Partido Comunista Libanês (PCL) convoca ações políticas e populares para reforçar a paz civil diante dos combates sectários

A Comissão Política do Partido Comunista Libanês analisou os acontecimentos políticos e a segurança em todo o país, em especial na região norte:

1 – A Comissão Política do PCL considera que o país caminha direto ao precipício por conta dos combates itinerantes e da atmosfera de mobilização religiosa que exacerba a tensão. Esta situação, somada às tentativas de regionalização, coloca o Líbano diante da divisão em cantões confessionais e da derrota das instituições, sobretudo do exército, o que levaria à supressão das bases da unidade do Líbano e, por conseguinte, sua própria existência.

2 – Consideramos, assim, que o que se passa na região norte não pode ser isolado da situação que prevalece na Síria; sobretudo que os combates acompanharam de perto a visita de Jeffrey Feltmann e de Joe Liebermann às nossas fronteiras com a Síria. Sem esquecer que eles começaram no dia seguinte das chamadas que alguns países do Golfo haviam lançado, pedindo a seus cidadãos para deixarem o território libanês. Tudo isso leva a crer que os Estados Unidos continuam suas pressões a fim de transformar o Líbano em uma base a partir da qual chegariam armas e apoio logístico para ajudar parte da oposição síria afiliada a Washington na continuidade de sua ofensiva contra o regime.

3 – Expressamos nosso descontentamento por estar o Líbano novamente em crise, na véspera do 12º aniversário da Libertação (25 de maio). A libertação da maioria do nosso território da ocupação israelense não libertou ao mesmo tempo o cidadão libanês que continua vítima da pobreza, da humilhação e da injustiça, mas também da insegurança; porque a libertação nacional não foi acompanhada da mudança democrática que poderia, por si só, proteger o Líbano contra ameaças externas e, mais ainda, as internas, que pesam sobre sua unidade, dando aos libaneses o sentimento de que vivem com dignidade, segurança e estabilidade.

4 – Neste contexto, o PCL reconhece o governo atual como responsável, assim como seus antecessores, por isso que acontece no país. Porque este governo não tomou as medidas necessárias capazes de colocar o Líbano ao abrigo de interferências regionais e internacionais, mas também capazes de consolidar os elementos importantes para salvaguardar a unidade nacional, dentre as quais, em primeiro lugar, as reformas necessárias. Porque ele se contentou em administrar a crise em vez de tentar superá-la e enfrentar o estado de insegurança e a situação de clivagem e propaganda religiosas. O resultado, hoje, é a ameaça de queda da república nascida no Acordo de Taëf e, com ela, das instituições nacionais.

Esta escalada pede uma solução rápida e radical antes que a crise arraste os libaneses, uma vez mais, para uma nova guerra civil cujo resultado seria a destruição do país, a liquidação das vitórias da Resistência e a facilitação do plano preconizado por Israel contra nós.

Eis porque o PCL convoca todas as forças políticas democráticas, bem como todas as forças populares, para tomar em suas mãos a responsabilidade, para atuar por todos os meios democráticos disponíveis, e para manifestar sua vontade de reforçar a paz civil e a unidade nacional, bases necessárias à criação do Estado libanês democrático e resistente.

Comissão Política do Partido Comunista Libanês

23 de maio de 2012