Às urnas e ruas para derrotar o Carlismo

Foto: UJC da Bahia

Por Gabriel Pereira – Núcleo de Bairros da UJC em Salvador
Jornal O MOMENTO – PCB da Bahia
 
 
Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, mais conhecido como ACM Neto, é herdeiro político de Antônio Carlos Magalhães, governador imposto por duas vezes aos baianos pela ditadura empresarial-militar (1971-1975, 1979-1983). Posteriormente, já na “democracia burguesa”, conseguiu eleger-se governador da Bahia de 1991 a 1995 pelo PFL. Além de monopolizar de período em período a política baiana, a família Magalhães também faz parte do maior órgão de comunicação do estado, a TV Bahia, afiliada da TV Globo, fundada por Antônio Carlos Magalhães Júnior, pai de ACM Neto.
 

Atualmente, ACM Neto é secretário-geral do União Brasil, partido criado recentemente pela fusão do DEM ao PSL (antigo partido de Jair Bolsonaro), que representa os interesses econômicos e ideológicos da classe dominante brasileira. Abençoado com todo esse privilégio, em 1º de janeiro de 2013, ACM Neto tornou-se prefeito de Salvador, cargo que ocupou até 1º de janeiro de 2021, sendo sucedido pelo seu vice-prefeito Bruno Reis (União Brasil).

Durante seu mandato, ACM Neto administrou a cidade numa verdadeira dinâmica de pão e circo. Muito dinheiro foi gasto em mega eventos que não somaram em nada para a ampla e diversificada cena cultural de Salvador. Nenhum grande problema da cidade foi resolvido, apesar de obras pontuais de infraestrutura terem sido feitas a fim de mostrar serviço para propaganda eleitoral, a cidade continua com graves problemas de alagamento, esgoto a céu aberto, deslizamento de terra e congestionamentos no trânsito.
 
Salvador disputa a liderança no índice de desemprego do país, cresce o número de ambulantes e autônomos, enquanto a juventude se vê obrigada a disputar poucas vagas de trabalho com baixos salários e uma carga horária exaustiva, dificultando muito a conciliação entre trabalho e estudo entre os mais jovens. Os soteropolitanos podem notar que a maioria das grandes obras foram feitas na orla da cidade, beneficiando os bairros nobres, sendo a orla reformada, ano após ano, para a chegada dos turistas durante o verão, enquanto as periferias da cidade e suas entranhas ficaram, em sua maioria, desassistidas ou com investimento irrisório.
A inanição crônica por parte da prefeitura fez com que Salvador crescesse de forma desordenada, problema que se prolongou na gestão ACM. Além da distribuição de saneamento básico ter regredido, convivemos com milhares de
moradias insalubres ou irregulares e um número crescente de desabrigados, idosos e crianças que se alojam nas esquinas, praças e viadutos da cidade.
 
Não só a assistência à moradia dos baianos fica em segundo plano, a educação também. A falta de creches, principalmente nos bairros periféricos mais afastados dos centros comerciais da cidade, atrapalha a vida de mães trabalhadoras e estudantes que não têm com quem deixar os filhos para o cumprimento das tarefas do dia a dia. A evasão escolar vem crescendo todos os anos em Salvador, índice intensificado pela pandemia da covid-19 e que não tem sido combatido com a devida atenção pelo município. Como se não fosse o bastante, estima-se que, na contramão da solução, o projeto Carlista, hoje liderado por Bruno Reis (com o óbvio aval de ACM Neto), ordenou o fechamento de 44 escolas do tipo EJA (educação de jovens adulto), ato que gerou manifestação dos professores da rede municipal no dia 02/02/2022.
 

O transporte público, durante a gestão ACM Neto e continuamente na gestão carlista de Bruno Reis, tornou-se o mais caro da região nordeste, tendo aumento contínuo durante 6 anos seguidos, inclusive no período pandêmico, quando a frota foi reduzida e a tarifa aumentada, aumentando a taxa de lotação nos ônibus e agravamento dos casos de covid no seio classe trabalhadora soteropolitana.

 

Hoje, o então secretário-geral do União Brasil, ex-prefeito de Salvador e autodeclarado negro ao Tribunal Regional Eleitoral, ACM Neto, é candidato ao governo do estado da Bahia, competindo o segundo turno com o candidato
petista Jeronimo. Além de compor a bancada de apoio ao bolsonarismo, está entre seu projeto de governo para segurança pública do estado a criação de presídios de segurança máxima, fortalecimento das forças policiais e maior atuação do setor privado nos presídios baianos. Tais medidas, além de serem acenos aos setores mais reacionários da nossa política, não passam de mais do mesmo projeto de segurança pública que há mais de 30 anos vem massacrando nossa juventude e fazendo a Bahia ser a segunda capital do genocídio negro, ganhando de São Paulo e perdendo apenas para o Rio de Janeiro.

Na educação, ACM Neto promete investir em uma escola de tempo integral para os jovens, com acesso a tablets e foco no empreendedorismo e preparação para o mercado de trabalho, ou seja, mais do mesmo de novo! Precisamos de uma educação para além do mercado de trabalho, precisamos de uma educação crítica e que ajude a formar pessoas que atuem na sociedade como seres transformadores que são, não podemos ser meramente formadores de mão de obra barata e empreendedorismo ilusório da ideologia neoliberal. Precisamos de um governo que resgate a importância de matérias como filosofia e sociologia, que melhore as condições de trabalho dos servidores da educação e garanta a permanência daquele aluno na sala de aula.
 

No dia 30 de outubro, faz-se necessário pôr fim ao bolsonarismo e seus apoiadores. Em claro e bom som, devemos dar uma resposta antifascista e anti neoliberal nas urnas e seguiremos em frente rumo à reorganização da classe trabalhadora e rumo às conquistas sociais que o povo baiano e seus filhos tanto precisam.