CONTRA-REVOLUÇÕES DE CORES:
Como assinalam os clássicos das idéias marxistas, progressistas e socialistas, não há discussão: onde existe revolução, sempre existirá contra-revolução. Os direitos conquistados precisam superar longas e difíceis jornadas de luta, de golpes fascistas, sabotagens na área petrolífera, bloqueios econômicos e comerciais, lutas eleitorais e referendos.
A questão da defesa da Revolução em momentos de processos contra-revolucionários simultâneos se converte em fundamental. Por esta razão, a análise sobre a estrutura econômica e social da sociedade venezuelana é parte fundamental do trabalho. Não é um luxo intelectual, é uma necessidade que, como inclui a existência de uma vanguarda revolucionária, se coloca como uma questão prática: “Sem teoria, não há movimento revolucionário”.
Tudo isso se resume na necessidade e inevitabilidade da luta contra o domínio econômico e político da burguesia nacional e internacional. Dessa forma, o contra-ataque se dá em ambos sentidos: nas trincheiras da burguesia criolla e nos centros do poder econômico imperialista.
Lênin assinala que a questão da luta de classes figura entre as mais importantes do marxismo e que “fora da luta de classes, o socialismo é uma frase vazia ou um sonho ingênuo” (V.I. Lênin, Socialismo pequeno burguês e socialismo proletário).
O presidente Chávez advertiu sobre esta luta que teremos que ganhar na rua, na fábrica, no Parlamento, no campo e na cidade. “A burguesia, usando focos fascistas, trata de incendiar a Venezuela”, disse o presidente Chávez no Teatro Teresa Carreño, reunido com mais de 2 mil líderes de entidades estudantis (secundaristas e universitários) de todo o país, que apóiam-no e defendem suas políticas sociais e econômicas.
“O plano que existe por trás do movimento foquista de jovens é uma estratégia imperial. Jovens que, na verdade, já não são jovens. Eles envelheceram antes do tempo porque estão a serviço do capitalismo. São os filhinhos da burguesia que estão por trás desse foquismo enlouquecido fascista e violento, desse plano que vem funcionando em outros países da Europa, como a Revolução Laranja”, explicou o comandante Chávez aos líderes estudantis congregados na Sala Ríos Reyna, durante o juramento da Frente de Juventudes Bicentenário 200.
Orage revolution made in USA
A Revolução Laranja foi o nome que se deu ao movimento político, vinculado aos Estados Unidos, que derrubou o Governo legitimamente eleito da Ucrânia no ano de 2004 e que, ao longo de cinco anos, vem sendo rechaçado pelos ucranianos devido ao desastre e a corrupção que provocou na vida econômica e social.
Neste domingo, 7 de fevereiro, celebrou-se um processo eleitoral na Ucrânia, onde a população, nas sondagens prévias, havia rejeitado aqueles que encabeçaram outrora a Revolução Laranja.
Depois de recordar elementos atuais da conjuntura internacional e nacional, o presidente Chávez expressou que não devemos subestimar esse movimento fascista e considerou oportuna e extraordinária a adesão da Frente de Juventudes Bicentenário 200.
“É necessário que lutem a batalha com força, cantando, dizendo o que sentem, com a força extraordinária da juventude”, aconselhou Chávez aos jovens venezuelanos e venezuelanas, ao mesmo tempo que denunciava aqueles que estão por trás do fascismo e da contra-revolução: as transnacionais da informação de âmbito nacional e internacional.
As contra-revoluções de cores foram utilizadas no Leste Europeu pelos Estados Unidos e seus aliados da OTAN, para frear os intentos revolucionários de salvar a fórmula socialista nos países do antigo bloco soviético e ocupar, de maneira definitiva, no ponto de vista militar, os territórios estratégicos para o controle de toda Eurásia.
Nestas contra-revoluções ainda se debate o papel que desempenharam as organizações como a Fundação Konrad Adenauer, a National Endowment for Democracy e grande quantidade de “entes” que atuam dentro do raio de ação da CIA.
Na Venezuela, se introduziu o formato desde 2002, com o apelo da “sociedade civil”. Depois, a partir de 2007, aproximadamente, surgem os “estudantes”, representados pelas “mãozinhas brancas”. Os verdadeiros estudantes da Pátria levantam a espada de Bolívar e não simbologias estranhas, alheias a nossa realidade cultural e histórica.
A cor do fascismo
As chamadas revoluções de cores são, na realidade, mobilizações políticas propiciadas por representantes contra-revolucionárias: burguesia apátrida, Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA e outros com interesses econômicos. A estratégia consiste em propiciar ações de “resistência civil” contra “líderes autoritários”, “regimes não-democráticos ou comunistas”, “governos corruptos” ou “militaristas”.
