Candidatos avaliam o debate promovido pelo Brasil de Fato

Patrícia Benvenuti

da Redação

Romper o silêncio imposto pela mídia corporativa e apresentar ao eleitor as propostas dos partidos de esquerda. Com esse objetivo, foi realizado nesta terça-feira (21), em São Paulo (SP), o debate dos presidenciáveis da esquerda, promovido pelo Brasil de Fato.

O debate contou com a participação de Rui Costa Pimenta (PCO), Ivan Pinheiro (PCB) e Zé Maria (PSTU). Também foram convidados Plinio de Arruda Sampaio (PSOL), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), que não participaram sob justificativa de problemas de agenda.

Os candidatos responderam perguntas de jornalistas e de internautas sobre variados temas, como programas econômicos, política externa e reforma agrária, dentre outros temas.

Segundo os levantamentos feitos pela página do Brasil de Fato, o debate teve cerca de duas mil pessoas conectadas simultaneamente. Além disso, cerca de 7.687 internautas de dez países acessaram o vídeo e no chat, foram 5,5 mil comentários. No twitter, foram pelo menos 500 mensagens.

Para a jornalista Tatiana Merlino, editora da Caros Amigos, que participou do debate, um encontro entre candidatos da esquerda contribui para a quebra de estereótipos. “Como tais candidatos têm pouquíssimo tempo de campanha gratuita na TV e no rádio, são obrigados a apresentar suas ideias muito rapidamente, o que dificulta a desmistificar a imagem caricata de “esquerda raivosa” que a grande imprensa tenta fazer deles”, analisa.

Candidatos

Na avaliação de Ivan Pinheiro (PCB), a exclusão dos partidos de esquerda nos debates televisivos e a cobertura tendenciosa da imprensa tornam o debate da esquerda ainda mais fundamental. “Para nós esse debate é o evento mais importante da campanha. Aliás é o único debate nessa campanha, despolitizada e midiatizada”.

O candidato do PCB também vislumbra que o encontro tem uma importância que vai além do processo eleitoral. ‘É uma oportunidade de a esquerda se reunir, discutir, ver suas diferenças”, avalia.

Zé Maria (PSTU) também ressalta a realização do debate e faz uma crítica à cobertura midiática dos meios de comunicação tradicionais. Ele cita o caso da Folha de S.Paulo que colocou, como um de seus compromissos de agenda para a terça-feira, a participação no ‘debate dos nanicos’. Para ele, antes de informar, a imprensa tradicional está empenhada em defender determinadas candidaturas. “Os jornais já estão militando por seus candidatos, e com as redes de televisão é a mesma coisa”, critica.

A atual cobertura das eleições, na sua avaliação, prejudica essencialmente o eleitor, que fica sem o direito de conhecer todos os candidatos. “As candidaturas que o povo não sabe que estão concorrendo é como se não existissem. Você vai ver, muita gente vai votar achando que são apenas três candidatos”, alerta.

Opinião semelhante tem Rui Costa Pimenta (PCO. Para ele, o debate significa uma abertura importante para os partidos de esquerda, que não encontram espaço para expor suas visões.

“Há todo um movimento no interior dos partidos burgueses para tirar a esquerda desta eleição. O debate é uma reação que a esquerda está dando a esse processo antidemocrático”, afirma.

O representante do PCO ressalta, portanto, que a privação imposta não se deve ao tamanho dos partidos, e sim ao próprio perfil das candidaturas. “A exclusão vem disfarçada de luta contra os ‘nanicos’, mas quase todos eles [‘nanicos’] são de esquerda”, ressalta.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/1340