Declaração Política da FMJD

imagemFederação Mundial da Juventude Democrática – AMÉRICA LATINA E CARIBE: RESOLUÇÕES SOBRE O BRASIL

1. Iniciamos o ano de 2021 ainda sofrendo os impactos de uma crise dupla: econômica e sanitária. Do ponto de vista econômico, a crise sistêmica do capitalismo não foi superada e a solução que as classes dominantes, a nível global, têm apontado é a de buscar recuperar suas taxas de lucro por meio do aumento da exploração sobre trabalhadores e camadas populares da sociedade. Do ponto de vista sanitário, a Covid-19 continua se propagando, apesar do desenvolvimento de vacinas – o que uma vez mais mostra que a dualidade entre saúde e economia só funciona para o capital. Já são 125,5 milhões de pessoas contaminadas e mais de 2,7 milhões de falecidos. Mesmo que esse cenário represente mais tempo de economias fechadas, as grandes potências imperialistas não aceitam abandonar o lobby farmacêutico e derrubar a patente dos imunizantes na Organização Mundial do Comércio (OMC). O resultado: as dez maiores potências mundiais possuem 75% dos imunizantes já produzidos no mundo, enquanto 130 países não tiveram acesso a nenhuma dose.

2. A virada de 2020 para 2021 não apresentou nenhuma mudança qualitativa na diminuição da precarização da vida da classe trabalhadora, pelo contrário. E as dificuldades de mobilização de rua ainda representam um empecilho para a conversão da indignação social em lutas de massa contra a burguesia e o Estado autocrático e opressor.

3. O mundo todo acompanhou o desfecho das eleições presidenciais estadunidenses, nas quais a recomposição do bloco burguês sob direção governamental do “democrata” Joe Biden representou um recuo na sanha racista e obscurantista representada por Donald Trump, apesar de, ao mesmo tempo, representar um novo fôlego para o avanço do imperialismo estadunidense sobre os povos latino-americanos e do sul global. Biden representa a vitória do capital financeiro que agoniza buscando uma saída para manter suas altas taxas de lucro em meio a uma crise estrutural, que se torna cada vez mais evidente com o endividamento da grande potência e a clara ascensão da China como primeira potência econômica mundial.

4. O reposicionamento do governo Democrata deve levar a uma reaproximação com a Organização Mundial da Saúde, que foi desprezada em grande medida por Trump, e retomar relações diplomáticas mais frequentes com a maior parte do centro do imperialismo, especialmente com a União Europeia, e com o consenso liberal da Organização das Nações Unidas. A perspectiva, portanto, é de um reposicionamento dos EUA como fiador do sistema capitalista, não como seu elemento destoante. Os EUA buscam se reafirmar como hegemonia do mundo, mesmo estando em franca decadência. Isso significa também, em grande medida, a retomada das agressões diplomáticas e militares, especialmente na América Latina e no Oriente Médio – demarcando a ingerência imperialista sobre os povos.

5. No Brasil, aprofunda-se a crise econômica e política, com a retração de 4% do PIB, e pelas ações criminosas do governo Bolsonaro-Mourão, que, por seu negacionismo em relação à gravidade da pandemia e em relação à ciência, contribuiu em muito para o agravamento da crise sanitária. O caso de Manaus é emblemático, e se desenha para se repetir em todo país caso o projeto em vigor se mantenha. Falta de oxigênio, insumos básicos, surgimento de novas variantes, entre outros, são riscos sérios e reais que corremos caso as coisas sigam como estão.

