Entre a foice e o martelo: 18 anos de luta, com a classe obreira, pela derrocada do capitalismo, pelo socialismo/comunismo.

No dia 20 de Novembro de 1994 se conformou a Comissão Organizadora do Partido dos Comunistas Mexicanos, e no Manifesto dirigido à classe trabalhadora se convocava a construção de:

O grande partido comunista que se oriente a reconstruir o objetivo histórico do regime social sem explorados nem exploradores, que ilumine o caminho para a classe trabalhadora do México, a qual se resiste a submeter-se a disjuntiva neoliberal entre miséria com repressão, ou miséria com democracia formal; o grande partido que reagrupe os comunistas nacionais que jamais aceitaram ficar sem a perspectiva histórica esperançadora, que tire o país da crise permanente a que o conduziu a burguesia no poder.

O grande partido comunista que se oriente a lutar pela nova democracia socialista que seja capaz de oferecer progresso econômico, justiça social e distribuição justa da riqueza, junto a democracia efetiva, e realização plena do homem.

O partido dos marxistas do México, que normatize sua vida interna inspirado nos ideais libertários, democráticos e humanistas que caracterizam o socialismo; e que, em consequência, estabeleça no seu interior as condições para o trato fraternal e amistoso entre seus integrantes e que, sustentando-se na diversidade de critérios, rechace a nociva prática do unanimismo, e a substitua pelo debate, a razão, e a crítica e autocrítica construtivas.

O partido comunista que supere o dogmatismo e, consequentemente, a intolerância para com outras correntes do pensamento; que substitua a consigna pelo consenso, o discurso pela reflexão; que supere o carácter contestatório da esquerda tradicional pelo estilo essencialmente propositivo. O partido que aspire a servir de instrumento de luta para a classe obreira e que, antes de propor-se a ser a vanguarda desde fora, lute pelas conquistas desde dentro dos movimentos.

O documento expressava com claridade três linhas ideológicas de indispensável desenvolvimento para a construção do partido:

a) A crítica e autocrítica, o estudo sobre a experiência da construção socialista, que na crise do final dos anos 80 e começo dos 90, trouxe consequências devastadoras aos comunistas, à classe obreira, à intelectualidade progressista e a todo o campo da revolução. Já então com grande acerto, independentemente de algumas confusões, se entendeu que o calcanhar de Aquiles no desenvolvimento do Partido e sua vinculação com a classe obreira dependia de compreender e explicar as causas da contrarrevolução que levaram a derrocada do socialismo na URSS e em outros países da Europa, Asia e África.

b) Manter a crítica ao capitalismo, que com sua vitória temporal e em um ufanismo ideológico triunfalista pregava o fim da história e das ideologias, ao tempo em que impunha uma restruturação capitalista, acentuando a exploração ao impor modificações no mundo do trabalho na linha de produção e ao adotar uma nova gestão que superava a do Estado de bem estar social, marcada pela privatização de todos os serviços públicos e uma maior e acelerada interdependência entre os monopólios, de alianças interestatais como a União Europeia, o TLCAN; a euforia do capital, alimentada pelo transformativismo ideológico e político, pela debandada de partidos e militantes, não alcançou maquiar o sistema, pois junto com a exploração manteve a ação agressiva, militarista, de crimes contra a humanidade para favorecer os lucros dos monopólios.

c) Desenvolver a crítica a Revolução Mexicana e sua ideologia, que colocava a classe obreira em aliança condicionada à burguesia, exercendo o controle estatal corporativo do movimento obreiro e dos pactos interclassistas.

