Venezuela: continua o plano anticomunista
Governo e PSUV tentam cooptar militantes e estruturas do Partido Comunista da Venezuela com dinheiro e ameaças
Tribuna Popular – Partido Comunista da Venezuela
O Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela (PCV) denunciou à opinião pública uma nova fase da agressão promovida pela cúpula do Governo de Nicolás Maduro e do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) voltada a “neutralizar a ação política da direção legitimamente eleita pelos comunistas venezuelanos”.
“O Governo e o PSUV estão empregando diversos mecanismos que vão desde ofertas econômicas até ameaças, sejam elas veladas ou abertas, com o objetivo de cooptar militantes, estruturas intermediárias ou de base do PCV. Visam cooptar pessoas ligadas ao PCV para o seu plano de subordinação da vanguarda à sua política anti operária e antipopular”, alertou Neirlay Andrade durante a coletiva à imprensa.
“A partir do Birô Político do Partido Comunista da Venezuela queremos fazer um chamado à nossa militância para se manter vigilante diante destas novas manobras”, acrescentou a dirigente. O PCV ratificou mais uma vez que “não se dobrará” a este assédio contra a organização, o qual teve seu ponto mais alto no passado mês de agosto quando, pelas ordens do governo de Nicolás Maduro, o Tribunal Supremo de Justiça arrebatou a personalidade jurídica do legítima direção do Partido Gallo Rojo, tentando entregá-la a um punhado de operadores políticos do PSUV.
“Somos e seguiremos sendo consequentes com nossa linha de combate a uma política que foi imposta pelo governo em favor dos interesses do grande capital e que pretende não outra coisa senão descarregar todo o peso da crise capitalista, todo o peso das medidas coercitivas unilaterais do imperialismo, todo o peso de uma política econômica fracassada, sobre os ombros das trabalhadoras e dos trabalhadores”, afirmou Andrade.
Partidos Comunistas e Operários respaldam direção legítima do PCV
“É certo que em nível internacional ninguém acredita que a farsa organizada pelo Tribunal Supremo de Justiça, a pedido do Governo, manche a imagem da direção legítima do PCV e recebemos provas disso durante as últimas semanas”, disse a membra do Birô Político. Andrade informou que, passados quase três meses do assalto judicial, o STJ negou a entrega das cópias certificadas dos expedientes deste processo, “que a todas as luzes violam o Estado de direito”.
A usurpação da direção do PCV foi tema de discussão no mais recente Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO), realizado na Turquia. Ali, a maioria das organizações assinou um pronunciamento com três pontos chaves, conforme explicou Andrade: “em primeiro lugar, a solidariedade com as lutas da classe trabalhadora venezuelana, que enfrenta neste momento uma dura experiência de ataques do capital contra seus direitos. Em segundo lugar, a defesa irrestrita e a solidariedade para com o Partido Comunista da Venezuela. O Movimento Comunista Internacional solicitou publicamente ao Tribunal Supremo de Justiça que revogue a infame sentença 1.160 e que restitua os direitos políticos ao PCV. Mas, além disso, os partidos operários de todo o mundo disseram ao imperialismo: basta de agressão ao povo venezuelano!”.
Além do EIPCO, uma delegação do PCV realizou também uma importante agenda de trabalho na Itália, Alemanha, França e Espanha. “Neste giro pela Europa deu a conhecer qual é a verdadeira realidade da classe trabalhadora venezuelana e o que estão enfrentando os setores populares em nosso país”, detalhou Andrade. “Também foi um momento propício para receber o abraço e o respaldo de inúmeras organizações que não reconhecem nenhuma outra instância, muito menos uma imposta pelo governo burguês de turno”, acrescentou.
Por um Natal sem trabalhadores presos
A porta-voz do PCV criticou o chamado a um “Feliz Natal” que foi declarado uma vez mais pelo Governo, “como se um decreto de felicidade pudesse ser suficiente para encobrir a situação que atravessou as maiorias oprimidas em nosso país”. “Uma situação que se caracteriza pela destruição dos salários e pensões; pelo pagamento parcelado dos abonos de Natal que – ademais – são calculados a partir de créditos que foram congelados desde há mais de um ano”, explicou Andrade.
“O governo de Nicolás Maduro aplica uma política de salário zero para os trabalhadores e as trabalhadoras e isso se torna cruel em momentos tão significativos como o fim do ano, nas casas dos trabalhadores e integrantes dos setores populares em nosso país”, acrescentou. Andrade informou que, pelo terceiro ano consecutivo, o Partido Comunista da Venezuela fará parte da campanha nacional por um Natal sem trabalhadores e trabalhadoras presos e presas, uma iniciativa impulsionada pelo Comitê de Familiares e Amigos dos trabalhadores injustamente encarcerados.