6. Pode-se prever, para o período 2021 – 2022, a ampliação das contradições de classe, com maior precarização das condições de trabalho e da vida do povo, fazendo aumentar o infortúnio dos trabalhadores formais e informais, subempregados, desempregados e setores populares. Aproveitando-se inclusive do contexto da pandemia, as classes dominantes e seus representantes parlamentares já realizam uma nova ofensiva contra os trabalhadores, por exemplo com uma proposta de emenda à constituição, que congela salários de servidores públicos por 15 anos e ataca o serviço público de maneira geral. Pequenas empresas estão fechando e se multiplicam as demissões em massa no setor privado e no setor público, como decorrência da retomada das privatizações e programas de “demissão voluntária”. O desemprego se acelera no mesmo ritmo da desindustrialização em curso no Brasil, a exemplo da recente saída da montadora automobilística Ford e de parte da Mercedes-Benz, entre outras empresas. O Brasil sujeita-se às decisões dos grandes grupos econômicos e não tem, hoje, uma política de desenvolvimento industrial, perdendo a ponta na maioria dos setores.

7. Apesar de ser uma nação agro-exportadora, voltamos ao mapa da fome da ONU. Existem 14 milhões de brasileiros sem acesso à alimentação, o custo da cesta básica vem aumentando exponencialmente, o salário mínimo é o menor em dez anos e a decisão de acabar com o auxílio emergencial de R$600 concedido no período da pandemia são fatores que reforçam a insatisfação popular. Nesse momento, se aprova um novo auxílio, com um valor absurdo de apenas R$ 250, que não paga nem a metade de uma cesta básica. Além disso, a medida que oficializa o auxílio permite que em alguns casos esse número caia ainda mais, chegando até em R$ 150, além de proibir que novas pessoas se cadastrem para receber o direito em 2021.

8. As classes dominantes se mantêm em ofensiva para manter seus privilégios e retirar direitos dos trabalhadores, que são forçados a apertar os cintos. Essa ofensiva se viabiliza pela aliança existente entre o bolsonarismo e a direita tradicional. No entanto, para uma parte da burguesia brasileira, Bolsonaro passou a ser um estorvo, pois dificulta os seus negócios, como demonstrado na gestão da pandemia, pelas posturas agressivas em relação a aliados comerciais como a China. Tal discordância entre frações da classe dominante, por sua vez, não significam um rompimento, e sim uma disputa interna ao projeto político em questão, algo que fica bem demonstrado pela simpatia quase generalizada da burguesia (inclusive dos setores “opositores”) à agenda econômica vigente, a disputa está em qual setor será priorizado. Enquanto o ministro Paulo Guedes representa o capital financeiro, aliado aos conglomerados de imprensa, o núcleo duro bolsonarista é mais próximo do setor extrativista e, evidentemente, de parte do setor militar.

9. No atual governo, qualquer rastro de política pública, conquistada pela pressão popular, só é aplicada se tiver uma contraparte para a classe dominante. A volta do auxílio emergencial está condicionada ao fim do piso de financiamento público para saúde e educação, por exemplo. Além disso, a privatização total da Petrobras e as mudanças da Lei de Terras seguem em curso, em mais uma demonstração de que a burguesia está se utilizando desse momento de pandemia para aprovar e implementar com ainda mais força sua agenda ultraliberal.

10. Cerca de 15 milhões de brasileiros entraram em situação de pobreza depois da pandemia. Com os cortes em programas sociais, como o Bolsa Família, Bolsonaro reduziu a renda das famílias mais pobres em 39%.

11. Pela primeira vez na história, mais da metade da população economicamente ativa brasileira está desempregada. São mais de 13 milhões de pessoas, sem contar a informalidade que é realidade para 40% dos trabalhadores.

12. Entre a juventude trabalhadora a média do desemprego atingiu quase 15% do setor, em 2020, sendo que entre os jovens de 18 a 24 anos essa taxa subiu para 31,4%, quase um terço da população juvenil. A previsão é de que chegue a 17% em 2021, equivalente a 40 milhões de desempregados.

13. Vale dizer, contudo, que o desemprego não afetou todos igualmente. O quadro é muito pior se pensada a população negra, onde o número de desempregados foi de 19,1% para pretos e 16,5% para pardos, bem maior que os 11,8% entre brancos.

