ISLAMOFOBIA E FASCISMO CRESCEM NA EUROPA, ESTADOS UNIDOS E EM ISRAEL

Recrudesce no mundo uma onda de hostilidade aos muçulmanos e à religião islâmica, deflagrada a partir dos atentados ao jornal Charlie e a um supermercado de produtos judaicos, em Paris, cuja autoria, apesar de supostamente ter sido reivindicada por uma organização muçulmana extremista, ficará para sempre como uma incógnita, em razão de a polícia francesa ter matado os suspeitos. A onda hostil se formou a partir da mobilização de lideranças da direita francesa e de outros países que se aproveitaram do incidente para reforçar sua proposta política de banir e satanizar os imigrantes como um todo – e os muçulmanos em particular, em razão de preconceito e dos efeitos da crise do capitalismo, que hoje afetam a Europa em particular.

Entre as muitas causas que podem ser atribuídas aos atentados e à mobilização de setores muçulmanos radicais (e também de segmentos moderados) contra os EUA e seus aliados, destaca-se a longa história de opressão e de ataques aos países muçulmanos operada por aquele país e seus aliados franceses, ingleses, israelenses e outros, que utilizam de todas as formas de ações e ataques para garantir o controle de áreas estratégicas aos interesses de suas empresas e também para inibir ou mesmo destruir qualquer experiência política que entre em contradição com os ditames imperialistas. Iraque, Líbia, Palestina e Síria são apenas alguns dos muitos exemplos recentes dessas ações. É preciso ainda lembrar as atrocidades cometidas pelo governo colonialista francês e seu exército, com apoio da elite racista argelina, na repressão ao movimento de libertação nacional na Argélia, nos anos 1950-60, que torturou e matou milhares de patriotas argelinos.

Mas há também a hipótese de que os atentados de Paris tenham sido de falsa bandeira, ou seja, urdidos pelos próprios serviços secretos imperialistas para fomentar a islamofobia, a “guerra contra o terror”, criando um clima favorável à continuidade da agressão militar e saque dos países de origem muçulmana, onde repousam imensos recursos naturais. Na França e em outros países europeus, a situação dos imigrantes de origem muçulmana – assim como de outras origens – é de redução de direitos sociais, além de desemprego e miséria. Pesa sobre esses imigrantes uma grande dose de intolerância religiosa contra a fé islâmica e suas manifestações, o que reforça mais ainda a sua segregação e estimula reações violentas.

A direita, como um todo, foi o setor da sociedade francesa – e de outros países – que mais se beneficiou politicamente com o episódio. A manifestação de chefes de Estado contra o “terrorismo” e a favor da “liberdade de imprensa” e da “democracia” reveste-se de profunda hipocrisia, pois a grande maioria dos mandatários presentes recorrem à tortura, ao terrorismo de Estado e ao extermínio de civis e se utilizam das mais variadas formas de repressão a movimentos sociais e partidos políticos de oposição, perseguem jornalistas e são responsáveis por agressões aos direitos humanos de diversos tipos em seus países.

A perseguição aos muçulmanos, na condição de imigrantes, como cidadãos de segunda classe é uma das formas com que as classes dominantes capitalistas se utilizam para dividir e explorar mais ainda a classe trabalhadora. A intolerância religiosa, por sua vez, é mais um instrumento usado para evitar que os trabalhadores se unam de forma plena em oposição a seus exploradores, os donos das grandes empresas, fazendas e bancos.

Ao mesmo tempo em que somos solidários com as famílias das vítimas do Charlie Hebdo, repudiamos fortemente as movimentações da direita e a perseguição aos imigrantes e às minorias religiosas, na França e em todos os países. Conclamamos a todos que lutam por um mundo igualitário à união contra toda e qualquer discriminação religiosa, contra as perseguições aos imigrantes e contra todas as agressões imperialistas aos povos do planeta e chamamos à mobilização para o combate e a superação do capitalismo e da imensa desigualdade que esse sistema gera.

Partido Comunista Brasileiro

(Comissão Política Nacional)