“Negócios”: Sarkozy, Cahuzac … Que saída política progressista para a crise política explosiva em gestação?
Que saída política progressista para a crise política explosiva em gestação?
Jerome Cahuzac, que com o seu colega Moscovici foi encarregado por F. Hollande e seus manda-chuvas europeus para iniciar “caça aos sonegadores de impostos” e “justo rigor” (congelamento de salários, aumento do CSG [Contribuição Social Geral], desindexação dos abonos, restrições sem fim em cuidados médicos, forte asfixia dos serviços públicos, novo prolongamento anunciado da duração da contribuição para as aposentadorias, etc.) foi o primeiro a praticar a evasão fiscal e de mentir para o povo francês escondendo sua fortuna na Suíça. Estranhos líderes “socialistas” que fogem dos impostos sobre fortunas e cujos vínculos com a classe trabalhadora se tornaram inexistentes! De fato, esta conta bancária na Suíça foi aberta no momento em que Cahuzac tinha funções oficiais no Ministério da Saúde e se ocupava das questões relacionadas ao atendimento médico.
Se compararmos a acusação ao Sr. Cahuzac com a recente denúncia de Sarkozy e com os graves ataques contra a independência judiciária que se seguiu da parte dos chefes da UMP (Union pour un Mouvement Populaire) [União por um Movimento Popular], percebemos o desgosto que a massa do povo francês – trabalhadores explorados e atingidos pelo grandes deslocamentos, funcionários maltratados pelo patronato da “nova gestão”, funcionários insultados e explorados, pensionistas tratados como “marajás”, trabalhadores camponeses à beira da ruína, engenheiros e pesquisadores precarizados – deve estar sentindo com relação aos comparsas do Parti Maastrichtien Unique [Partido Maastrichtiano Único] que se sustenta sobre as costas da população e bloqueia qualquer alternativa há 30 anos, em nome da “construção” europeia e de sua ruinosa moeda única.
Como PRCF não cessou de mostrar em seu mensal “Initiative Communiste”, uma crise de regime explosiva ameaça a apodrecida Quinta República, onde os irmãos inimigos pertencentes à falsa esquerda e à direita dura transmitem entre si o bastão para continuar a aplicar a mesma receita que combina “negócios” e política, e mais importante, que leva ao esmagamento da produção na França, dos serviços públicos, das aposentadorias, da seguridade, mas também da soberania nacional e da República una e indivisível sacrificada às euro-regiões.
Quanto ao FN (Front National) [Frente Nacional], longe de oferecer uma alternativa, ele participa do dispositivo de bloqueio político, pois o seu verdadeiro papel é, junto com o “UMPS” que eles fingem denunciar, conduzir tenazmente o povo francês seja para o PMU-bis (Partido Maastrichtiano Único) seja ao UM’Pen, que é atualmente forjado nos meios sociais mais reacionários.
Enquanto que a Front de Gauche [Frente de Esquerda] e o PCF [Partido Comunista Francês] são incapazes de propor uma alternativa radical – enredados que estão em seu apoio suicida às mentiras de uma “Europa social” e de um “euro a serviço dos povos” -, enquanto que uma boa parte da chamada extrema-esquerda abandona a nação republicana e popular aos homens do capital (Europa supranacional, Ato III da descentralização, retirada da língua francesa para o benefício da patronal inglesa…), a responsabilidade dos verdadeiros comunistas, dos sindicalistas combativos e dos patriotas republicanos engrandece sem cessar e chama por iniciativas urgentes.
Os sistema institucional em decomposição vai explodir, talvez violentamente. A verdadeira questão agora é saber se os comunistas, sindicalistas, patriotas anti-fascistas terão feito no tempo necessário, cada um na frente que lhe cabe, a preparação de uma alternativa política independente da UE, do euro e do Partido “socialista”.
“Quando aqueles de cima não podem governar como antes, quando os que estão embaixo não querem ser governados como antes, então se abre uma época de revolução”, explicou Lenin em 1917.
Desde que, no entanto, existam ferramentas de vanguarda para iluminar o sentido de futuras insurreições. É por isso que o PRCF chama os militantes francamente comunistas, membros ou não do PCF-PGE [Partido Comunista Francês – Partido da Esquerda Europeia], para formar uma ampla convergência comunista de ação, privilegiando a intervenção nas entradas das fábricas. Que eles se apóiem nisso para o chamado comum aos trabalhadores em luta, que venham compor os vários coletivos comunistas, dos quais o PRCF faz parte.
O PRCF convida assim os verdadeiros sindicalistas para apoiarem os trabalhadores combativos da Good Year, PSA, Prestalis, etc. e de modo algum o “sindicalismo de conciliação” que coloca a classe trabalhadora à mercê dos dirigentes traidores da CFDT [Confederação Francesa Democrática do Trabalho] e da Confederação “sindical” europeia. É na união de combate contra o capital, não nas falsas “concertações” organizadas por Hollande para quebrar a mobilização, que se encontra o elemento para um sindicalismo eficaz, conquistando reivindicações em vez de negociar reveses intermináveis.
É igualmente importante que todos os patriotas progressistas discutam democraticamente sobre um programa de ruptura progressista com a UE, se inspirando nos princípios imortais que inspiraram o programa do Conseil National de la Résistance.
Mais do que nunca nosso povo tem necessidade de construir na ação sua ampla Frente popular patriótica e progressista.
A esse preço, a crise política que amadurece poderá resultar no renascimento republicano de nosso país, dentro da perspectiva revolucionária do socialismo.
Apenas com isso a decomposição euro-liberal da França e sua sombra – a explosão ultra-reacionária, vergonhosa e devastadora da UM’Pen – poderão ser conjuradas. Mas o tempo urge e a hora das grandes iniciativas unitárias é chegada: amanhã será, talvez, tarde demais!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)