14. Somado a esse cenário já desesperador, as tendências apontam para uma onda de demissões em massa durante o primeiro semestre de 2021, causada pelo fim da estabilidade dos trabalhadores que tiveram suas cargas horárias reduzidas ou suspensas pela Medida Provisória 936 transformada em Lei 14.020. Uma parte dessas demissões deve ser reabsorvida pelo mercado de trabalho, em condições ainda mais precárias, sobretudo na forma do emprego intermitente ou informal.

15. A situação dos estudantes brasileiros também aponta para uma piora brutal. Cortes orçamentários, apoiados na Emenda Constitucional 95, devem diminuir ainda mais a capacidade de provimento de permanência estudantil, da realização de pesquisas – 95% associadas a universidades públicas – e de própria manutenção das universidades. Apesar da troca de ministros da educação, a proposta de aproveitar a pandemia para implementar o ensino a distância como caminho mais rápido para a privatização do sistema público continua em curso. No atual formato, o EaD representa uma precarização completa da vida escolar e universitária, enquanto espaço de socialização e movimento; derruba as condições de estudo, já que não leva em conta o desigual acesso à internet e dispositivos digitais.

16. A volta às aulas presenciais colaborou para que vivamos hoje o pior momento desde o início da pandemia. Alguns estados e cidades já iniciaram esse processo e rapidamente têm lidado com casos se espalhando nas instituições de ensino, tanto entre professores quanto entre estudantes. O caos atual foi gerado pela irresponsabilidade do presidente, de governadores e de prefeitos, sob um falso discurso de que o isolamento social mataria mais que o vírus, irresponsabilidade essa que serve a interesses muito claros. Foram necessários mais de 300 mil mortos para que o governo genocida criasse um comitê de combate à pandemia.

17. Em meio à difícil conjuntura nacional, um recente acontecimento positivo foi a anulação das condenações contra o ex-presidente Lula, fato que devolve os direitos políticos a ele, evidenciando farsa arquitetada para sua prisão política e para o desenvolvimento da Operação Lava Jato — seguindo a risca o receituário da Casa Branca — com entrega das riquezas nacionais com desmonte da maior empresa estatal do Brasil, a Petrobrás. Apesar de que a disputa permanece aberta, a liberdade de Lula, bem como a desmoralização do Juiz Sérgio Moro, representa um importante avanço no sentido de escancarar o projeto da classe dominante, que não mede esforços para promover golpes e recrudescer a capacidade de repressão do Estado quando o assunto são seus lucros.

18. A decisão do Supremo Tribunal Federal serviu para reforçar o que já sabíamos: as eleições de 2018 foram realizadas em condições totalmente irregulares, inclusive para os parâmetros do Estado autocrático de direito, e deveriam ser anuladas.

19. Por isso, a retirada de Bolsonaro reforça a noção de que a mudança é possível e pode reduzir o risco do golpe fascista, embora, as milícias, grupos de extrema-direita e parte dos segmentos sociais que convergiram para o apoio a Bolsonaro seguirão ativos. A luta é pela saída de Bolsonaro, Mourão, e seus aliados e, principalmente, no sentido da derrota completa do projeto político e dos interesses de classe que esses representam.

20. Pela FMJD e nossas organizações, seguimos convocando a juventude brasileira a somar-se às amplas iniciativas que estão sendo organizadas pelo impeachment de Bolsonaro, além de impulsionar novas, pautando no interior dessas ações a necessidade de organizar a classe trabalhadora e as camadas populares em torno de bandeiras políticas como a vacinação massiva já, a manutenção do auxílio emergencial de pelo menos R$600 até o fim da pandemia, de criação de postos emergenciais de trabalho, revogação da emenda constitucional de congelamento de gastos públicos, revogação das contrarreformas da previdência e trabalhista, garantia de moradia e saneamento básico para o conjunto da população e a defesa intransigente do SUS 100% público, estatal e gratuito.

