DECLARAÇÃO DE VOTO

A poucos dias das eleições, faço minha declaração de voto. Antes, algumas observações sobre o que vi e senti na campanha eleitoral.

Quando a gente acha que chegou no fundo do poço, surgem Tiriricas, Romários, Mulheres Pera e Netinhos para demonstrar que sempre cabe mais um no ônibus da mediocridade e do esvaziamento da política. Quando a gente espera um pouco de compostura de gente oriunda do campo da esquerda, ingenuamente talvez, ressurgem, imponentes, o oportunismo, a lavagem cínica de biografias, a metamorfose ideológica, o fisiologismo explícito e as alianças inescrupulosas. Quando a gente, finalmente, imagina um debate democrático, prevalecem as regras da ditadura midiática, que transformam em comédia pastelão o que deveria ser um espaço aberto para todas as propostas, e não apenas as dos partidos da ordem.

A se confirmarem as pesquisas eleitorais, vem aí uma onda de oficialismo. De norte a sul, embaladas por um discurso populista (que nos transforma em deficientes mentais), oligarquias e candidatos a Messias farão a festa, de goela bem aberta para orçamentos generosos e jogadas nebulosas. Não há diferenças expressivas entre as candidaturas favoritas à presidência da República. Todas representam, com pequenas variações, os interesses das es dominantes brasileiras. Nenhuma delas representa a mais remota ameaça ao sistema desequilibrado e injusto que discrimina, expele e concentra renda e acesso ao prazer. Vendem, hipocritamente, a imagem de que é possível humanizar o capitalismo.

Estou, como sempre estive, na esquerda. Uma esquerda que, infelizmente, se apresenta fragmentada para os eleitores. É longo o caminho para a unidade que fortaleça a representação dos interesses populares. Entre as opções neste campo, escolho o PCB – Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, número 21. Sem ilusões quanto ao caráter e às consequências das eleições, o PCB usa o pouco espaço que lhe concedem os meios de comunicação para fortalecer e difundir a ideia da frente anticapitalista e anti-imperialista (existe por aí uma “esquerda” que abandonou a luta contra o capitalismo). Não se trata de uma campanha eleitoral, e sim de uma campanha política, que vai além do dia 3 de outubro e se projeta no cotidiano das lutas do povo brasileiro. Não se trata, também, de privilegiar nomes, e sim um projeto político. É para liquidar com a personalização venenosa do processo eleitoral, que sempre acaba mal (a rima é péssima, mas vale a intenção).

Sugiro, por tudo isso, mudar o foco na hora de definir seu voto. Ao invés de partir do nome e da “honradez”/”credibilidade” dos candidatos, da generosidade (suspeita) dos “pais” e “mães” de ocasião, analise as propostas políticas e não as eleitorais. Se aceitar minha sugestão, consulte o site www.pcb.org.br e pense nas posições que o Partidão apresenta para a sociedade.

Um bom voto e um abraço