A mais heróica de todas as batalhas

imagemMeus caros e queridas,

Neste mês de maio, comemora-se o 65º aniversário da derrota da Alemanha na 2ª GM. Esta derrota significou para a humanidade uma vitória sobre um dos mais bárbaros regimes que o mundo já viu, o regime nazista de Adolf Hitler.

Falar desta vitória magnífica sobre uma das mais poderosas máquinas de guerra jamais vistas na história é falar da heróica resistência do povo soviético em Stalingrado. Durante quase 7 meses o exército vermelho, sozinho, travou uma baltalha terrível contra nada menos que 2/3 de todo o exército nazista representado por mais de 3/4 das tropas mais bem treinadas, melhor equipadas e experientes das tropas alemães. Lembro que com menos de 1/3 de suas tropas, este mesmo exército alemão ocupava a França, o Norte da África, quase toda a Europa e, até 6 junho de 1944, a única força que os enfrentava numa luta desigual era a URSS. Depois de travar a mais feroz batalha da história, o exército vermelho derrotou as tropas do Marechal Von Paulus em fevereiro de 1943. Foi o começo do fim para o odioso regime nazista.

É importante lembrar que, ao contrário do que a história oficial nos diz, a libertação da Europa foi fundamentalmente obra do exército vermelho, pois já em finais de 1943 havia destruído o grosso das tropas alemães e estava às portas da Alemanha. A tão esperada 2ª frente só foi aberta em junho de 1944.

Para quem ainda duvida de que a fúria nazista era dirigida principalmente contra a União Soviética, basta lembrar que mais de 20 milhões de soviéticos pereceram na luta contra a Alemanha Nazista. Este foi o maior holocausto perpetrado pelos Nazistas na 2ª GM.

Ao final da batalha de Stalingrado mais de 2 milhões de pessoas haviam morrido. Na cidade , antes conhecida por ser próspera e moderna, já não havia mais nenhuma construção de pé. Mas de pé estavam os heróicos defensores de Stalingrado. Aliás, jamais se curvaram, jamais se renderam, jamais deixaram de encarar de frente o pior inimigo que se poderia ter e a pior das barbáries que pode se abater sobre um povo. Tinham por trás de si a maior obra que o proletariado consegui construir em toda a sua história de lutas até hoje: A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Nestes tempos obscuros, onde a derrota do proletariado parece um fato consumado, onde a realidade perversa da superexploração do trabalhador, do desespero, da insegurança, da falta de saúde, de educação, se impõe às massas trabalhadores como algo eterno e imutável, voltar algumas páginas na história e ver que diante da nuvem de escuridão nazista que cubriu a Europa com destruição, miséria e desesperança, o povo soviético, e em particular os seus heróis de Stalingrado, se levantou e mostrou que a vitória do proletariado sobre a barbárie é possível, nos ensina que uma nova história para a humanidade pode começar a ser escrita, basta que o protelariado se levante novamente, assim como se levantou em Stalingrado e escreveu uma das mais gloriosas páginas da história humana.

Viva a heróica resistência do povo soviético em Stalingrado!!

Viva o Socialismo!!

O capitalismo é a desgraça dos povos!!

Saudações comunistas,

André Lavinas

PS: Este poema abaixo é uma justa homenagem aos heróis de Stalingrado.

Carta a Stalingrado*

Carlos Drummond de Andrade

Stalingrado…
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem,
enquanto outros, vingadores, se elevam.

A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.

Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.

Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.

Stalingrado, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos;
de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem trabalho nas fábricas,
todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros de parede,
mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,
ó minha louca Stalingrado!

A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,
contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate,
e vence.

As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma fumaça subindo do Volga.
Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.

*Extraído do livro A Rosa do Povo (poemas escritos entre 1943 e 1945). Rio de Janeiro: Record, 1987

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