21. Acreditamos que somente um amplo movimento de massas poderá derrotar a ascensão do fascismo expressa pelo governo Bolsonaro, com sua política genocida, amplamente apoiada pelos diversos setores da burguesia e da classe dominante em geral. A juventude deve ampliar as mobilizações nas ruas e nos bairros populares, participando ativamente das lutas no sentido de denunciar a atual situação e apresentar alternativas que apontem para outro modelo político e de sociedade.

22. Para esse processo de reorganização e para derrotar Bolsonaro, se faz necessária cada vez mais a construção de uma Greve Geral unificada, por vacina, auxílio emergencial digno até o fim da pandemia, emprego e alimento para todas e todos. Somente colocando em pauta uma alternativa de fato popular é que se poderá avançar na luta contra o genocídio e a precarização da vida em todas as frentes. A ampla unidade que se forma contra o presidente, na luta pelo impeachment, por exemplo, não pode servir para que as pautas da classe trabalhadora sejam subordinadas aos interesses da classe dominante que sustenta um projeto muito similar ao de Bolsonaro.

23. O momento pede ação imediata dos povos, não podemos esperar pelas eleições de 2022 depois de viver a total ruptura democrática que representou o golpe de 2016. Mais do que nunca é necessária a construção de uma unidade programática da esquerda que responda às necessidades históricas da classe trabalhadora brasileira, apontando para a construção do Poder Popular e do socialismo para a ruptura definitiva com este sistema de exploração e miséria.

União da Juventude Comunista – UJC
União da Juventude Socialista – UJS
Juventude Comunista Avançando – JCA