Os grupos de manifestantes seguem o esquema preparado nos laboratórios de inteligência norte-americanos e tomam como “bandeira” uma cor ou um símbolo. Assim, rosas, cedros, tulipas, mãozinhas brancas, vem sendo utilizados como emblemas da contra-revolução mundial. É importante destacar que, geralmente, estas representações não estão identificadas com um símbolo pátrio ou nacional, mas sim com os “ícones”, aparentemente, não relacionados à política, mas à “inocência” e à “leveza” da juventude. A primeira tentativa deste tipo ocorreu na China, contra o Governo encabeçado pelo Partido Comunista da China (PCH). Porém, a solidez do processo revolucionário do povo de Mao–Tsé–Tung jogou por água abaixo o contra-ataque imperialista. Nos países da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), na Europa Oriental, a desorientação deixada pelo fracasso da primeira tentativa civilizatória de construção de uma sociedade socialista foi um incentivo para a proliferação destas “revoluções” que também têm tido seus reflexos no Oriente Médio.
O formato do esquema posto em prática por estas ações contra-revolucionárias conta com: 1) as mobilizações declaradas não violentas pelos porta-vozes do “movimento”, que na realidade possuem o propósito de subverter a ordem pública; 2) o discurso na defesa dos valores da democracia burguesa e ocidental; 3) rostos jovens como líderes das manifestações, pois um dos pilares fundamentais da estratégia é ressaltar midiaticamente que se trata “da juventude, dos estudantes e ONGs”, desvinculados dos tradicionais partidos políticos que, em muitos casos, vem perdendo influência e prestígio nas sociedades.
Contra-revoluções com sucesso
O “movimento” Otpor: os “mãozinhas brancas” sérvios que provocaram a derrubada de Milosevic, na Iugoslávia, no ano 2000. Este era um suposto movimento de “jovens” não violentos, sem orientação ideológica, que foi utilizado para desintegrar a federação. Suas palavras de ordem pacíficas eram: “Slobo, salve a Sérvia: se suicide’, referindo-se a Slobodan Milosevic. O “movimento” não tem história. Seus quase 100.000 filiados não recordam como foi sua fundação por uma razão muito simples: foram criados em laboratórios de guerra midiática.
Revolução das Rosas: foi apresentada como um “movimento de jovens” espontâneo e não violento. Idêntico ao formato utilizado na Iugoslávia, produziu a renúncia do poder por Eduard Shevardnadze, na Geórgia, em 2003. Paul Labarique aponta que, “na realidade, foi fruto de uma paciente manipulação. A Federação Russa e os Estados Unidos tinham objetivos estratégicos e petroleiros em jogo. A Geórgia acabou se convertendo num terreno de enfrentamento entre as potências. A cólera popular, habilmente desencadeada pelo Instituto Democrático de Madeleine Albright e estruturada por associações juvenis financiadas por George Soros, permitiu à CIA colocar seus homens no poder em Tbilisi, capital do país”.
Revolução Laranja: eleição de Víktor Yushchenko, na Ucrânia, 2004.
Revolução das Tulipas: saída do Governo de Askar Akayev, no Quirguistão, 2005.
Revolução dos Cedros: organizada e impulsionada pela administração Bush para impor a resolução 1559, que teria por finalidade forçar a retirada das tropas sírias do Líbano e o desarmamento do Hezbollah.
Derrubada do presidente Manuel Zelaya, em Honduras, 2009.
Contra-revoluções fracassadas
“A primeira tentativa de «revolução de cor » fracassou em 1989. O objetivo era a derrubada de Deng Xiaoping, utilizando um de seus colaboradores, o secretário geral do Partido Comunista Chinês (PCCH) Zhao Ziyang, para abrir o mercado chinês aos investidores norte-americanos e colocar a China como área de influência dos Estados Unidos. Os jovens partidários de Zhao invadiram a praça Tian’anmen. Os meios de comunicações ocidentais os apresentaram como estudantes apolíticos que lutavam pela liberdade, opondo-se ao PCCH, quando, na realidade, se tratava de uma dissidência interna entre nacionalistas e pró-Estados Unidos, surgida no seio da corrente de Deng. Após uma longa resistência às provocações, Deng decidiu por fim àquela situação, recorrendo à força. A repressão deixou entre 300 e 1.000 mortos, segundo a versão ocidental sobre aquele golpe de Estado frustrado”, destaca o analista internacional francês Thierry Meyssan.
Revolução Branca: intenção fracassada de depor Alexander Lukashenko, na Bielorússia.
Revolução Açafrão: objetivo fracassado por parte dos monges budistas de depor a ditadura militar na Birmânia.
Revolução Verde: protestos no Irã contra a pretensa fraude eleitoral e em apoio ao candidato da oposição Mir-Hossein Mousavi. “A ‘revolução verde’ de Teerã é o mais recente caso das «revoluções de cor » mediante as quais os Estados Unidos vêm tentando impor governos submetidos a sua tutela em vários países, sem ter que recorrer à força”, assinala Meyssan.
Revolução Twitter: protestos contra o triunfo do Partido dos Comunistas da República da Moldávia, nas eleições parlamentares de 2009.
tradução: Maria Fernanda M. Scelza