60 ANOS DE LUTA PELO SOCIALISMO
Em todos os documentos, tanto nos conjunturais quanto nos dos congressos, se repete esta posição de apelo à unidade, com base nos princípios centrais e irremovíveis que tem como meta a libertação da Pátria, a emancipação dos trabalhadores e a liquidação do neoliberalismo, instaurado depois de 1985, como uma etapa necessária para a mudança estrutural que conduza à construção da sociedade socialista.
A FRENTE DE LIBERACIÓN NACIONAL (FLIN, 1965) foi a primeira de importância.
Incorporou, junto ao Partido, intelectuais e militantes sociais marxistas. Foi às eleições de 1966 com um binômio que encarnava essa conjunção: Felipe Iñiguez e Mario Miranda.
Em 1971, iniciou-se a ditadura banzerista que perdurou 7 anos. Durante este longo período de autoritarismo, apadrinhado pelo imperialismo ianque, a união de forças que lutavam pela abertura democrática amadureceu. Assim, nasceu a UNIDAD DEMOCRÁTICA POPULAR (UDP, 1978) marcando a aparição de uma grande força unitária que derrotou o militarismo fascista e ganhou 3 eleições consecutivas. Depois do regime narcofascista de García Meza, em outubro de 1982, teve início o governo presidido por Hernán Siles Zuazo. A ação combinada de uma direita revanchista e um radicalismo desbocado, de aparência esquerdista e apadrinhada pelo imperialismo, frustraram essa histórica conquista na qual o PCB participou em todos seus níveis, incluindo o Executivo. As contradições irreversíveis – entre o projeto pequeno burguês e ambicioso do MIR e parte do MNRI, contrário a orientação antiimperialista e anti-oligárquica do Partido – contribuíram para a derrota do governo popular. A UDP terminou seus dias sem aplicar a proposta programática, exceto o resgate de uma democracia formal, usufruída pela direita neoliberal que tomou o rumo da restauração oligárquica sob a máscara neoliberal.
Outras experiências menores ocorreram como a FRENTE DEL PUEBLO UNIDO e a ALIANZA PATRIÓTICA. Uma experiência frentista de maior representatividade foi a IZQUIERDA UNIDA (IU) que, depois de alguns êxitos em 1990 e 1997, deixou de existir (em 2000). Devemos recordar que com esta coalizão e sua sigla, o atual MAS conseguiu seus primeiros deputados. O declínio da IU foi resultado do abandono paulatino dessa união, sobretudo no que se refere à “teoria” da caducidade da esquerda, do socialismo, dos partidos populares e revolucionários, inclusive do movimento sindical.
Hoje, o Partido continua na luta pela unidade, para forjar uma articulação orgânica com um programa antiimperialista, anti-oligárquico, de emancipação dos trabalhadores e construção de um novo Estado que dê seu lugar legitimo – dentro da unidade nacional – aos povos de origem. A ALIANZA REVOLUCIONARIA ANTTIMPERIALISTA (ARA) é outro dos esforços nessa direção e seu ponto principal é o apoio e o avanço do governo popular encabeçado pelo Evo Morales. Sua perspectiva histórica é a construção do Socialismo, também como obra da unidade.
O ATUAL PROCESO E O AVANÇO DAS MUDANÇAS
Entendemos o processo de mudança como um período necessário na revolução democrática, popular, anti-oligárquica e antiimperialista, de acordo com a nossa estratégia de construção do socialismo na Bolívia. Sendo seus protagonistas os trabalhadores da cidade, das minas e do campo, nossa responsabilidade maior está em nos enraizarmos principalmente na classe trabalhadora e sermos porta-vozes de suas esperanças, suas aspirações e reivindicações, sem esquecer o papel importante que desempenham os povos indígenas e oriundos. A vitória eleitoral de dezembro é um feito histórico no processo de transformações, encabeçada pelo companheiro Evo Morales.