DECLARACIÓN POLÍTICA DE FMJD – AMÉRICA LATINA Y CARIBE: RESOLUCIONES DE BRASIL
1. Comenzamos el año 2021 aún sufriendo los impactos de una doble crisis: económica y sanitaria. Desde el punto de vista económico, la crisis sistémica del capitalismo no ha sido superada y la solución que las clases dominantes, a nivel global, han señalado buscar recuperar sus tasas de ganancia aumentando la explotación de los trabajadores y de las clases populares de la sociedad. Desde el punto de vista sanitario, el Covid-19 sigue extendiéndose, a pesar del desarrollo de las vacunas, lo que demuestra una vez más que la dualidad entre salud y economía sólo funciona para el capital. Ya hay 125,5 millones de personas infectadas y más de 2,7 millones han muerto. Aunque este escenario representa más tiempo de economías cerradas, las grandes potencias imperialistas no aceptan abandonar el lobby farmacéutico y derribar la patente de los inmunizantes en la Organización Mundial del Comercio (OMC). El resultado: las diez mayores potencias mundiales poseen el 75% de los inmunizantes ya producidos en el mundo, mientras que 130 países no tienen acceso a ninguna dosis.
2. El turno de 2020 a 2021 no mostró ningún cambio cualitativo en la reducción de la precariedad en la vida de la clase trabajadora, al contrario. Y las dificultades de la movilización en las calles siguen siendo un obstáculo para la conversión de la indignación social en luchas de masas contra la burguesía y el Estado autocrático y opresor.
3. El mundo entero siguió el resultado de las elecciones presidenciales en EEUU, en las que la recomposición del bloque burgués bajo la dirección del “demócrata” Joe Biden representó un retroceso del afán racista y oscurantista representado por Donald Trump, aunque, al mismo tiempo, representó un nuevo aliento para el avance del imperialismo norteamericano sobre los pueblos de América Latina y el sur global. Biden representa la victoria del capital financiero, que agoniza en busca de una salida para mantener sus altas tasas de beneficio en medio de una crisis estructural, que se hace cada vez más evidente con el endeudamiento de las grandes potencias y el claro ascenso de China como primera potencia económica mundial.
4. El reposicionamiento de la administración demócrata debería llevar a un acercamiento con la Organización Mundial de la Salud, ampliamente despreciada por Trump, y reanudar relaciones diplomáticas más frecuentes con la mayor parte del centro del imperialismo, especialmente con la Unión Europea, y con el consenso liberal de las Naciones Unidas. La perspectiva, por lo tanto, es la de un reposicionamiento de los Estados Unidos como garante del sistema capitalista, no como su excepción. Estados Unidos busca reafirmarse como hegemón del mundo, aunque esté en franca decadencia. Esto significa también, en gran medida, la reanudación de la agresión diplomática y militar, especialmente en América Latina y Oriente Medio, demarcando la injerencia imperialista sobre los pueblos.
5. En Brasil, la crisis económica y política se profundiza, con la retracción del 4% del PIB, y por las acciones criminales del gobierno Bolsonaro-Mourão, que, por su negacionismo en relación a la gravedad de la pandemia y a la ciencia, ha contribuido en gran medida al agravamiento de la crisis sanitaria. El caso de Manaus es emblemático, y está destinado a repetirse en todo el país si se mantiene el proyecto actual. La falta de oxígeno, de insumos básicos, la aparición de nuevas variantes, entre otros, son riesgos serios y reales que corremos si las cosas siguen como están. Las tasas de casi 100.000 infectados y más de 3.500 muertes diarias que tenemos actualmente en el país parecen destinadas a crecer aún más, incluso generando un aumento en la escasez ya existente de camas de cuidados intensivos.
6. Podemos prever, para el período 2021-2022, la expansión de las contradicciones de clase, con mayor precarización de las condiciones de trabajo y de la vida de las personas, aumentando la desgracia de los trabajadores formales e informales, de los subempleados, de los desempleados y de los sectores populares. Aprovechando incluso el contexto de la pandemia, las clases dominantes y sus representantes parlamentarios ya están llevando a cabo una nueva ofensiva contra los trabajadores, por ejemplo, con una propuesta de enmienda a la constitución, que congela los salarios de los funcionarios públicos durante 15 años y ataca al servicio público en general. Las pequeñas empresas cierran y los despidos masivos se multiplican en el sector privado y público, como consecuencia de la reanudación de las privatizaciones y de los programas de “despido voluntario”. El desempleo se acelera al mismo ritmo que la desindustrialización en curso en Brasil, como ejemplifica la reciente salida de la empresa automovilística Ford y de parte de Mercedes-Benz, entre otras compañías. Brasil está sometido a las decisiones de los grandes grupos económicos y no tiene, hoy en día, una política de desarrollo industrial, perdiendo el liderazgo en la mayoría de los sectores.
