Uma manifestação opositora exige no Haiti a demissão do presidente Martelly
Santo Domingo, 24 dez.- Opositores haitianos foram, hoje, para as ruas de Porto Príncipe em direção ao emblemático parque “Campo de Marte”, situado frente ao Palácio Nacional, para exigir a renúncia do presidente do país, Michel Martelly.
A manifestação, que ocorreu com a escolta da Polícia haitiana por várias ruas do centro da capital, começou no Boulevard la Saline, periferia norte, e terminou no Museu do Panteão Nacional Haitiano (Mupanah), sem deixar incidentes violentos.
Os protestantes declararam não querer nenhuma negociação com o presidente Martelly, salvo sua demissão, e asseguram que continuarão com os protestos durante as festas natalinas, os dias 26, 28 e 31 de dezembro, assim como o primeiro de janeiro de 2015.
As mobilizações contra o Governo se organizam no momento em que o chefe do Estado negocia com os atores da vida política do país, seguindo as recomendações de uma comissão de personalidades haitianas designada pelo próprio presidente com o propósito de buscar uma saída à crise política que tomou conta da nação caribenha.
Em 17 de dezembro passado, Martelly se reuniu com cinco grupos opositores.
Entre algumas das formações políticas da oposição que se encontravam hoje na manifestação estavam MoPod e a plataforma Pitit Desalin, que manifestaram publicamente seu repúdio a unir-se a estas conversações empreendidas pelo presidente haitiano.
Martelly deverá nomear nos próximos dias o substituto do ex-primeiro ministro Laurent Lamothe, que deverá ser referendado pelo Parlamento (bicameral), da maioria opositora.
A ministra da Saúde e População do Haiti, Florence Duperval Guillame, foi nomeada, neste domingo, primeira ministra por um período de 30 dias, uma semana depois da renúncia de Lamothe, que foi obrigado a deixar o cargo por recomendação da comissão assessora criada pelo chefe de Estado.
Dita comissão também recomendou a substituição do presidente do Conselho Superior do Poder Jurídico (CSPJ), Anel Alexis José, e dos juízes do Conselho Eleitoral Provisório (CEP), órgão-chave para a celebração das eleições legislativas e municipais, pendentes de serem celebradas há anos.
Neste sentido, os nove membros do CEP apresentaram sua renúncia em uma carta ao presidente haitiano a semana passada.
A representante especial do secretário geral das Nações Unidas em Haiti, Sandra Honoré, e outros membros da comunidade internacional ontem deram a bem-vinda à decisão do presidente Martelly de designar Guillaume como primeira ministra interina em conformidade ao artigo 165 da Constituição haitiana.
Os membros da comunidade internacional no Haiti representados no “Core Group”, entre os quais estão os embaixadores do Brasil, Canadá, França, Espanha, Estados Unidos e a União Europeia, e o representante especial da Organização dos Estados Americanos (OEA), elogiaram os esforços realizados pelo presidente Martelly.
Dessa forma, aplaudiram a resposta positiva dos nove conselheiros eleitorais às medidas de pacificação recomendadas pela comissão, assim como a boa “vontade política e atitude construtiva” mostrada até agora por diversos partidos políticos, que responderam ao convite do presidente do Haiti para as negociações.
(Agencia EFE)
Quinta-feira, 25/12/14 – 01:06
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)