Os traços mais importantes do atual processo e por cujo aprofundamento nós comunistas lutamos são: seu caráter antiimperialista, anti-oligárquico e anti-latifundiário, inscrito na luta libertadora a respeito do imperialismo ianque; a construção do Estado plurinacional; a hegemonia da economia estatal em coexistência com a economia privada regulada e a cooperativada e comunitária; industrialização dos recursos naturais no território nacional; consolidação da autonomia departamental, regional e indígena de origem campesina; participação cidadã, controle social e incorporação da mulher, sem restrição nenhuma, em todos os níveis de decisão e administração pública; e solidariedade com a luta antiimperialista e de libertação nacional e social dos povos do mundo.
Decididamente, buscamos contribuir para a correção ou melhoria dos seguintes aspectos: converter a articulação das organizações sociais e políticas de esquerda em uma entidade orgânica, com objetivos e direção colegiada; a superação da desigualdade étnica, de gênero e regional. Priorizar as determinações das entidades orgânicas sobre opiniões e resoluções sem consistência organizativa; eliminar a prática vertical de nominações de cargos eletivos.
O inventário das tarefas ideológicas, políticas e orgânicas que nos incumbem este aniversário fundacional, nunca será suficiente para render a melhor e mais digna homenagem aos nossos heróis e mártires que doaram suas vidas à luta revolucionária.
Dentre as figuras mais emblemáticas, figura a do dirigente sindical mineiro Rosendo García Maisman, morto com um fuzil nas mãos durante o massacre de San Juan, e a do intelectual e sociólogo Roberto Alvarado Daza, sacrificado nos porões da ditadura de banzerato. Honra e glória a estes e outros tantos camaradas que sempre demonstraram sua disposição e firmeza revolucionária.
Há sessenta anos um punhado de jovens teve a audácia e a convicção de fundar a organização marxista-leninista que se baseia no impulso histórico das grandes mobilizações populares, desde a independência, passando pela revolução de 52 e a resistência anti- ditatorial. O Partido também nutre, dia após dia, o exemplo de integridade daqueles quadros que, mediante um esforço anônimo no seio da classe trabalhadora e de seus aliados, edificaram e edificam a alternativa ao neoliberalismo e à dominação do grande capital transnacional em nossa Pátria. Hoje, os desafios não deixam de ser similares aos encarados por nossas primeiras lideranças, principalmente, no que se refere a contar com o destacamento da vanguarda nascida das entranhas do povo, ativo e operante que aglutine e oriente os trabalhadores sob as bandeiras proletárias e do campo popular em busca da libertação nacional e social.
No plano internacional, nossa ação corresponde ao fortalecimento dos vínculos com as organizações afins aos nossos objetivos revolucionários, especialmente as da América Latina. A retomada às posições progressistas em vários países do continente vem possibilitando o avanço substancial das forças populares com medidas anti-oligárquicas e antiimperialistas. Mantemos fortes vínculos com partidos irmãos dos Estados limítrofes como Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Peru e o movimento comunista internacional. Dessa maneira, asseguramos relações fraternais com os partidos de Cuba, Venezuela, Equador, Colômbia e, além disso, também mantemos contato com outros partidos do México e América Central.
Nesta comemoração dos comunistas e revolucionários bolivianos, ao saudar a militância partidária e da Juventude, assumimos o caminho de nos pormos à altura dos novos tempos, de ocupar a linha de frente na luta pelo aprofundamento do processo de mudança e aceleração das transformações estruturais. Ele deve traduzir-se de maneira segura na melhoria das condições de vida e trabalho; na ampliação das bases de sustentação social, através das correções indispensáveis que evitem distorções; na atualização programática permanente, com um sólido embasamento ideológico, político, orgânico e técnico, com a cobertura de análises científicas da realidade nacional, sem prejuízos e nem dogmatismos, como já alertava em outro momento, José Carlos Mariátegui.
Estes são os objetivos propostos na perspectiva do próximo X Congresso Nacional de unidade e vitória, buscando o PCB os elos de suas melhores tradições nacionais e populares com a cultura comunista, num só e imbatível projeto revolucionário.
PELO RESGATE DA PÁTRIA, RUMO AO SOCIALISMO!
APROFUNDAR AS MUDANÇAS, SEM RETROCESSOS NEM CONCILIAÇÕES!
VIVA O PARTIDO COMUNISTA DA BOLÍVIA!
La Paz, Ano do 60o Aniversário, janeiro de 2010
Comissão Política do PCB
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza