Senhoras e senhores, a OTAN em seu esplendor
Imagem: logotipo da cúpula de julho de 2023 na Lituânia
Por José Goulão – ABRIL ABRIL
Entre as novas exigências atlantistas impõe-se então que a Ucrânia proceda a «reformas democráticas e do aparelho de segurança». Disse «reformas democráticas»? Tem certeza? Importa-se de repetir?
A cúpula da OTAN em Vilnius, Lituânia, gastou dezenas de horas, toneladas de papel, milhões de terabytes, esgotou o armazém de adjetivos, dilapidou o inesgotável estoque de fervor guerreiro de dezenas de comentadores e analistas; porém, justiça seja feita, conseguiu não se desviar da narrativa delirante, espécie de terrorismo intelectual com que continua a guerrear pela sobrevivência xenófoba do «nosso DNA civilizacional e cultural superior».
«A nossa narrativa vence guerras!», proclamou o Daily Telegraph num irreprimível grito imperial em nome de Sua Majestade. Afinal, é a fé na ficção que nos salva, porque através desse caminho foi possível aos atlantismos personificados pela OTAN obter heróicas vitórias no Vietnã, no Iraque, na Síria, na própria Líbia em decomposição e em várias outras pelejas, com destaque para o Afeganistão e os «seus pastores de cabras equipados com Kalachnikov», como ironizam algumas vozes nos Estados Unidos.
A «narrativa» descobre sempre a vitória nos escombros dos desastres militares. Assim é também na Ucrânia, onde a OTAN está às portas da derrota no terreno, e por isso alega que não se considera em guerra com a Rússia (assim o diz o comunicado final do encontro), valendo-lhe, uma vez mais, a tal fé inabalável na narrativa de vitória para garantir que cada ucraniano sacrificado sem dó nem piedade é um enorme passo em frente na triunfante defesa dos «nossos interesses» e da «democracia».
Disse democracia?
Entre o tanto que se disse e escreveu sobre a cúpula da coligação militar «defensiva», mas que mantém a conquista total do planeta sob vigilância – leia-se, se houver vigília para isso, o quilométrico e burocrático comunicado final –, quase escapou uma pequenina frase perdida na imensa lixeira de palavras.
Sabemos, para desespero do mimado nazista Zelenski, que em vez das portas da OTAN alegremente franqueadas pelas promessas de 2008, a retórica agora é outra. Diz a aliança que a entrada da Ucrânia na organização só poderá verificar-se a partir do momento em que «os aliados estejam de acordo e existirem condições para isso». A mensagem foi logo a seguir expurgada de quaisquer equívocos pelo secretário-geral Stoltenberg ao explicar que a decisão sobre a anexação de Kiev pela OTAN só poderá colocar-se em cima da mesa «depois de a Ucrânia ganhar a guerra com a Rússia». Ora, conjugando as duas sentenças não é difícil prever que a integração ucraniana na família atlantista apenas acontecerá quando os porcos tiverem asas.
Enquanto isso não acontece, os atuais membros da OTAN juram manter o empenho financeiro e o abastecimento de armas para que milhares de ucranianos – e russos – continuem a morrer diariamente numa guerra sem fim à vista, mas na qual a vitória atlantista é mais do que duvidosa – se esquecermos a narrativa. Chama-se a isto ter em conta os direitos humanos.
O aparelho de segurança tem mesmo de ser reformado, ou melhor, refundado porque no termo da guerra não sobrará nada do atual. Em relação a isto não existe surpresa.
Agora quanto a «reformas democráticas»?!… Não é a Ucrânia de Zelensky/Porochenko/Biden/Victoria Nuland/Azov/Stepan Bandera o suprassumo da «democracia liberal»? Não é a Ucrânia a derradeira fronteira entre o mundo democrático e o pântano da ditadura? Não é a Ucrânia a última barreira da civilização ante a barbárie? Não é a Ucrânia o baluarte dos baluartes na defesa crítica da nossa «ordem internacional baseada em regras»? Não está a Ucrânia «defendendo a nossa democracia», um mote tão querido das classes política e empresarial lusitanas?
Não é afinal a Ucrânia a última esperança de sobrevivência do «nosso jardim» tão amorosamente cultivado pelo iluminado Borrell, impedindo-o de ser espezinhado pelas hordas selvagens oriundas do resto do mundo, 85% do planeta?
OTAN e nazismo, uma irmandade
Não é segredo que a exemplar democracia ucraniana nasceu do investimento estadunidense de cinco bilhões de dólares no golpe de Estado que derrubou um governo eleito democraticamente e impôs em 2014 um regime de tipo nazista, sustentado na expressão política e militar do culto nacionalista e xenófobo de carniceiros assalariados de Hitler. Um regime que iniciou uma guerra civil fundamentada em ódio étnico, xenófobo e racista causadora de, pelo menos, 14 mil mortos, esmagadoramente civis, entre 2014 e 2022. Essa agressão nazista de Kiev ao Leste e Sudeste do país suscitou ostensivamente uma reação igualmente violadora do direito internacional, a invasão russa, prolongando o conflito até hoje sobretudo devido ao envolvimento direto da OTAN, em socorro desesperado da junta chefiada nominalmente por Zelenski.
Bem, isto é história destes tempos, nos quais, afinal, a democracia nasce de golpes de Estado contra a democracia. Porém, como estabelece a «nossa narrativa que vence guerras», o que interessa é preservar o dogma ditando o caráter verdadeiramente democrático do regime ucraniano, o «seguro» – caríssimo – do nosso celebrado «modo de vida», ainda que estejamos hipotecados até ao pescoço e tenhamos de enfrentar o cotidiano sobrecarregados com preços inacessíveis dos bens vitais.
Na Ucrânia é certo que estão proibidos os partidos da oposição; os livros considerados inconvenientes continuam a ser destruídos e lançados no lixo; as pessoas que discordam do regime são perseguidas, presas ou mesmo executadas; existe uma única programação de rádio e televisão, determinada pelo presidente e a polícia política; meios de comunicação de lealdade duvidosa para com o sistema são proibidos; as leis do Estado estipulam institucionalmente, através de um parlamento onde só existem vozes do regime, a discriminação étnica, cultural e linguística em relação a comunidades nacionais cujas origens não são ucranianas puras.
Costuma-se dizer que, se um animal grasna como um pato, tem bico, patas e andar de pato, então é um pato. A «nossa narrativa», se quiserem, a «ordem internacional baseada em regras», guia-se por outros conceitos, talvez seja esse o grande segredo do liberalismo: se um regime tem práticas de ditadura, impõe leis ditatoriais, venera colaboradores do III Reich, então não é uma ditadura, é uma democracia. Pelo menos no caso da Ucrânia.
Quem tramou os ucranianos
Daí que seja absurda a condição imposta pela OTAN a Kiev segundo a qual o regime deve promover «reformas democráticas». Zelenski tem razão: o regime sempre cultivou a perfeição do ponto de vista democrático; como recompensa, foi financiado, treinado e armado em permanência, as garantias de entrada na OTAN multiplicaram-se ao longo dos anos. E agora, chegada a cúpula da grande confusão chefiada por um ente incapaz de esconder insuficiências de ordem física e mental, dizem-lhe que não há data para a admissão.
O mimado e chorão nazista Zelenski, formatado pela cultura ocidental como uma verdadeira estrela de Hollywood, tolo comediante transformado em imagem de mártir por centena e meia de agências de comunicação, teve um faniquito e ameaçou pôr tudo em pratos limpos perante os 31 da cúpula da OTAN. «Absurdo», clamou bravamente antes de viajar para Vilnius. Depois percebeu que o ambiente entre os amigos, protetores e padrinhos tinha esfriado. Chegaram até a lhe chamar de «ingrato» e a lhe dizer que os governos apoiantes «não são a Amazon, a quem se apresenta uma lista de encomendas», segundo palavras do ministro britânico da Defesa. Por isso moderou o discurso, mas o pacote de exigências que lhe foi apresentado já é diferente, a música recomenda outra dança e, enquanto a Rússia não for derrotada, a integração da Ucrânia na nobre família atlantista está tão congelada como a grande e triunfante contra-ofensiva para esmagar os sub-humanos russos.
Inconfundível nos seus trejeitos mafiosos, a OTAN enviou, e continua a mandar, centenas de milhares de ucranianos para a morte prometendo integrar a Ucrânia; e agora, como as coisas não correm como garante a «narrativa vencedora», há que dar tempo ao tempo, reduzir ao infinito aquilo que era já para amanhã. Enquanto isso, afinal só estão sendo chacinados ucranianos…
Generais apavorados
O que está verdadeiramente por detrás da mudança de ambiente no Olimpo da OTAN? Em primeiro lugar, em casa onde não há pão, neste caso, onde as armas estão se esgotando, todos ralham e só alguns podem ter mais razão do que o resto – os fabricantes de armamentos, os vendilhões da morte. A OTAN transformou-se num saco de gatos onde os gatinhos estão à mercê dos leões, abdicando cada vez mais das suas rações. Chegou o tempo em que o Pentágono vai exigir mais do que 2% do PIB de cada membro para as insistentes exigências da OTAN. Costa já está fazendo contas para poder obedecer: caro concidadão, é previdente abrir mais um orifício no cinto.
Depois há inconfessáveis atribulações militares. O comunicado da cimeira explicita que a OTAN não está em guerra com a Rússia, não enviará tropas para o território (ou seja, mais do que já lá estão sob mil e um disfarces) e, além disso, são muito escassas as possibilidades de uso de armas nucleares. Temos experiência suficiente para saber – tal como o próprio Zelenski agora aprendeu – que o que a OTAN diz não se escreve e, regra geral, o que escreve não pratica.
Ainda assim, enquanto vão narrando as enormes insuficiências, os conceitos medievais, a ínfima capacidade operacional, a moral rasteira e a coragem nula do aparelho militar russo, os grandes chefes da OTAN confrontam-se com uma realidade que os apavora. Afinal os russos não são a limitada Guarda Nacional de Saddam, ou os pastores de cabras afegãos munidos com as suas temíveis kalachnikov dos primórdios do século passado.
Os russos, afinal, são capazes de driblar os gloriosos Patriot, que disparam mísseis de um milhão de dólares, com meia dúzia de drones kamikaze, já batizados como «ciclomotores voadores», ao valor unitário de poucos milhares de rublos; os russos têm armas hipersônicas que os gênios da morte do complexo militar e industrial dos EUA ainda não conseguiram copiar; os russos trocam as voltas às «armas maravilha» enviadas por atacado para terras ucranianas – os invencíveis Leopard 2 também se abatem, os inatacáveis tanques estadunidenses Bradley, orgulho da BAE Systems que os vende a 3,2 milhões de dólares por cabeça, têm uma esperança de vida de duas semanas desde que arribaram à Ucrânia, os sistemas de artilharia M777, também da BAE Systems, ao preço de dois milhões de dólares cada, não têm a pontaria afinada e muito menos uma invulnerabilidade que lhes garanta a vida eterna.
«Paz sim, OTAN não»!
As esburacadas pistas de aviação ucranianas também não parecem ser muito do agrado dos delicados caças F-16, conhecidos como «aspiradores de pistas» pela sua descolagem exigindo infraestruturas irrepreensivelmente limpas e lisas.
Tanto mais que, segundo fontes militares autorizadas, a força aérea russa encara a possibilidade de esburacar um pouco mais as bases ucranianas no caso de a OTAN recorrer a essa nova variante de «arma maravilhosa». O que, aliás, deixou de parecer provável, segundo parecer recentemente emitido pelo chefe do Pentágono aconselhando os ucranianos a concentrar-se na artilharia e a deixar de pensar em altos voos. Nova mudança de discurso.
Em suma, os altos comandos da OTAN percebem que as suas estrelas de guerra nunca foram testadas frente a um exército equipado como o russo e os resultados não são animadores. Até agora só tinham jogado contra equipes da terceira divisão.
Esta realidade também não cabe na profética narrativa vitoriosa e conduz à confirmação de um fato admitido cada vez com maior frequência nos últimos anos: a capacidade da Rússia em guerra convencional pode ter ultrapassado a da OTAN. E quando se passa ao domínio nuclear é do conhecimento geral, embora seja um fato muitas vezes escondido da opinião pública com uma insensibilidade criminosa, que não haverá vencedores, todos seremos vencidos.
Daí que seja possível perceber o temor da OTAN em pôr diretamente as botas no campo de batalha ucraniano, sobretudo sabendo que a Rússia recorreu até agora a uma fração muito limitada das suas capacidades militares – precisamente precavendo-se de um alargamento operacional do campo inimigo.
Dir-se-á que as circunstâncias da cúpula da OTAN, as tais divisões e incertezas a que Zelenski, em tom provocatório e insultuoso chamou «fraqueza», correspondem a um dito português muito popular segundo o qual «quem tem…, tem medo». Quanto a isso não há «narrativa vencedora» que valha. Alguns dirigentes ocidentais, na sua mediocridade, indigência cultural e pequenez intelectual têm deixado escapar sinais de pavor perante a realidade que percebem no campo de batalha ucraniano – e que negam por imposição do discurso oficial, o único admitido seja lá o que for isso do «liberalismo».
Em boa verdade, os sintomas de tensão vividos na cúpula da OTAN, e descarregados em cima de Zelenski, não por ser competente na chacina do seu povo mas por ser incompetente no aproveitamento dos fantásticos meios prodigalizados pelo atlantismo, devem-se também a aspectos mais gerais e de índole, digamos, empresarial.
A OTAN é, principalmente, um clube de compradores de armas fabricadas nos Estados Unidos, uma feira dos instrumentos de morte produzidos por entidades como a Boeing, a já citada BAE Systems, a General Dynamics, a Northrop, a Raytheon e poucos mais com envergadura semelhante. São estes os verdadeiros patrões da OTAN e, por inerência, de todos nós. Por exemplo, percebe-se o desespero de Lloyd Austin, rodando entre a chefia do Pentágono e o Conselho de Administração da Raytheon, perante as baixas prestações dos mísseis e outras armas que a empresa fabrica e comercializa. Para Austin e comparsas de tantas nações da OTAN, é muito mais doloroso perder as generosas comissões dos negócios do que as vidas de milhares e milhares de seres humanos, neste caso no território da Ucrânia. Humanismo, enfim…
Queimar o Corão é maneiro
A cimeira da OTAN também teve o seu momento patético, o de conveniente união solene, mesmo de lágrima no canto do olho, celebrando a anexação da Suécia – que antes de o ser já o era.
Quem navegar pelo Youtube, sem perder muito tempo, verificará que os russos parodiam há mais de dez anos a possível entrada da Suécia na aliança, dando-a como certa tal o grau de russofobia da gangue política de Estocolmo, dentro da qual o antigo primeiro-ministro Olof Palme foi assassinado quando preparava uma viagem a Moscou e uma melhoria da cooperação com a União Soviética.
Para que o esperado desfecho em Vilnius parecesse uma conquista e fizesse soar os clarins, montou-se uma encenação épico-cômica fazendo crer na existência de insanáveis divergências entre a Suécia e a Turquia que, afinal, sábias mediações atlantistas transformaram em conto de fadas.
Uma vez que o presidente turco Recip Tayyep Erdogan, ao sabor do seu neo-otomanismo como fuga para a frente de um regime falido, tenta farejar sempre o melhor de dois mundos, decidiu apostar forte no regateio exigindo a admissão da Turquia na União Europeia em troca da entrada da Suécia da OTAN. A barganha de feira mensal não passou de um blefe canhestro de Erdogan que saiu muito barato à OTAN. Biden, suspenso dos seus fones de ouvido, ordenou ao FMI que emprestasse 11 a 13 bilhões de dólares ao regime turco, apertando ainda mais o garrote de um país que navega à vista, sem rumo certo – e ainda como se fosse um grande favor; e a Suécia, valendo pouco mais do que zero em Bruxelas, prometeu à Turquia que fará todos os esforços para que Ancara entre na União Europeia, à qual se candidatou há umas dezenas de anos. Esta integração tem, sem dúvida, um destino traçado igual ao da entrada da Ucrânia na OTAN.
No fim, Erdogan acabou abraçado ao primeiro ministro sueco, em comovente comunhão entre liberalismo e «antiliberalismo», que afinal não dói nada. Assim como o presidente turco, eminência da Irmandade Muçulmana, não se sente minimamente beliscado em confraternizar alegremente com o chefe de governo de um país onde se organizam festas da queima do Corão em ambiente de confraternização entre terroristas e a polícia; sem esquecer que a sua própria imagem de estadista foi humilhada através de uma gigantesca caricatura pendurada de cabeça para baixo num poste anexo à Câmara Municipal de Estocolmo. Como diz Zelenski em relação ao culto do carniceiro Bandera, para Erdogan, afinal, queimar o Corão é maneiro. E o que lá vai, lá vai.
Estas opções oportunistas e mal sucedidas têm consequências. O presidente turco escolheu dúvidas – a promessa de diligências sem data para aceitação plena no mundo «ocidental» – em vez de certezas – a sua integração natural nas estruturas multinacionais e igualitárias na Eurásia, que são a gênese da nova ordem mundial multipolar. A Rússia torceu o nariz, a China tomou nota e, logo a seguir, vemos Erdogan pronto a receber Putin e a tentar estabelecer um novo acordo só com Moscou para exportação de cereais russos em direção aos países menos desenvolvidos. Ao mesmo tempo que, no auge do verão, o presidente turco apoia o corte de abastecimento de água a grandes cidades sírias em conluio com os terroristas islâmicos sustentados pela OTAN e em conjugação com os bombardeios aéreos cometidos por Israel, uma demonstração de como a ordem internacional baseada em regras, sob a qual ainda vivemos, arrasa o direito internacional, por acaso com a bênção do secretário-geral da ONU.
Ainda quanto à OTAN, assinale-se uma outra nota relevante e que, essa sim, passou despercebida. Os próceres atlantistas asseguram que não estão em guerra com a Rússia e que este país nada tem a temer por estar cercado por uma aliança militar em expansão permanente, com ambições de domínio global e que tem na guerra o único instrumento de relações internacionais. No entanto, organizaram provocativamente a cúpula na Lituânia, em território da antiga União Soviética, depois de terem prometido, há 30 anos, que a OTAN não se deslocaria «uma polegada para leste» em relação às fronteiras do fim da guerra fria. A Lituânia, país que foi vítima de algumas das maiores chacinas de Hitler, mas no qual os herdeiros e saudosos do nazismo estão ativos na esfera do poder, reescrevendo a História de acordo com a opinião única ditada pelo «Ocidente».
Senhoras e senhores, é a OTAN no seu esplendor, explicando o que valem as suas palavras, garantias e declarações. No entanto, uma OTAN romântica, humanitária – tal como as guerras que promove –, democrática – tal como o regime de Zelenski –, uma referência de seriedade – ao estilo do comportamento de Erdogan. Uma entidade do bem absoluto e inquestionável, merecedora destas palavras comoventes proferidas por Angelina Jolie, atriz e «embaixadora» da caridadezinha para os pobrezinhos de quem a sorte se esqueceu em todo o mundo: «A OTAN pode proteger as mulheres da violência sexual na guerra; existe pouca diferença entre os trabalhadores da ajuda humanitária e os soldados da OTAN: esforçam-se todos pelo mesmo objetivo: a Paz».
Sem dúvida. Eis um retrato perfeito do «Ocidente», ungido com a superioridade cultural de Hollywood e a grandeza hipócrita da sua bem-aventurada civilização.