7. A pesar de ser una nación agroexportadora, hemos vuelto al mapa del hambre de la ONU. Hay 14 millones de brasileños sin acceso a los alimentos, el costo de los productos básicos ha aumentado exponencialmente, el salario mínimo es el más bajo en diez años y la decisión de poner fin a la ayuda de emergencia de 600 reales concedida durante el período de la pandemia son factores que refuerzan el descontento popular. En ese momento, se aprueba una nueva ayuda, con una cantidad absurda de sólo 250 reales, que no llega a pagar ni la mitad de una “cesta básica”, que contiene los alimentos básicos para la supervivencia. Además, la medida que oficializa la ayuda permite que esta cifra baje aún más, hasta 150 reales, y prohíbe que nuevas personas se inscriban para recibir el derecho en 2021.
8. Las clases dominantes están a la ofensiva para mantener sus privilegios y quitar derechos a los trabajadores, que se ven obligados a apretarse el cinturón. Esta ofensiva es posible gracias a la alianza existente entre el bolsonarismo y la derecha tradicional. Sin embargo, para una parte de la burguesía brasileña, Bolsonaro se ha convertido en un estorbo, porque dificulta sus negocios, como se ha demostrado en la gestión de la pandemia, por las posturas agresivas hacia aliados comerciales como China. Tal desacuerdo entre fracciones de la clase dominante, a su vez, no significa una ruptura, sino una disputa interna al proyecto político en cuestión, algo que queda bien demostrado por la simpatía casi generalizada de la burguesía (incluidos los sectores “opositores”) a la actual agenda económica, la disputa es sobre qué sector se priorizará. Mientras que el ministro Paulo Guedes representa al capital financiero, aliado con los conglomerados de la prensa, el núcleo duro de Bolsonaro está más cerca del sector extractivo y, por supuesto, de parte de los militares.
9. En el actual gobierno, cualquier rastro de política pública, ganada por la presión popular, sólo se aplica si tiene una contrapartida para la clase dirigente. La devolución de la ayuda de emergencia está condicionada al fin del suelo de financiación pública para la sanidad y la educación, por ejemplo. Además, la privatización total de Petrobras y los cambios en la Ley de Tierras siguen en marcha, en una demostración más de que la burguesía aprovecha este momento de pandemia para aprobar e implementar con más fuerza su agenda ultraliberal.
10. Unos 15 millones de brasileños cayeron en la pobreza tras la pandemia. Con los recortes en programas sociales como “Bolsa Família”, Bolsonaro ha reducido los ingresos de las familias más pobres en un 39%.
11. Por primera vez en la historia, más de la mitad de la población económicamente activa de Brasil está desempleada. Hay más de 14 millones de personas, sin contar la informalidad que es una realidad para el 40% de los trabajadores.
12. Entre los trabajadores jóvenes la tasa media de desempleo alcanzó casi el 15% del sector en 2020, y entre los jóvenes de 18 a 24 años esta tasa se elevó al 31,4%, casi un tercio de la población juvenil. La previsión es que llegue al 17% en 2021, lo que equivale a 40 millones de parados.
13. Sin embargo, hay que decir que el desempleo no ha afectado a todos por igual. El panorama es mucho peor si tenemos en cuenta a la población negra, donde el número de parados es 19,1% para los negros y 16,5% para los pardos, mucho más alto que el 11,8% entre los blancos.
14. Sumado a este escenario ya desesperante, las tendencias apuntan a una ola de despidos masivos durante el primer semestre de 2021, provocados por el fin de la estabilidad de los trabajadores a los que se les redujo o suspendió la carga laboral por la Medida Provisional 936 transformada en Ley 14.020. Una parte de estos despidos debería ser reabsorbida por el mercado laboral, en condiciones aún más precarias, especialmente en forma de empleo intermitente o informal.
15. La situación de los estudiantes brasileños también indica un empeoramiento brutal. Los cortes presupuestarios, apoyados por la Enmienda Constitucional 95, deberán reducir aún más la capacidad de proporcionar permanencia a los estudiantes, de realizar investigación científica – asociada en un 95% a las universidades públicas – y de mantener las universidades. A pesar del cambio de ministros de educación, sigue en pie la propuesta de aprovechar la pandemia para implantar la enseñanza a distancia como la forma más rápida de privatizar el sistema público. En el formato actual, la EaD representa una precarización completa de la vida escolar y universitaria, como espacio de socialización y movimiento; descompone las condiciones de estudio, ya que no tiene en cuenta el acceso desigual a internet y a los dispositivos digitales, entre otras cosas.