“O PCV faz novamente parte desta iniciativa exigindo que haja liberdade plena para os casos das trabalhadoras e dos trabalhadores que foram presos por lutar em prol de suas reivindicações: por exigir melhores condições de salário e por denunciar a corrupção em seus centros de trabalho. Trabalhadores que foram usados como bodes expiatórios dos verdadeiros corruptos que saquearam e continuam saqueando as indústrias chaves de nosso país”, argumentou a dirigente.
Andrade citou os casos mais recentes de Leonardo Azócar e Daniel Romero, detidos neste ano por liderarem massivos protestos de trabalhadores da indústria siderúrgica no sul do país. “O governo do PSUV trata de neutralizar em toda a costa as lutas da classe trabalhadora venezuelana; o silenciamento e a judicialização foram os principais mecanismos empregados para isso”, denunciou.
O PCV anunciou sua adesão à convocatória do Movimento Operário e Sindical que fez um chamado para a jornada nacional de mobilização prevista para este mês de novembro, com o objetivo de reivindicar a indexação de salários e pensões à cesta básica. “Será uma jornada diante do ministério e das inspetorias do trabalho para também exigir respeito ao direito dos trabalhadores e das trabalhadoras à organização sindical e à restituição dos direitos que foram retirados por conta de uma política dirigida a cercear conquistas historicamente obtidas pela classe trabalhadora venezuelana”, acrescentou.
Comitê Central do PCV debaterá a convocação de um referendo sobre o Essequibo
Neste sábado, 11 de novembro, ocorre a VII sessão plenária do Comitê Central do PCV. Trata-se da primeira sessão após a realização com êxito, há algumas semanas, da XVI Conferência Nacional. “A Conferência deu o mandato ao Comitê Central de seguir articulando, trabalhando e fortalecendo alianças no marco de uma situação que é caracterizada pela ilegalização de nosso partido, com o objetivo de poder construir uma candidatura que provenha do movimento popular. E desenvolvendo esses esforços trabalhará o Pleno do Comitê Central: nas ações necessárias para dar curso a este mandato em um contexto de hostilidade contra nossa organização”, detalhou.
O VII pleno do Comitê Central também vai debater a convocação de um referendo sobre o território Essequibo, anunciou Andrade. “Não queremos nos antecipar acerca das conclusões que terão o pleno, mas queremos manifestar a preocupação que temos na direção do Partido Comunista sobre as práticas que estão sendo implementadas pelos governos burgueses da Venezuela, Guiana e dos Estados Unidos, para atiçar contradições que só favorecem o capital transnacional”.
“Não perdemos de vista que a Chevron, a ExxonMobil, a Shell e outras corporações transnacionais têm o olhar voltado aos recursos naturais que estão em nosso país e nas zonas em disputa e há discursos que exacerbam perigosamente contradições que só serão benéficas para encher os bolsos dos capitalistas”, disse a dirigente comunista.
PCV repudia sequestro da ativista palestina Ahed Tamimi
Quase um mês depois do início da nova escalada genocida de Israel contra o povo palestino em Gaza, o PCV reiterou a sua solidariedade com a causa e resistência palestinas. “Vimos nas últimas horas que forças israelenses sequestraram a ativista Ahed Tamimi, uma jovem de 22 anos que desde muito cedo se tornou um símbolo da resistência palestina contra o sionismo”, disse Andrade.
“Esta jovem foi sequestrada e apresentada como troféu de guerra pelo Ministro da Segurança de Israel. A este sequestro, sobre o qual manifestamos o nosso repúdio, somam-se também os dados cada vez mais terríveis de uma situação cada vez mais chocante: o último relatório que recebemos indica mais de 10.000 mortes em Gaza. Desses 10 mil mortos, a maioria são mulheres e crianças. Há uma política contínua de extermínio de Israel contra o povo palestino”, denunciou. “Diante do silêncio cúmplice da chamada comunidade internacional, Israel arrasou mais de 200 escolas e mais de uma dezena de hospitais. Foram assassinados jornalistas, médicos e até trabalhadores das próprias Nações Unidas. Desde o Partido Comunista da Venezuela reiteramos nossa condenação a estes crimes contra a humanidade que estão sendo cometidos em Gaza. Vai nossa mensagem de força: “Sabemos que, em última análise, a Palestina vencerá”, concluiu.
Tradução: Partido Comunista da Venezuela
Fonte: https://prensapcv.wordpress.com/2023/11/07/continua-plan-anticomunista-gobierno-psuv-trata-de-cooptar-militantes-y-estructuras-del-pcv-con-dinero-y-amenazas/