Partido Comunista Brasileiro abre mão da aliança com o PSOL
A falta de um acordo entre o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Socialismo e Libertade (PSOL) levou os primeiros a não embarcar na candidatura do advogado Plínio de Arruda Sampaio e seguir na tentativa de reerguer a legenda mais antiga do país, fundada em 25 de março de 1922, com o nome do secretário-geral da agremiação, o também advogado Ivan Pinheiro, como candidato a Presidente da República.
Pinheiro é secretário-geral do PCB
Com a escolha de Pinheiro, pelo PCB, chega a 11 o número de candidatos inscritos para as eleições presidenciais de outubro deste ano. Os comunistas, no entanto, disporão de apenas 40 segundos por dia no de tempo de TV para a propaganda eleitoral, enquanto o PSOL fica com 46′. Em lugar de Pinheiro, a chapa de Sampaio seguirá com o professor Hamilton Assis como vice. Assis é dirigente nacional do PSOL e previa se candidatar ao governo baiano.
Segundo a nota do PCB, as negociações emperraram “em dois pontos, ambos ligados ao espaço do PCB no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão”.
Sem acordo
Ainda segundo os comunistas, outro motivo de impasse foi a proposta apresentada pelo PSOL para compor a coligação no Estado de São Paulo, em que o PCB, antes do início das negociações, já tinha candidaturas próprias aos quatro cargos estaduais em disputa. “A direção do PSOL condicionou a elevação do número de programas eleitorais na televisão para o candidato a vice para cinco, caso o PCB aceitasse retirar a candidatura a governador e indicar o vice para o seu candidato, Paulo Búfalo, ex-vereador em Campinas. O candidato a vice, então, teria direito a cinco programas e o candidato a Governador a 15. Haveria, ainda, um candidato a Senador para cada partido e, na coligação proporcional, tanto para Deputado Federal como Estadual, o PSOL ficaria com 90% do horário eleitoral e o PCB com 10%.
“No que se refere à negociação sobre São Paulo, contrapropusemos a escolha de um candidato a Governador de consenso, mesmo que filiado ao PSOL, sugerindo o nome de Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobrás demitido por Lula e uma das expressões nacionais da campanha pela reestatização da empresa. Sobre as coligações proporcionais, nossa contraproposta inicial era de 25% do horário eleitoral, mas chegamos a admitir 20%, dependendo do conjunto da proposta. Na realidade, a longa negociação acabou se limitando a estas duas questões, não se aprofundando nos possíveis entendimentos sobre outros Estados”, diz a nota do Partido.
O candidato a vice-presidente na chapa comunista será o economista Edmilson Costa e a legenda planeja lançar candidaturas majoritárias próprias em todos os Estados da Federação, “exceto naqueles em que se celebraram coligações no âmbito regional”.
Sem ressentimentos
“Estamos certos de que foi correta a decisão do Comitê Central do PCB de admitir a retirada de nossa candidatura presidencial e abrir negociações com o PSOL, partido com o qual contamos para a viabilização da necessária frente anticapitalista em nosso país. A celebração desta aliança eleitoral seria uma importante sinalização para o conjunto da esquerda socialista, no sentido de suscitar um relacionamento político favorável à unidade de ação nas duras batalhas anticapitalistas e antiimperialistas, cada vez mais duras e complexas, em função da crise sistêmica do capital”, acrescentou o PCB.
No entanto, segundo os comunistas, “mais importante que a formalização de uma coligação eleitoral foi o diálogo respeitoso que vivenciamos nestes dias com os companheiros do PSOL, cujas razões para não flexibilizar nessas negociações o PCB entende e respeita, em função das diferenças de forma de organização e de linha política, no campo da tática e da estratégica, entre nossos dois partidos”.
De nossa parte, faremos de nossa campanha própria uma tribuna que ajude a criar as condições para a unidade de ação no campo da esquerda socialista e, sobretudo, para a constituição de uma frente ampla e permanente em oposição à ordem burguesa, para além dessas e de outras eleições. Aos militantes e simpatizantes do PCB, conclamamos a darmos o melhor dos nossos esforços para fazer com que o saldo desta nossa campanha própria acumule forças na perspectiva da revolução socialista”, conclui a nota.
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