16. La vuelta a las clases presenciales ha contribuido a que hoy estemos viviendo el peor momento desde el inicio de la pandemia. Algunos estados y ciudades ya han iniciado este proceso y se han ocupado rápidamente de los casos que se han propagado en los centros educativos, tanto entre los profesores como entre los alumnos. El caos actual fue generado por la irresponsabilidad del presidente, gobernadores provinciales y alcaldes, bajo un falso discurso de que el aislamiento social mataría más que el virus, una irresponsabilidad que sirve a intereses muy claros. Hicieron falta más de 300 mil muertos para que el gobierno genocida creara un comité de lucha contra la pandemia.
17. En medio de la difícil situación nacional, un acontecimiento positivo reciente fue la anulación de las condenas contra el ex presidente Lula, hecho que restablece sus derechos políticos, mostrando la farsa diseñada para su encarcelamiento político y el desarrollo de la Operación Lava Jato – siguiendo al pie de la letra la prescripción de la Casa Blanca – con la entrega de la riqueza nacional con el desmantelamiento de la mayor empresa estatal de Brasil, Petrobras. Aunque la disputa sigue abierta, la libertad de Lula, así como la desmoralización del juez Sergio Moro, representa un importante paso adelante para desenmascarar el proyecto de la clase dominante, que no mide esfuerzos para promover golpes de Estado y aumentar la capacidad de represión del Estado cuando se trata de sus beneficios.
18. La decisión del Tribunal Supremo sirvió para reforzar lo que ya sabíamos: las elecciones de 2018 se celebraron en condiciones totalmente irregulares, incluso para los parámetros del Estado de Derecho autocrático, y deben ser anuladas.
19. Por lo tanto, la retirada de Bolsonaro refuerza la noción de que el cambio es posible y puede reducir el riesgo del golpe fascista, aunque, las milicias, los grupos de extrema derecha y parte de los segmentos sociales que convergieron para apoyar a Bolsonaro seguirán activos. La lucha es por la salida de Bolsonaro, Mourão y sus aliados, y principalmente hacia la derrota completa del proyecto político y los intereses de clase que representan.
20. A través de la FMJD y de nuestras organizaciones, seguimos llamando a la juventud brasileña a sumarse a las amplias iniciativas que se están organizando para el impeachment de Bolsonaro, así como a impulsar otras nuevas, destacando dentro de estas acciones la necesidad de organizar a la clase trabajadora y a las clases populares en torno a banderas políticas como la vacunación masiva ya, el mantenimiento de la ayuda de emergencia de al menos 600 reales hasta el final de la pandemia, la creación de puestos de trabajo de emergencia, la derogación de la enmienda constitucional de congelación del gasto público, la derogación de las contrarreformas de la seguridad social y del trabajo, la garantía de la vivienda y el saneamiento básico para toda la población y la defensa intransigente del SUS (Sistema de Salud Unificado) 100% público, estatal y gratuito.
21. Creemos que sólo un amplio movimiento de masas puede derrotar el ascenso del fascismo expresado por el gobierno de Bolsonaro, con su política genocida, ampliamente apoyada por diversos sectores de la burguesía y la clase dominante en general. La juventud debe ampliar las movilizaciones en las calles y en los barrios populares, participando activamente en las luchas para denunciar la situación actual y presentar alternativas que apunten a otro modelo político y social.
22. Para este proceso de reorganización y para derrotar a Bolsonaro, es cada vez más necesario construir una Huelga General unificada, por la vacuna, la ayuda de emergencia decente hasta el final de la pandemia, el empleo y la alimentación para todos. Sólo poniendo en la agenda una alternativa verdaderamente popular será posible avanzar en la lucha contra el genocidio y la precarización de la vida en todos los frentes. La amplia unidad que se está formando contra el presidente, en la lucha por el impeachment, por ejemplo, no puede servir para subordinar las agendas de la clase trabajadora a los intereses de la clase dominante, que apoya un proyecto muy similar al de Bolsonaro.
23. El momento exige una acción inmediata del pueblo, no podemos esperar a las elecciones de 2022, aún más después de vivir la ruptura democrática total que supuso el golpe de Estado de 2016. Más que nunca es necesario construir una unidad programática de la izquierda que responda a las necesidades históricas de la clase trabajadora brasileña, apuntando a la construcción del Poder Popular y del socialismo para la ruptura definitiva con este sistema de explotación y miseria.
Unión de la Juventud Comunista – UJC
Unión de la Juventud Socialista – UJS
Juventud Comunista Avanzando – JCA