Ivan Pinheiro fala a O Estado RJ

Por Daniele Barizon

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Ivan Pinheiro nasceu em 1946, no Rio de Janeiro. É secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi preso pela primeira vez, enquanto estudante do Colégio Pedro II, por ativismo político. Em 1965, iniciou o curso de Direito na Universidade do Estado da Guanabara (hoje UERJ), onde se aproximou do Movimento 8 de Outubro (MR8), do qual desligou-se na década de 70.

Funcionário do Banco do Brasil, Pinheiro foi presidente do Sindicato dos Bancários no pleito de 1978. Foi preso novamente em 1982, por atuação no VI Congresso Nacional do PCB. Candidatou-se a Deputado Federal em 1986,  à prefeitura do Rio de Janeiro em 1996, a vereador em 2000 e 2004, e novamente a Deputado Federal em 2006. Neste ano, seu partido não integra coligações e pleitea, pela primeira vez, o cargo de presidente da república. Entre as propostas do chamado Partidão está a ruptura total com o sistema econômico capitalista.

O Estado RJ: Qual é a maior dificuldade em defender uma candidatura sem o mesmo suporte midiático que possuem aqueles cujos partidos têm representação no Congresso?

Ivan Pinheiro: Interessante a pergunta, pois essa dificuldade desmascara a falsa democracia em que vivemos. Há meses, alguns candidatos já contavam com o apoio da mídia. Isso não é gratuito. É uma tentativa de apresentar para a população apenas as candidaturas que manterão o status quo do sistema exploratório sob o qual vivemos.

OERJ: O que faltou nas administrações dos últimos 16 anos? O que o senhor faria de diferente?

IP: Faltou priorizar o trabalhador. Não através da falsa ideia de que a felicidade vem através do consumo – e olhe que estamos falando de um consumo baseado em um endividamento crescente, e não na melhoria sustentada da renda. Faltou olhar os problemas vividos pelos trabalhadores – a grande maioria da população – como os principais pontos a serem atacados e resolvidos. Isso não se resolve com reformas cosméticas, com o jogo de interesses parlamentares. Para solucionar esses problemas precisamos da luta e da participação efetiva da e trabalhadora nas decisões políticas. Todas as decisões de um governo dos comunistas do PCB atentariam para isso.

OERJ: Como governar o país sem alianças que possibilitem a aprovação de projetos na Câmara e no Senado? Haverá proposta de diálogo com outros partidos, caso o senhor seja eleito?

IP: Precisamos organizar a população para que ela exerça de fato a democracia e o poder. Isso se chama Poder Popular, democracia no dia a dia. E é dessa forma que o PCB governaria. Ter diálogo com partidos, entidades e movimentos que lutem pelos direitos dos trabalhadores brasileiros, nós queremos. Agora, dialogar via politicagem corrupta e de fatiamento de cargos públicos, isso eu não faria nunca!

OERJ: O senhor pretende realizar (caso eleito) um governo de continuidade ou de ruptura com atual sistema econômico vigente?

IP: Os trabalhadores brasileiros precisam de uma ruptura total com o sistema econômico capitalista. Pois precisam se libertar da exploração de seu trabalho, da insegurança do desemprego, do endividamento crescente.

OERJ: Quais são seus planos imediatos nas áreas de segurança, educação e saúde?

IP: Na segurança, controle das fronteiras e ação de inteligência contra os barões do tráfico de drogas e do contrabando de armas. Em educação e saúde, aumento salarial das categorias profissionais e reaparelhamento das escolas e hospitais. Precisamos dar condições de trabalho para quem trabalha nesses setores, tendo os dois como prioridade.

Fonte: http://www.oestadorj.com.br/?pg=noticia&id=5538&editoria=Pa%C3%ADs