a enraizar nas cidades e nos Estados essa ferramenta fundamental para a reorganização de nossa classe. Para Edmilson Costa, secretário-geral do PCB e da Coordenação do Fórum, “essa foi uma plenária histórica que marca um passo importante no processo de reorganização de nossa classe”. Para Cássio Canhoto, coordenador nacional da Unidade Classista, “a plenária foi um passo decisivo no sentido de construir um novo instrumento de organização dos trabalhadores, da juventude e do movimento popular rumo ao Encontro Nacional da Classe Trabalhadora no melhor momento da luta de classe em nosso país”. E Gabriel Lazzari complementa: “Nessa tarefa a juventude não medirá esforços para transformar o Fórum num protagonista da luta de classes em nosso país no próximo período”.
Lutar para derrotar Bolsonaro-Mourão, enraizar o Fórum nos Estados e reorganizar a nossa classe
Os trabalhadores/as brasileiros e a juventude enfrentam os mais graves desafios do último meio século. Esses desafios estão colocados num momento em que ocorre uma crise mundial do capital – econômica e sanitária. Em nosso país é uma crise econômica, social e política, a mais séria desde o período da ditadura. O governo Bolsonaro tem se caracterizado por uma política de ataque brutal contra os direitos, salários e garantias dos trabalhadores e pensionistas. Também é criminoso o corte de verbas às universidades e à ciência, a perseguição aos estudantes, as ações terríveis para sabotar as medidas sanitárias no combate à pandemia e para conspirar contra o distanciamento social. Como se não bastasse, há os ataques ao meio ambiente, às liberdades democráticas, aos povos indígenas e quilombolas, além do permanente genocídio da juventude pobre e negra das periferias.
Esse processo ocorre numa conjuntura na qual já se registram mais de 13 milhões de desempregados, 40 milhões de trabalhadores na informalidade e milhões vivendo na miséria absoluta, além de milhões de famílias morando em habitações precárias e outros tantos milhares vivendo na rua. Diante de um quadro dramático dessa ordem, com o Brasil se tornando o epicentro da pandemia, o que vemos é um presidente criminosamente se transformando num mensageiro da morte, numa verdadeira cruzada para espalhar a doença entre a população, com o argumento falacioso de que, de qualquer forma, 70% da população vai se contaminar.
Mais grave ainda: isso ocorre quando o sistema público de saúde já se encontra em colapso em várias capitais e grandes cidades do País, com sua capacidade de leitos de UTI completamente ocupada, com falta de ventiladores, insumos e medicamentos, com milhares de profissionais de saúde infectados, quando o número de mortos já atinge mais de 50 mil brasileiros e mais de um milhão de infectados pela doença. Isso, trabalhando com números subnotificados. É a política ultraliberal e genocida do governo em que idosos, doentes, os mais pobres, negros e indígenas são descartáveis.
Enquanto o País sangra, Bolsonaro e Guedes, apoiados pela maioria do congresso, destinam 1,2 trilhão de reais para os banqueiros; liberam as empresas para demitir, ampliar a exploração e reduzir salários dos trabalhadores; autorizam a suspensão de contratos e a redução de salários, além de congelar o dos funcionários públicos. O candidato a ditador faz reuniões com grandes empresários para forçá-los a pressionar governadores e prefeitos pela abertura comercial, estimula as carreatas da morte, sabota o pagamento do auxílio emergencial para a população e deixa milhões desesperados nas filas da fome em frente às agências da Caixa Econômica Federal. Todas essas ações têm o objetivo de criar o caos no País, ambiente no qual ele acredita que possam prosperar suas aventuras autoritárias.
A crise econômica também continua dramática: a produção industrial caiu 19% em abril e há perspectiva de uma recessão prolongada no País, cujos resultados serão o aumento do desemprego, do subemprego, da informalidade e da miséria para grande parte da população. No entanto, os bancos continuam ganhando rios de dinheiro, conforme resultados dos últimos balanços publicados recentemente. Numa conjuntura dessa ordem, Paulo Guedes mantém seu programa neoliberal e continua defendendo privatizações, austeridade, cortes de gastos públicos, inclusive em saúde e educação, e congelamento de salários como saída para a crise. Trata-se de um governo de genocidas sociais e econômicos, enquanto o vice-presidente, para atender também aos interesses do grande capital, se apresenta como o homem da lei e da ordem e dá declarações buscando criminalizar os movimentos sociais.
Para os trabalhadores e as trabalhadoras, está claro que este é um governo da burguesia, dos banqueiros e rentistas em geral, dos grandes monopólios e do agronegócio. Seu objetivo é defender os interesses das classes dominantes e do imperialismo; entregar as empresas públicas para o capital privado nacional e internacional; conspirar permanentemente contra as liberdades democráticas para atingir seus objetivos autoritários e destruir a legislação trabalhista; precarizar ainda mais as relações de trabalho; reduzir os salários dos trabalhadores e disseminar o caos; ampliar as restrições às liberdades democráticas e buscar um fechamento ainda maior do regime.
Mas a experiência histórica nos ensinou que não há situação difícil que não possa ser resolvida quando os trabalhadores/as decidem se colocar em movimento. As grandes manifestações contra o racismo que se iniciaram nos Estados Unidos e se espalharam pela Europa e outros países indicam novos ventos e a possibilidade de que se abra uma nova e positiva janela para os trabalhadores/as e oprimidos em todo o mundo. Também no Brasil esses ventos ecoam, ainda com menos intensidade, dando início à retomada das lutas sociais, mesmo diante da pandemia. Vivemos uma contradição necessária: defender a quarentena total e com direitos plenos e ter que sair às ruas para lutar pela sobrevivência e combater o fascismo. Se os atos ainda são pequenos, porém importantes, devido à pandemia, demonstram que, logo mais, podem ser imensos e abrir uma nova e favorável conjuntura em nosso país.
Não nos intimidaremos diante das ameaças desse governo genocida e dos ataques da burguesia e seguiremos firmes na luta para derrotar o governo Bolsonaro-Mourão. Lutaremos pela reorganização de nossa classe e pelas transformações sociais em nosso país, que só serão alcançadas pela organização e luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, da juventude e de todo povo oprimido em seus locais de trabalho, locais de moradia e de estudo.
Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por Direitos e pelas Liberdades Democráticas