A guerra dos EUA contra a soberania cubana
Por: Matheus Almeida
O MOMENTO – PCB da Bahia
“Existem próteses mais resistentes, de maior qualidade. Eu caminharia melhor. E ainda seria capaz de trabalhar muito mais. Mas não temos acesso a elas por conta do bloqueio”, afirma Cubano no documentário The War on Cuba.
Cuba é alvo do mais longevo bloqueio econômico da história da Modernidade. Praticado há mais de 60 anos pelos Estados Unidos contra a ilha caribenha – apesar de não ser uma guerra de balas e bombas -, o bloqueio afeta cada aspecto da vida da população Cubana, principalmente através de sanções econômicas que impedem a compra de próteses para pessoas com deficiência, de alimentos, de materiais de higiene e medicamentos para o povo cubano.
Longe de ser motivado por preocupações voltadas aos direitos humanos, trata-se do dinheiro e do poder. Até 1959, Cuba se estruturava como uma espécie de colônia estadunidense, com uma economia balizada por companhias americanas, políticos corruptos e a máfia. Entretanto, com o avanço da revolução Cubana e a derrubada do tirano Fulgêncio Batista, as companhias americanas passaram por um processo de nacionalização. Nesse sentido, em 1960, Cuba iniciou uma onda de nacionalizações que afetou os negócios norte-americanos na Ilha, em um valor de US$ 1 bilhão, incluindo terras e refinarias de açúcar.
O processo de nacionalização das companhias americanas ocorreu em conjunto com a reivindicação da soberania do povo cubano e dos seus direitos de se autogovernar, com enfoque nos interesses da nação e do seu povo. Acompanhado da ampliação dos direitos básicos à maioria, às mulheres, aos LGBTQIAP+, ao povo negro, aos camponeses, enfim, aos interesses da classe trabalhadora!
O bloqueio é, naturalmente, uma retaliação contra a tomada da soberania do povo cubano. É uma guerra travada no campo da economia, a qual impede que Cuba exerça negócios com os Estados Unidos – a capital, Havana, fica a menos de 150 km da Flórida -, barrando a comercialização entre ambos os países. Não é permitido ao povo cubano sequer abrir contas bancárias, dificultando a compra de produtos e solicitação de empréstimos financeiros. Além disso, o bloqueio dificulta o acesso à internet, impede e/ou dificulta que atividades comerciais entre Cuba e outros países sejam realizadas.
Durante a presidência de Barack Obama, as relações entre os Estados Unidos e Cuba melhoraram e surgiram medidas para amenizar a situação. As restrições às viagens foram suspensas, os voos comerciais entre os dois países foram retomados, algumas sanções foram relaxadas e Cuba foi retirada da lista dos países que apoiam o terrorismo. Em 2015, por exemplo, as relações diplomáticas foram retomadas com a reabertura da embaixada dos Estados Unidos em Havana.
“Não serve aos interesses da América, ou do povo cubano, tentar empurrar Cuba ao colapso”, afirma, em uma coletiva de imprensa, o ex-presidente Barack Obama. A partir da nova relação estabelecida, companhias aéreas americanas e cruzeiros começaram a levar turistas à Havanna, amplificando o turismo e a economia cubana. Entretanto, após a posse de Donald Trump em 2017, muitas dessas mudanças foram revertidas, reforçando o embargo com sanções entre 2019 e 2021, restringindo novamente viagens e reposicionando Cuba na lista dos países que apoiam o terrorismo.
Para além do turismo e dos negócios, os jogadores cubanos passaram a ser proibidos de jogar na liga principal de beisebol (MLB), tendo Cuba o seu esporte nacional afetado. “Representar o meu país no mais alto nível, que é a MLB, seria meu sonho. Para jogar teria que renunciar ao meu país. E eu não gostaria de fazer isso. Gostaria de jogar e retornar ao meu país para ficar com a minha família e não longe deles”, afirma Xiam Vega – uma das maiores apostas do Beisebol Juvenil de Cuba.
Muito mais do que um embargo, bloqueio, ou cerco, as atitudes estadunidenses para com o povo cubano precisam ser interpretadas como uma declaração de guerra! As sanções contra Cuba não são simplesmente uma restrição ao comércio. O governo dos Estados Unidos procura gerar ‘fome e desespero’ na população para criar uma mudança de governo.
Segundo dados de 2019 do Observatório da Complexidade Econômica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a China é o principal destino das exportações cubanas (38,2%), seguida da Espanha (10,5%), Holanda (5,44%), Alemanha (5,37%) e Chipre (4,05%). Na outra direção, Cuba obtém suas importações principalmente da Espanha (19,2%), China (15%), Itália (6,2%), Canadá (5,4%) e Rússia (5,39%), entre outros. Algumas de suas principais exportações são fumo, açúcar, bebidas alcoólicas, níquel e zinco. Já as importações incluem carne de frango, trigo, milho e leite concentrado.
Entretanto, esses dados não são suficientes para a ampliação e aperfeiçoamento da Soberania, Liberdade e Democracia Proletária do povo cubano. Urge, cada vez mais, a necessidade do internacionalismo Proletário e a Solidariedade entre os povos contra o imperialismo operado pela máquina de guerra estadunidense, seja a partir das suas bases militares, seja a partir dos seus embargos econômicos. Não é um embargo nem um bloqueio. É uma guerra contra a soberania dos povos!