A quem interessa perseguir os comunistas?
Por Guilherme Corona
Jornal O MOMENTO – PCB da Bahia
Desde o rompimento do PCV com o PSUV, o governo Maduro busca a eliminação do PCV enquanto força política e social na Venezuela. Apesar do passado popular e de cunho revolucionário que o governo Maduro herdou de Chávez, um social-democrata que contrariava as tendências do seu campo, o governo do PSUV se aproxima continuamente da direita, abrindo o mercado venezuelano para o capital imperialista e rifando os interesses das classes populares e dos povos indígenas da Venezuela em troca da manutenção do seu regime.
É impossível acusar o PCV de se isolar de forma proposital, como tentativa de se aproveitar da debilidade causada pelo bloqueio para ganhar capital político, já que o rompimento foi causado pelo descumprimento reiterado do Acordo Marco Unitário por parte do governo, que continha as condições para manter a aliança e foi assinado pelo próprio Maduro. A razão do rompimento se encontra na má vontade do PSUV para dialogar com o PCV.
A partir desse rompimento, iniciou-se uma nova jornada de lutas para o PCV baseada na construção de um pólo popular e revolucionário na política venezuelana, em uma tentativa de romper com o status quo do país e progredir em direção ao socialismo. E é também a partir dele que se desencadeou uma verdadeira caça às bruxas promovida pelo governo, inicialmente violando os direitos políticos do partido e avançando rapidamente para a pura e simples falcatrua.
É nesse intuito que o PSUV organiza sua ofensiva, tentando primeiro subornar e comprar militantes do PCV por todo o país, mas sem contar com o compromisso revolucionário destes. Agora, partindo para uma tentativa de roubar o registro eleitoral do partido, simula uma fratura dentro dele por meio de indivíduos que sequer integram suas fileiras, mas que proclamam ao vento, com apoio e financiamento do governo, serem os reabilitadores do mesmo. Mas mesmo isso não seria possível, uma vez que o PCV é um partido forte, organizado e com verdadeiras bases populares, além de contar com um amplo apoio internacional de outros partidos comunistas e operários.
Esse plano desesperado e ridículo só serve para desmoralizar ainda mais o governo, e para demonstrar que a social-democracia venezuelana está muito mais interessada em agradar o imperialismo do que em construir um país soberano, justamente o oposto do discurso oficial.
Os comunistas brasileiros também já enfrentaram a repressão estatal, tendo o PCB passado a maior parte da sua vida na ilegalidade, e sobrevivendo a uma tentativa de liquidação nos anos 90. Mesmo assim nos erguemos vitoriosos e temos confiança que nossos camaradas venezuelanos farão o mesmo, continuando na construção do socialismo no seu país e da América Latina. Reivindicar o legado chavista, ou o que há de melhor nele, é adotar uma política radical e popular, que confia nas classes populares para decidir seus destinos e enfrenta o imperialismo de forma contundente, não se ajoelhando frente a ele, tampouco aceitando as negociatas com os EUA. Para construir uma política bolivariana, é imprescindível romper com a social-democracia.
O PCV se aproxima da defesa desse legado revolucionário e popular que representa uma importante força na Venezuela e, por isso, o governo tenta isolá-lo e eliminá-lo. Mas não passarão! O Gallo Rojo não cacareja, canta! Toda solidariedade para nossos camaradas venezuelanos! Por uma política anti-imperialista e revolucionária, viva o PCV!