O Manifesto de 20 de Novembro de 1994, visto agora que o Partido enriqueceu suas concepções ideológicas, que se desenvolvem novos quadros, tem muitas confusões -questões que hoje em nossas Teses ficaram superadas e inclusive confrontadas-, mas tem várias virtudes. A crise do comunismo no México não está sincronizada com a contrarrevolução na URSS, é prévia quando em menos de uma década, pois no movimento obreiro do México foram impondo-se posições socialdemocratas e nacional desenvolvimentistas, quando o primeiro partido comunista (fundado como Seção Mexicana da Internacional Comunista em 1919) foi dissolvido para dar lugar a uma formação mutante que por sua vez acentuou sua degeneração ao transformar-se primeiro no PMS, de efémera vida, para finalmente integrar-se ao PRD, que é hoje um partido integrado ao Estado e a serviço de alguns monopólios. A debandada de trânsfugas que nos anos 90 elevavam em um altar a democracia burguesa como valor absoluto e justificavam o fim da história e das ideologias tinha um caráter massivo. Contra a corrente, nossos fundadores reivindicaram em um ato de rebeldia e insubmissão, e ao mesmo tempo de análise corretas,la necessidade de reconstruir o Partido Comunista.

Hoje o PCM tem claramente definidos suas características e identidade comunista: princípios do marxismo-leninismo, teoria leninista de organização baseada no centralismo democrático, internacionalismo proletário.

E sua orientação programática claramente estabelece caracterizar o México como um país de pleno desenvolvimento capitalista, que ocupa um lugar intermediário e interdependente na pirâmide imperialista, que a meta para a classe obreira é a luta pela revolução socialista sem etapas intermediárias, dada a diferenciação sócio/classista, que coloca por um lado os trabalhadores, a crescente proletarização das camadas medias e de trabalhadores rurais e por outro a burguesia agrupada em monopólios insertados no imperialismo. Esta confrontação de classe contra classe, independentemente da correlação de forças hoje existente e inclusive das condições subjetivas não se desenvolveram no ritmo das objetivas, orienta a atividade do PCM na luta pela derrocada do capitalismo e pelo poder dos monopólios.

A precondição básica é a existência de um movimento obreiro e sindical, classista, de base, independente, autônomo, vermelho. O giro obreiro/industrial é a prioridade para o grosso do destacamento de quadros do nosso Partido.

Entre as orientações tácticas que é  necessário precisar hoje em dia, está a oposição a Peña Nieto, com o qual os comunistas chocaremos frontalmente dada sua política anti-obreira e antipopular, mas nossa oposição é sem aliança com López Obrador, pois em nossa opinião seu movimento expressa outra gestão do capitalismo, a neokeynesiana, uma opção que sempre será balizada pelos monopólios como saída para a crise em momentos de alta tensão social e de rupturas, para cumprir o rol de bombeiros das tendências revolucionárias do povo. Estamos dessa forma contra Peña Nieto e contra Obrador, pela organização autônoma e independente da classe obreira.

Nossos 18 anos não são senão o preâmbulo de um objetivo irrenunciável: a conquista do poder pela classe obreira e os trabalhadores, o poder obreiro, a socialização dos monopólios, a planificação central, o controle obreiro.

Cada passo nosso vai nessa direção.

No nosso aniversário celebramos com o Primeiro Festival do El Comunista, nosso órgão central de comunicação, modesto mas independente, baseado em finanças próprias, sem pedir nada a nenhum governo, a nenhuma delegação, a nenhum instrumento burguês, como tudo o que fazemos.

Publicamos para tal ocasião o novo número da Revista Comunista Internacional, e da nossa Revista de teoria, política e cultura, El Machete. E também as três etapas do El Machete (1924-1938), digitalizadas, porque a história na nossa opinião não deve estar reclusa em arquivos, apenas para especialistas, senão que deve converter-se em um instrumento vivo a serviço das lutas presentes, e por isso estaremos lançando o DVD que contém estas obras, e logo disponibilizaremos o download de todos os seus números disponíveis no nosso site da web.

Porém, o mais importante neste nosso aniversário é que o PCM está em luta a cada dia, todo o tempo…

Fonte: http://www.comunistas-mexicanos.org

Tradução: PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO

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