Níveis alarmantes de fome em Gaza

Crianças palestinianas à espera de receber ajuda alimentar em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza (imagem de arquivo)
Créditos: Abed Zagout / Anadolu

AbrilAbril

Mais de metade dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza cercada enfrentam uma «fome catastrófica», revela um relatório agora publicado, com o apoio da ONU.

A publicação, no dia 18/03, da mais recente avaliação da segurança alimentar fez soar ainda mais os alarmes sobre a situação no enclave, onde metade da população – cerca de 1,1 milhões de pessoas – enfrenta «fome catastrófica».

De acordo com estudo, o Norte de Gaza poderá ser atingido pela fome generalizada a qualquer momento desde agora até maio, diz o relatório, que também sublinha o fato de a insegurança alimentar ter se tornado mais «mais profunda e generalizada» num território onde a tendência para a desnutrição aguda está aumentando de forma acentuada.

Neste contexto, o relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC) pede «ações necessárias» para prevenir uma situação de fome generalizada, frisando que estas requerem uma decisão política imediata com vista a um cessar-fogo, bem como o aumento significativo e imediato do acesso humanitário e comercial a toda a população do enclave costeiro palestino.

«Devem ser feitos todos os esforços possíveis para garantir o abastecimento de comida, água, medicamentos e a proteção dos civis, bem como para restabelecer e proporcionar serviços de saúde, água, saneamento e energia», afirma o texto.

Na sua conta de Twitter (X), a agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (Unrwa) destaca o fato de metade da população ter esgotado completamente as reservas alimentares e a capacidade de sobrevivência.

«Trata-se do número mais elevado de pessoas alguma vez registado pelo sistema IPC a enfrentar a fome catastrófica e o dobro do número de apenas há três meses», sublinha o organismo a propósito das conclusões do relatório, no mesmo dia em que as autoridades israelenses recusaram a entrada na Faixa de Gaza do comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini.

Lazzarini disse, na sua conta de Twitter, que a sua visita ao enclave tinha como objetivo coordenar e melhorar a resposta humanitária, sublinhando que a Unrwa é, de longe, a agência com maior presença no terreno.

Crescem ataques israelenses a palestinos em centros de ajuda
«Perdeu-se demasiado tempo. Todas as passagens terrestres devem ser abertas», defendeu, acrescentando que «a fome pode ser evitada com vontade política».

O estudo do IPC publicado nesta segunda-feira, com o apoio das Nações Unidas, destaca a gravidade da situação em Gaza, afirmando que, devido à falta de comida, muitas pessoas comem forragem animal, procuram alimentos no lixo ou pedem nas ruas.

De acordo com o IPC, a fome é classificada em cinco níveis de severidade, indo de um (mínima) a cinco (catástrofe).

Prosseguem os bombardeios israelenses

As forças de ocupação continuam a bombardear vários pontos do enclave costeiro, incluindo Rafah, onde na manhã de terça-feira (19/03) foram mortas pelo menos 14 pessoas, assinala a Wafa.

O Ministério palestino dos Negócios Estrangeiros condenou os ataques a Rafah, onde se encontram deslocadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. Para a diplomacia palestina, Israel já deu início à agressão ao extremo Sul da Faixa de Gaza, mas sem fazer muito alarde, para evitar críticas internacionais.

O Ministério palestino da Saúde revelou que o número de mortos em Gaza desde o início da agressão israelense, a 7 de outubro, subiu para 31.819 e o de feridos para 73.934.