Motoristas libaneses bloqueiam estradas em greve contra aumento de preços
Por Marcelo Bamonte
Com o aumento do preço dos combustíveis e falta de subsídio econômico por parte do Estado, motoristas de caminhão e ônibus em todo o Líbano bloquearam, hoje (13/01), estradas e rodovias com seus veículos, cobrando o avanço de políticas que ajudem a combater as más condições de trabalho no país.
Os sindicatos de transporte categorizaram o dia como um “Dia de Raiva”, visando paralisar o país e pressionar as autoridades a subsidiar os preços dos combustíveis e ceder uma compensação financeira para ajudá-los a lidar com as despesas crescentes. Para se ter uma ideia, o preço para abastecer o tanque de combustível, agora, tem o custo de mais do que um salário-mínimo mensal no Líbano, que fica fixado no valor de 20 dólares, se convertido à moeda norte-americana.
Em setembro passado, o chefe dos sindicatos de transporte terrestre, Bassam Tleis, disse em declaração oficial que o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, havia prometido que o governo cumpriria as demandas dos trabalhadores, o que não aconteceu, legando um cenário de pobreza, miséria e reformas financeiras atrasadas, prejudicando a qualidade de vida da classe trabalhadora do país. O Banco Central, em tentativa de amenizar a crise, continua a suspender gradualmente os subsídios desde o verão passado para racionar as reservas internacionais cada vez mais escassas do país.
A desvalorização da moeda do país condena os trabalhadores à ruína. A libra libanesa, em pouco mais de dois anos, perdeu cerca de 95% de seu valor, e continua em queda. Em entrevista ao veículo Al Jazeera, o motorista de ônibus Ali Al Jaroosh declarou que os trabalhadores estão “destruídos”, enquanto bloqueava um cruzamento perto do centro de Beirute. “Somos pagos em liras [libra libanesa], mas cobrimos nossos custos em dólares.”
Não é apenas o setor de combustíveis que causa prejuízos aos trabalhadores libaneses. A inflação de alimentos no país está entre as mais altas do mundo. Além disso, cortes de energia desenfreados desde o verão passado forçaram as famílias a pagar custos excessivos a fornecedores privados de geradores, muitas vezes mais altos do que os aluguéis de suas próprias casas.
Há notícias, também, de que os distribuidores de combustível se recusaram a descarregar cargas até que os preços fossem ajustados para a libra libanesa desvalorizada. Diante do cenário, é quase certa a possibilidade de os protestos escalarem para mobilizações maiores. Ainda em entrevista, Alfred Hokayem, um motorista de caminhão de 56 anos que participou de mobilizações nos arredores da capital Beirute, declarou que “hoje é um aviso, isso vai aumentar. Nós vamos nos rebelar.”
O Partido Comunista Libanês ainda não soltou nenhuma nota oficial.